cinquenta.

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Maraisa POV

No dia seguinte, trabalhei normalmente e ao final da tarde, segui com Maiara até casa, onde tomei um banho e me arrumei para o jantar. Coloquei uma saia preta, comprida abaixo dos joelhos, com uma racha de lado, grande, uma camisa vermelha, é um sobretudo pelo frio, nos pés uns sapatos pretos com salto fino. Fiz uma maquilhagem simples, com realce nos olhos e prendi o cabelo num rabo de cavalo simples.

Maiara: eita, gostosa - falou quando me viu entrar na sala - vais deixar a patroa de queixo no chão- deu uma risada

Maraisa: vamos? Quanto mais rápido o jantar começar, mais rápido acaba - sorri ignorando o seu comentário

Maiara: que pressa, vamos sim. O táxi está à nossa espera - sorriu

Entramos no elevador e quando chegamos à porta do prédio, vi Luísa e Lauana no carro.

Maraisa: pensei que íamos de táxi - sorri cumprimentado as duas

Luísa: serviço de táxi Sonza - deu uma risada - uma chamada especial para duas clientes especiais

Sentei com Maiara no banco de trás, e Luísa conduziu até casa de Marília, quando estávamos no portão da enorme garagem, Luísa fez uma chamada e pude ouvir a voz da minha loira.

Chamada on

Luísa: amorzinho, abre o portão para mim - pediu manhosa

Marília: não sei se mereces - deu uma risada

Luísa: trago uma encomenda especial para ti, por isso abre já esse portão - o portão abriu na hora

Marília: até já

Chamada off

Entramos no elevador, que já me era familiar, e subimos até casa de Marilia, no último andar.

Luisa: nervosa por conhecer a sogra?

Maraisa: para ser minha sogra eu precisava de namorar - respondi na hora e Luísa não respondeu, dando apenas uma risada

Quando chegamos, a porta do apartamento estava entreaberta e Luisa entrou sem avisar ou bater. Entrei por último, atrás de Maiara e Lauana, e fomos recebidas pela mãe de Marília, D Ruth que nos pediu que, ali, a tratássemos apenas por Ruth, por estarmos ali como amigas de Marília. Pude ver a loira, ao fundo da sala, perto da enorme janela, com um copo de whiskey na mão, conversando com o padrasto. Como sempre, estava linda, usava um vestido branco, colado ao seu maravilhoso corpo, deixando evidentes as suas curvas, nos pés uns sapatos vermelhos, e o cabelo loiro, totalmente liso.

Os nossos olhares encontraram-se e ela caminhou até perto de nós, cumprimentando todas, começando por Luísa que sussurrou algo no seu ouvido e fez sorrir, enquanto olhava para mim.

Marília: olá, Maraisa - falou enquanto me beijou o rosto.

Senti uma das suas mãos nas minhas costas, fazendo uma ligeira pressão que sabia bem.

Marília: estás linda, meu amor - sussurrou no meu ouvido ao abraçar-me

Maraisa: olá, Marília - retribui o sorriso

Estava decidida a não fraquejar perto dela, da mesma forma que não queria que ela sentisse o efeito que tinha em mim.

Luísa: vamos então jantar - sorriu - meninas, a tia é uma ótima cozinheira

Maiara: tenho a certeza que vai saber melhor que o aspeto que tem - falou simpática

Marília estava sentada na minha frente, e conseguia sentir o seu olhar sobre mim, muitas vezes, durante a refeição. Tentei não ligar. Maiara estava a dar-se muito bem com todos, como sempre, ela era a faladora de nós duas.

Ruth: e tu Maraisa? Trabalhas na empresa há muito tempo? - perguntou chamando a minha atenção

Maraisa: algum - sorri - ainda não completou 1 ano

Ruth: e não é cansativo, acumular dois empregos? - perguntou simpática

Maraisa: um pouco, não posso dizer que não- sorri para a mulher - mas é necessário

Ruth: e porque é necessário querida? - sorriu

Marília: mãe...

Ruth: desculpa querida - falou para mim - não quero ser intrusiva

Maraisa: não há problema - sorri - eu quero voltar a estudar e a forma de o conseguir é juntando dinheiro com os 2 trabalhos

Ruth: uma lutadora - sorriu para mim - pessoas com garra e que vão à luta são uma inspiração. Parabéns pela tua força

Maraisa: obrigada - sorri

Depois de jantar, sentamo-nos na sala de Marília, perto da grande janela, que nessa noite fria, nos mostrava um tempo tranquilo e sem chuva.

Maiara: Marília, posso usar a casa de banho? - a loira disse que sim - Mara, vens comigo?

Maraisa: sim claro - sorri - só precisamos de saber onde é

Marília: eu mostro-vos - disse enquanto se levantava do sofá

Encaminhou-nos até ao grande corredor, indicando a Maiara onde era a casa de banho. Fiz para entrar com a minha irmã, mas Marília prendeu-me o braço, puxando o meu corpo para junto do seu.

Marília: tenho tantas saudades tuas - abraçou-me e cheirou o meu pescoço - estás tão linda

Maraisa: agora não, Marília, não é o melhor sítio, pode aparecer alguém - tentei afastá-la

Marília: Isa...

Ouvimos Maiara sair da casa de banho e afastámo-nos.

Maiara: não precisam de se afastar por minha causa - riu

Maraisa: não é por tua causa, vamos embora?

Marília: já?

Maraisa: sim

Maiara: estamos com a Luísa no carro, irmã

Maraisa: fica tu, então, eu vou embora de táxi - falei

Marilia fintou-me confusa e triste, não queria deixá-la assim, mas toda a situação me estava a magoar demais.

Na sala, despedi-me de todos, e Luísa tentou convencer-me a ficar. Dei a desculpa de que precisava de descansar para o dia seguinte, e para aproveitar a folga do bar. Sai em direção à porta, e quando sai senti alguém puxar o meu braço.

Marília: fica, por favor, está a magoar-me ver-te assim

Maraisa: Marília, desculpa, mas eu não posso agir uma hora de uma forma e na outra, de uma forma diferente, nem mereço ser tratada assim. Quando estamos juntas, chamas-me amor, na frente da tua família, eu sou só a funcionária que virou amiga - falei calmamente - eu não quero encostar-te na parede, nem que faças algo que não queres. Mas eu preciso de ir, magoa-me muito a situação que está a acontecer. Eu preciso de ir. Já não aguento mais.

A loira não falou nada, e eu desci no elevador até à entrada do prédio, onde o táxi já me esperava. Entrei no carro e só aí me permiti chorar um pouco, as lágrimas que tinha presas na garganta há horas.

Cheguei a casa, apenas tomei um banho, e fui para a cama. Ali, no conforto dos lençóis, permiti-me chorar. A situação magoava-me demais, eu estava demasiado envolvida com Marília.

Senti o meu telemóvel vibrar várias vezes, mas optei por não ver o que era.

IntençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora