catorze

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Marília POV

Nestas últimas duas semanas, Luísa já tinha ido embora e a minha rotina voltou ao normal. O caso do desfalque, em Londres, corria a nosso favor, e no dia seguinte seria o julgamento final. Amanhã de madrugada estaria no jato a caminho de Inglaterra, para assistir. Voltaria nessa noite, mesmo. O dia foi atarefado no trabalho, depois do nosso empenho e de várias estratégias em ação para recuperarmos o mais rápido possível o que nós tinha sido roubado, o trabalho era cada vez mais.

Viajaria sozinha, como sempre, César ficaria no meu lugar naquele dia. Sai do escritório tarde, e sem vontade de ir para casa, então decidi passar no barzinho onde tantas vezes tinha ido com Luísa, confesso que, inicialmente, não achei nada de especial, mas o ambiente era descontraído, e tirando o incidente com o ex namorado de Maiara, não acontecia nada além de danças, cantos e diversão. Não ia lá desde a última noite de Luísa em Lisboa, e então, decidi ir nessa noite. Estacionei perto da porta e entrei, cumprimentei Gustavo, sempre sorridente e afável.

Sentei-me ao fundo, como sempre, e esperei que Gustavo viesse servir-me. Não me lembrava a última vez que tinha comido algo, certamente, já tinha sido há muitas horas.

Gustavo: boa noite doutora, bem vinda - sorriu - o que vai desejar?

Marília: Vinha para beber algo, mas apercebi-me que estou com fome. Há possibilidade de comer alguma coisa?

Gustavo: claro, vou pedir à Maraisa que lhe prepare a nossa especialidade, vai gostar - assento com a cabeça e o moço afastou-se.

Trocava mensagens com Luísa, que viria a Portugal no final desta semana por conta do processo de Maiara. Quando chegou o meu pedido.

Maraisa: boa noite doutora - falou ao aproximar-se timidamente - espero que goste, alguma coisa que preciso é só chamar

Agradeci num aceno de cabeça e a morena retirou-se. Ela parecia intimidade com a minha presença, mas não da mesma forma que os funcionários da empresa ficavam. Dei de ombro e provei o prato que ela me serviu. Estava delicioso.

Gustavo: senhorita, gostou?

Marília: gostei sim, estava delicioso, parabéns ao cozinheiro.

Gustavo: darei os parabéns à Mara, foi ela quem fez - sorriu - mais uma caneca? - assenti com a cabeça e ele retirou-se

Passei ali algumas horas, e confesso que passei algum tempo a observar a Maraisa. Ela era simpática, e tinha uma alegria que contagiava, muitas vezes animava a sala, frequentemente dançava enquanto servia os clientes, atrás do balcão. De alguma forma, ela mexia comigo, só não sabia como, nem porquê.

Passado algum tempo, paguei a minha conta e sai, entrei no carro e iniciei a marcha em direção a casa. No dia seguinte, bem cedo, teria de estar no aeroporto para partir para Londres.

[em Londres]

Murilo: bem vinda a Londres, querida patroa - disse ao me ver entrar no tribunal

Marília: não sejas folgado, Murilo - arqueei uma sobrancelha - como estás?

Murilo: estou bem, doutora Mendonça - deu um sorriso brincalhão - no final do julgamento ficarei bem melhor

Entramos na sala de audiência e, como esperado, o homem que havia desfalcado a MendonçaArch foi condenado a devolver tudo o que roubou à empresa, bem como uma indeminização e alguns anos na prisão. Nada melhor. Almocei com Murilo e alguns responsáveis da sede em Londres e regressei a Lisboa. Nessa noite, sentia-me bem disposta, tínhamos conseguido resolver um grande problema da empresa e isso deixava-me satisfeita.

Ao sair do aeroporto, liguei a Luísa, que havia chegado nessa tarde a Lisboa. Era sexta-feira e, como de costume, havia muita gente na rua, entre restaurantes, bares e festas, havia muito movimento na cidade. Luísa passaria o fim de semana em Lisboa, e regressaria a Paris na terça de manhã, depois da audiência do caso de Maiara.

Liguei a Luísa, convidando-a para jantar.

Chamada on

Luísa: boa noite querida

Marília: olá Lu. Que me dizes de jantarmos? Acabei de chegar a Lisboa, estou a sair do aeroporto

Luísa: aceito, mas ainda estou a trabalhar com a Maiara, estamos a ultimar as coisas

Marília: pode ficar para outro dia, não há problema

Luísa: apanha-me no hotel, dentro de 1 hora, pode ser? E não reserves restaurante, já sei onde vamos comer

Marília: combinado. Até já

Chamada off

Aproveitei para ir a casa tomar banho e trocar de roupa, estava cansada mas queria ver Luísa. Passado exatamente 1 hora, cheguei ao hotel e liguei a Luísa, que apareceu com Maiara.

Luísa: Oi Lila - sorriu - peço desculpa, boa noite doutora Mendonça - deu uma risada anasalada

Marília: boa noite Lu, boa noite Maiara - cumprimentei

Luísa: Lila, podemos dar boleia à Maiara e deixamo-la em casa?

Maiara: doutora eu não quero incomodar - sorriu envergonhada

Luísa: não incomoda nada. Esqueça que é ela que está a conduzir e pense que sou eu que lhe dou a boleia - riu

Marília: eu levo-a a casa Maiara, entre, quero que chegue em segurança

Elas entraram as duas no carro, com Maiara a sentar-se no banco de trás, ficando em silêncio. Luísa contava-me os pormenores que tinham estado a falar para a audiência de segunda e era notório o nervosismo da ruiva.

Marília: está tudo bem Maiara?

Maiara: sim, tudo doutora

Luísa: não fique nervosa Maiara, vai correr tudo bem - sorriu

Marília: tem a melhor advogada do seu lado, vai correr tudo bem - ela assentiu com um sorriso e eu sorri de lado.

Luísa: e se fôssemos jantar ao bar? - sorriu e olhou de canto para mim - aposto que os snacks lá são bons

Marília: sim, vamos - olhei pelo retrovisor - Maiara, sempre quer que a deixe em casa?

Luísa: aposto que a Maiara quer ir ao bar connosco ver o Gustav...  a irmã, digo - deu uma risada e pelo espelho vi Maiara a sorrir de canto

Maiara: se não for muito incómodo, eu vou até ao bar, sim - disse envergonhada

Marília: não é incómodo nenhum - sorri e concentrei-me na estrada, enquanto Luísa falava sem parar, como sempre.

IntençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora