Emoções

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– Victor? - Eu pulo do sofá e percebo que Sam faz o mesmo.

– Por que está tão frio aqui? - Sua pergunta me faz pensar se ele só se importa com isso mesmo. Ou talvez ele não tenha visto nada. Que pena.

– O aquecedor está quebrado, chefe.

– Então por que você não está consertando?

– A empresa de aquecimento mais próxima fica a oitenta quilômetros de distância, e eles não podem trazer ninguém aqui até amanhã.

Victor revira os olhos com a resposta de Sam e joga sua pasta na mesa da cozinha. Ele só reconhece minha presença acenando em minha direção. Eu e Sam nos olhamos e é óbvio que nenhum de nós sabe o que o Victor está fazendo aqui.

– Você tem alguma novidade sobre quem está ameaçando ela? - Victor só balança a cabeça.

– A polícia é inútil.

– Então...eu ainda estou correndo perigo?

– Bom, talvez não tanto quanto antes, agora que te declararam morta com sucesso.

– Pois é, o que acha de conversar sobre isso? Por que eu fui declarada morta?!

– Porque ninguém vai atrás de pessoas mortas, Annie. Não é óbvio?

– Então foi ideia sua?

– Claro que não. A polícia queria fingir a sua morte. Demorou uns dias, mas encontraram uma drogada sem identificação e sem amigos ou família e depois usaram ela para fingir a sua morte. Colocaram seu anel no dedo dela, largaram ela na nossa rua e atearam fogo no corpo.

Eu tremo e dou um passo para trás, esbarrando em Sam. Eu quase tinha me esquecido que ele estava junto até que seus braços agarraram os meus ombros para me firmar.

– Mas isso é...- Victor me interrompe

– Não fique tão surpresa. Pelo menos funcionou, não? Não recebo uma única ameaça faz cinco dias.

Não posso deixar de me sentir esperançosa com as palavras dele.

– Isso significa que eu posso ir para casa? - Minha pergunta faz os olhos do Victor se endurecerem.

– Não até depois da eleição.

– O que? Por que tanto tempo? É sério que você vai deixar as pessoas pensarem que eu estou morta por mais duas semanas?

– Sim.

– Você não poderia ao menos contar pra Hannah e minha família que eu estou bem?

– E por que eu faria isso?

– Tá falando sério mesmo?! Eles acham que eu estou MORTA! Provavelmente estão arrasados. Eles... - Paro quando escuto meu marido gritar.

– CHEGA! Corta essa para cima de mim, Annie. Sua família não quer nada com você, ou já se esqueceu disso? Eles te odeiam, e você odeia eles. Eles não se importam se você está viva ou morta.

– Quem você pensa que é?

– Você sabe que é verdade. Eu sou o único aqui que se importa com você. Eu inclusive vim até aqui porque estava preocupado com você. Porque eu queria explicar o porquê de fazer o que fiz. Eu estava com tanto medo que você fosse fugir e estragar o disfarce, que assumi o risco de alguém me seguir até aqui. Meus homens vasculharam a área para garantir que isso não acontecesse, é claro.

– O Sam tem estudado a área esse tempo todo e não encontrou nada de suspeito. - Eu zombo dele.

– Eu aprendi há muito tempo que, se você quiser algo bem feito, tem que fazer você mesmo. Um nunca é suficiente. Enfim, quero mudar você de lugar de novo daqui a dois dias.

Meu guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora