sessenta e três.

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Marília POV

Marília: vai ficar tudo bem, pequena - beijei a sua cabeça que estava enterrada nos joelhos

A morena chorou e soluçou compulsivamente durante mais de 1 hora. Ela não conseguia falar e eu não disse nada, fiquei apenas do seu lado.

Depois de mais de 1 hora, o choro acalmou, e Maraisa adormeceu no meu ombro, vencida pelo cansaço. Tinha os olhos e a cara inchada, estava muito vermelha. Levantei-a e levei-a até ao quarto dela, ao colo. Deixei-a na cama, e quando ia para me levantar, ela aconchegou-se no meu peito. Não tive coragem de sair dali e fiquei a vê-la dormir, e a aconchegar-lhe os cabelos.

Perdi a noção de quanto tempo estive ali, mas depois de algumas horas, senti Maraisa mexer-se em cima do meu peito.

Maraisa: Lila...

Marília: estou aqui - falei carinhosamente - como te sentes?

Maraisa: dói-me a cabeça - falou com as mãos à frente dos olhos

Sai onde à casa de banho, peguei num comprimido e deu-lhe para tomar

Maraisa: obrigada - sorriu - que horas são?

Marília: já passa bem da hora de almoço - sorri - tens fome?

Maraisa: um pouco - falou - queres fazer-me companhia e ir comer um hambúrguer? - eu concordei - então vou só tomar um banho rápido

Deixei-a no quarto e segui até ao quarto que tinha sido de Maiara, tomei um banho e voltei a  vestir a roupa do dia anterior. Maraisa bateu na porta do quarto.

Maraisa: pronta? - sorriu ao entrar, o seu olhar era triste

Marília: sim, vamos - falei saindo do quarto atrás dela

Descemos, e caminhamos até à roulotte dos hambúrgueres. Era num pequeno parque perto de casa da morena, onde não havia muita gente pelo frio que se começava a instalar.

Maraisa: obrigada - sorriu

Marília: de quê?

Maraisa: pela companhia, e por me teres defendido à frente da Almira - falou sincera com um sorriso de canto - ela agora acha que namoramos

Marília: o que menos me importa é o que ela pensa de mim, sinceramente - falei séria - e para mim não é um problema, se alguém pensar que namoramos

Maraisa: és uma mulher forte - sorriu de canto - e eu não tenho ninguém

Aquela informação deixou-me feliz, de alguma forma eu sentia que a nossa aproximação podia ser boa e podia ser a minha hipótese de conquistar a Maraisa de novo.

Depois de comermos, demos um passeio a pé pelo parque. Sentia-me bem na companhia dela e ela na minha, pelo que parecia.

Passamos o resto do dia juntas, a passear por Lisboa, e Maraisa parecia estar melhor, pelo menos mais distraída.

Maraisa: bem, acho que já atrapalhei a tua vida o suficiente - sorriu

Marília: Isa, tu nunca atrapalhas - falei olhando nos seus olhos

Maraisa: nós, praticamente ha 1 ano que não falamos, acabamos com uma grande discussão, e de repente tu ficas 1 dia comigo, não tenho o direito a fazer isso - falou calmamente - acredito que terás alguém à tua espera, e eu só estou a atrapalhar

Marília: a única pessoa que eu quero ter à minha espera, está à minha frente - fiz um carinho no seu rosto - não há ninguém na minha vida, o meu corpo e o meu coração são teus, Maraisa Pereira, mesmo que tu já não os queiras, eles vão ser sempre teus

Maraisa: Marília, nós magoámo-nos muito - falou olhando no fundo dos meus olhos

Marília: eu magoei-te, a idiota fui eu que estraguei o que tínhamos por não entender a mulher maravilhosa que tinha ao meu lado - sorri fraco - a idiota fui eu, a única coisa que me magoou de ti, foi a distância, mas tu tens toda a razão - ela não disse nada, acho que não encontrava palavras - não quero que duvides nunca que eu te amo, que o meu coração é teu, e o meu amor és tu. Não quero que penses que há alguém, porque não há ninguém, só tu. Os olhos que eu amo são os teus, o sorriso que me desarma é o teu

Maraisa eliminou a pouca distância que havia entre as nossas bocas e os nossos lábios tocaram-se. Respondi ao seu beijo e pedi passagem com a minha língua, ela cedeu e pude sentir o seu gosto novamente, a minha língua a dela e a explorar a sua boca. Terminamos o beijo com vários selinhos.

Marília: se isto é um sonho, eu só peço que ninguém me acorde - falei com um sorriso na cara

Maraisa: vem cá, eu mostro-te que não estás a sonhar - voltou a colar a sua boca minha num beijo longo e de saudade

Fomos interrompidas pelo meu telemóvel.

Chamada on

Luísa: então bonita, onde andas? Não sei nada de ti desde ontem

Marília: eu vim dar um passeio, está tudo bem - falei

Luísa: tens a certeza? A tua voz está diferente

Marília: está tudo bem, sim, não te preocupes

Luísa: sabes alguma coisa da Mara?

Marília: não, nada

Luísa: vou ligar-lhe, beijo

Marília: beijo

Chamada off

Marília: ela vai ligar-te - rimos porque assim que terminei a frase, tocou o telemóvel de Maraisa

Luísa estava preocupada com ela. Maraisa descansou-a que estava tudo bem, e para não se preocupar.

Maraisa: ela vai ficar passada quando souber - riu - e agora?

Marília: agora?

Maraisa: sim, nós... - sorriu fraco

Marília: eu sei que estás magoada comigo, deixa-me reconquistar-te - pedi - aceitas? Sem pressa e pressão, ninguém precisa de saber

Maraisa: acho que a senhorita merece uma segunda oportunidade, sim - beijou-me e eu ri

Caminhamos até casa de mãos dadas, e eu sentia-me feliz, como não sentia há muito tempo.

Maraisa: queres dormir aqui? - perguntou já em sua casa

Marília: é uma proposta tentadora - sorri abraçando-a pela cintura - não quero apressar nada

Maraisa: dormir, Marília, dormir - deu uma risada

Marília: sim, eu sei, mas eu não quero apressar nada - sorri - queres que eu fique?

Maraisa: quero - fez biquinho

Marília: então eu fico - e beijei-a de forma calma

Tinha demasiadas saudades da minha morena.

Jantamos, e voltei a vestir a camisola que tinha usado na noite anterior. Depois de vermos um filme, fomos para a cama. Maraisa aninhou-se nos meus braços, em conchinha, e eu não podia estar mais feliz pela hipótese de a reconquistar.

IntençãoOnde histórias criam vida. Descubra agora