vinte e um.

1.2K 113 24
                                        

Maraisa POV

Entrei em casa, o relógio batia as 6 horas da manhã de sábado, depois uma conversa que nunca pensei ter com Marília Mendonça. Depois de a ver conversar descontraída, como quando estava com Luísa. Sentia-me bem, e a Marília que descobri fascinava-me de alguma forma.

Maiara: Maraisa - ouvi da sala o que me assustou - onde é que estiveste até esta hora?

Maraisa: credo, Maiara, que susto - respondi com o coração acelerado - estive no escritório

Maiara: no escritório? - a sua expressão era de dúvida

Maraisa: sim, no escritório, Mai - abracei-a - distraí-me com as horas, estava a preparar documentos para reuniões na segunda feira

Maiara: e não podias ter enviado mensagem, estava preocupada, além disso o teu telemóvel está desligado

Maraisa: desculpa, esqueci-me do carregador em casa

Maiara: e como é que vieste para casa? É tão tarde...

Maraisa: a-ah, chamei um táxi do escritório- sorri

Maiara: hm, está bem - olhou desconfiada - vai descansar, deves estar esgotada

Maraisa: te amo, metade

Maiara: te amo, bom descanso meu amor - beijou-me a testa e foi para o quarto

Segui até ao meu quarto, tomei um banho rápido e deitei-me, estava esgotada, mesmo. E não demorei a adormecer.

Acordei passado poucas horas, não estava habituada a dormir muito, ainda menos com o barulho da agitação na rua. A Maiara não estava em casa, e aproveitei para descansar mais um pouco, no sofá, fiz algo para comer e sentei-me à frente da tv, a ver uma série. Sem me aperceber, acabei por adormecer e só acordei quando a Maiara e o Gustavo chegaram a casa.

Maiara: irmã, acorda, vais ficar cheia de dores nas costas por não estares bem deitada - falou carinhosa

Maraisa: oh, estava a ver tv, adormeci sem dar conta - sorri esfregando os olhos.

Gustavo: ainda não almoçaste? - neguei com a cabeça - então eu vou fazer o nosso almoço - beijou Maiara e saiu em direção à cozinha

Maraisa: a coisa está a ficar séria - pisquei

Maiara: estamos a ir com calma - sorriu

Maraisa: sei - sorri - vou tomar um banho rápido para acordar, já volto

Passei o dia com Maiara e Gustavo, e ao final do dia, tomei novamente um banho e segui para o bar, trabalhar. Nessa noite, Gustavo estava de folga, mas prometeu ir buscar-me à hora de saída com Maiara.

Marília POV

Passei o dia de sábado com o pensamento na conversa que tive com Maraisa. Ela tinha passado por muita coisa, que tipo de país poderia ela ter, que a rejeitam pela sua sexualidade? Não entendo, como eles preferem perder duas filhas, neste caso porque Maiara não abandonou a irmã, do que aceitar simplesmente, não entendo. Mas admirava a força delas em começarem do zero, conseguirem ultrapassar todas as dificuldades, refazerem a vida delas e acima de tudo, serem felizes e manterem aquela alegria que as duas tinham.

A meio da tarde, aproveitei o tempo frio para vestir a roupa de desporto e ir correr junto ao mar. Corri por quase 2 horas, sempre em paralelo com o mar, e sentia-me revigorada quando entrei no carro, planeava tomar um banho relaxante, e entregar-me a uma boa garrafa de vinho, pela noite dentro.

Chamada on

Luísa: olá meu amor

Marília: oi Lu, como estás?

Luísa: bem, querida. Olha, queria mostrar o nosso barzinho à Day, vens connosco? Aceita, por favorzinho, a menos que tenhas planos... com uma certa morena

Marilia: não tenho planos com ninguém, Luísa, eu vou convosco, adoro segurar a vela - falei em aborrecimento

Luísa: ótimo, encontramo-nos lá depois de jantar

Chamada off

Parece que os meus planos já não iam acontecer, e parece que iria rever a pessoa que me andava a ocupar os pensamentos. Tomei o meu banho, na hidro, e vesti uma jeans coladas, uma camisola de manga comprida colada preta, uns ténis brancos, prendi o cabelo num rabo de cavalo, e fiz uma maquilhagem simples que apenas realçava os olhos. Gostei do que vi ao espelho. Desci à garagem, entrei no carro e deu partida em direção ao bar. No caminho, liguei a Luísa que já estava no bar com Day. Aquelas duas não se atrasam para beber, foram feitas para estar juntas, claramente.

Entrei, e corri o lugar com os olhos, aparentemente procurava Luísa, mas fiquei feliz quando vi Maraisa, atarefada no trabalho. Ela estava ao balcão, não me viu entrar, e fui até lá pedir uma bebida.

Marília: é possível que a senhorita me dê uma cerveja?

Maraisa: boa noite, com cert... - quando se virou e me encarou ficou parada - doutora, boa noite - engoliu em seco - eu já lhe levo à mesa - sorriu simpática e eu assenti, e fui até mesa

Seguimos a conversar e a brincar, e de quando em vez, procurava Maraisa, e em algumas vezes, encontrei o olhar dela em mim. Eu estava a gostar dela, começava a ter cada vez mais certeza disso. Mas tinha de aprender a lidar com isso.

Luísa e Day foram dançar, eu preferi ficar na mesma, desfrutando apenas.

Maraisa: deseja mais alguma coisa, doutora?

Marília: mais uma cerveja, por favor - ela confirmou e retirou-se - Maraisa... - chamei a sua atenção - pode trazer-me um snack daqueles que faz tão bem? - a mulher abriu um sorriso e foi em direção à cozinha

Gustavo hoje não estava por ali, mas estavam Henrique e Juliano, os amigos de quem Maraisa havia falado. Volta e meio eles conversavam com ela, e mantinham-se perto do balcão onde ela estava. Eram bastante protetores com ela.

Depois de algum tempo, Maraisa voltou à mesa onde estava.

Marília: Maraisa, desculpe intrometer-me na sua vida mas não vejo o Gustavo aqui hoje, tem companhia que a deixe em casa, em segurança?

Maraisa: hoje é a folga do Gustavo - sorriu - ele está com a Mai, disse-lhe para não me vir buscar. Mas não se preocupe, eu fico bem

Marília: claro que preocupo - ela levantou o olhar - eu posso deixá-la em casa, estou de carro

Maraisa: acho que já abusei de mais da sua boa vontade - sorriu fraco

Marília: sou eu que estou a oferecer, não é a Maraisa que me está a pedir nada

Maraisa: tudo bem, eu aceito a boleia - sorriu e voltou ao trabalho

Fiquei a observá-la a trabalhar, estava linda, umas calças jeans pretas, com alguns rasgões, um cropped preto, que mostrava parte da sua barriga chapada, o cabelo estava preso, mas desgrenhado, pela correria do trabalho, uma maquilhagem carregada nos olhos. Linda, mesmo!

IntençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora