Reencontro

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A Hannah sorri e me atira as chaves do carro. Pego as chaves e jogo meus braços em volta dos ombros dela.

– Obrigada!

– Para de me agradecer e coloca essa bundinha fofa no carro! Seu homem está te esperando!

Sem perder mais um segundo, calço os sapatos e saio correndo pela porta.

– Eu sou a esposa dele! Por favor, você tem que me deixar entrar! - Eu digo firmemente para a enfermeira que me barra assim que tento entrar no quarto dele. - Me falaram que ele acordou!

A mulher acena com a cabeça hesitante e me permite passar. Assim que entro no quarto, vejo o rosto vazio de Sam olhando cautelosamente em minha direção. Ele não reage quando eu vou correndo em sua direção, nem demonstra que me conhece. Seu rosto sereno é uma visão bem-vinda, principalmente porque eu o conheço muito bem.

– Ei. - Eu o chamo sorrindo e ele estreita os olhos. - Fiquei sabendo que você acordou.

Ainda assim, nenhuma reação. Sem jeito, balanço em meus saltos, sem saber o que fazer.

– Como você está se sentindo? - Eu pergunto esperando qualquer resposta dele. Sem nenhum aviso, sua mão se levanta para me agarrar pela cintura e ele me puxa para cima dele. Eu suspiro, com minhas pernas montando nele na cama. - Sam, você está machucado!

– Vou sobreviver. - Sam olha profundamente nos meus olhos e vejo o menor dos sorrisos suavizando seu rosto. - Sentiu minha falta?

Meus olhos começam a lacrimejar.

– Muito. - Inclino meus lábios até que pressionem os dele. Ele é rápido na resposta.

A boca do Sam se move contra a minha, enviando arrepios de necessidade e desejo que me enchem de tesão. Eu me afasto um pouco, com medo de machucá-lo.

– Você está bem? Ele não te machucou, né? Eu fiquei com tanto medo que ele te encontrasse.

– Não, ele não me machucou. Ele nem sabia que eu estava lá.

– O que aconteceu depois que eu levei um tiro?

A lembrança dolorosa me faz olhar para o seu peito enfaixado. Logo depois do curativo, há uma grande marca em preto e azul colorindo suas costelas. Eu passo meus dedos sobre ela gentilmente.

– Ele te chutou. Bem forte. - A expressão do Sam fica rígida mas me forço a continuar. - E ele zombou de você o tempo todo. Eu tive que me segurar pra não pular e atirar nele eu mesma. Eu nem sei quem era aquele homem, porque com certeza não era o homem com quem eu passei todos esses anos.

Sam estende a mão e coloca uma mecha solta do meu cabelo atrás da orelha.

– Ele vai sumir por um bom tempo pelo que fez. Tentativa de homicidio é um crime sério. Nenhum juiz vai deixar ele escapar por isso.

A incerteza me atinge quando lembro do lenço da sua assistente, mas antes que eu possa contar ao Sam, alguém bate na porta.

– Desculpa interromper, mas preciso da Annie.

– Hannah? - Eu pergunto surpresa.

– Está tudo bem? - Sam pergunta revezando o olhar entre mim e Hannah. O olhar no rosto da Hannah diz tudo, menos que está tudo bem. Com cuidado, o Sam me ajuda a descer da cama até eu ficar ao lado dele. Ele beija a minha mão. - Vai lá! Não vou a lugar nenhum tão cedo, então você sabe onde me encontrar.

Suspiro e rapidamente sigo a Hannah para fora do quarto.

– O que foi? - Eu pergunto assim que saímos do quarto de Sam.

– Aqui não. - Os olhos delas vasculham os corredores enquanto caminhamos para o carro.

– Como você chegou aqui?

– De uber.

Quando entramos no carro da Hannah, ela acelerou e saímos correndo do estacionamento. Voltamos para casa, a Hannah fica andando de um lado para o outro na sala. Depois de vê-la passando por mim pela quinta vez, finalmente estendo a mão e a paro. Ela se vira para mim com um olhar preocupado.

– O que foi?

Ela respira fundo, como se não tivesse certeza de por onde começar.

– É o Victor.

Meu coração dispara.

– O que ele fez?

– Aquele escroto esperto conseguiu se safar desta.

– Não me diga que...- As palavras não conseguem sair pela minha garganta, tamanha indignação e nojo.

– A assistente do Victor, Lana Park, acaba de ser presa por tentativa de homicídio.

– Ela foi presa? E o Victor? Cadê ele?

– Não faço ideia.

– Mas como você descobriu isso? - Ela finge que não ouviu a minha pergunta e se dirige para a porta. - Ei, espera aí! Aonde você vai?

– Eu já volto, tá?

– Por que você está sendo tão enigmática?

Ela se vira para mim, visivelmente irritada.

– Você é persistente, né?

– Eu só quero saber o que está acontecendo, Hannah. você está agindo estranho.

Ela suspira.

– Eu não queria te contar porque é muito recente e você está passando por tanta coisa, mas...Eu conheci uma pessoa.

Eu a encaro, chocada.

– Tipo, namorando alguém?

Ela me dá um sorriso tenso.

– Como eu disse, a gente se conheceu faz pouco tempo. Você está chateada?

– Chateada? Tá brincando? Fico tão feliz por você!

– Pode não dar em nada...- Ela disse meio insegura e envergonhada.

– Eu entendo! Então...me conta mais?

Hannah ri.

– Ele trabalha na polícia. Foi assim que eu descobri sobre a prisão.

– Ah, agora faz sentido!

Ela sorri, mas logo seu rosto endurece.

– Eu preciso fazer algumas coisas. Não saia, Annie, entendeu? Senão eu volto e assombro você até o dia que você morrer.

– Eu prometo.

– Boa garota. - Com um olhar final de despedida, ela sai de casa.

Não consigo parar de pensar no que aconteceu alguns dias atrás, na minha cidade natal. Um dia antes de irmos ao parque de diversões, nós fomos comprar algumas roupas mais discretas em uma boutique...e praticamos o que deve ter sido o melhor sexo da minha vida.

Meu guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora