Pistas

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Enquanto estou deitada na cama, uma hora depois, com a respiração calma do Sam sendo o único som no quarto, penso na conversa do almoço. Meus pais acham que dinheiro e conexões podem resolver o meu problema, mas se esse homem me encontrou na cabana e tentou nos matar em vez de me fazer refém, não acho que uma identidade falsa vá impedi-lo.

Eu franzo a testa para mim mesma. Deve haver algo que eu não estou enxergando. Uma pista ou peça que poderia encaixar tudo. E se alguém tiver uma pista, esse alguém é o Victor. Eu devia ir para casa. Ficar aqui é inútil. O único problema é que o Sam nunca vai concordar com isso.

À medida que a minha determinação aumenta, percebo o que tenho que fazer. Eu me recuso a ficar aqui e arriscar as nossas vidas de novo.

Eu cuidadosamente saio da cama e me arrasto até o guarda-roupa. Deslizando num moletom e casaco encapuzado, fui até a porta e virei a maçaneta silenciosamente. Quando estou prestes a abrir a porta, uma voz familiar me faz congelar em pânico.

– Onde você pensa que vai?

Lentamente, eu me viro e encontro o Sam parado logo atrás de mim. Seus braços estão cruzados e seu olhar é tão fixo que está queimando um buraco na minha pele. Cogito mentir, mas não faz sentido fazer isso. Eu suspiro e largo a maçaneta..

– Olha, eu não posso simplesmente ficar sentada sem fazer nada. Podem existir pistas que a gente não conhece, pistas que o Victor não nos contou. Acho que seria uma boa procurar no escritório dele em casa.

– Então, esse era o seu plano? Você ia voltar? Sozinha?

– Eu preciso!

– Você tá maluca?

– Não!

– Olha, meus pais tinham razão. Eu preciso ter um plano. Não posso passar o resto da minha vida fugindo ou me escondendo e o único jeito de isso acontecer é se a gente descobrir quem está por trás de tudo.

Sam me olha da cabeça aos pés e coça a nuca.

– Você ia fazer o que? Espionar?

– Talvez.

– E se você fosse reconhecida? E como você chegaria lá?

– Eu pegaria um ônibus.

– Um ônibus. - Ele repete como se não acreditasse no que eu estava dizendo.

– Olha, você não precisa concordar comigo, mas não vai me impedir. Sou adulta e posso tomar minhas próprias decisões.

– Então aja como uma.

– Oi?

– Em vez de sair de fininho pelas minhas costas, me fala o que está acontecendo. Em vez de tentar tudo sozinha, deixa eu te ajudar e proteger. Caso você tenha esquecido, faz parte do meu TRABALHO fazer isso.

– Olha, desculpa, tá?

– Não, não está bem. Por que você não me contou?

– Porque pensei que você ia me impedir...e está na cara que eu estava certa! Mas você não enxerga porque tenho que voltar lá, Sam? Estamos deixando algo escapar e nunca vamos descobrir nos escondendo. - Sam solta um suspiro frustrado, depois vira as costas para mim. Ele caminha até o guarda-roupa e pega as nossas malas. - O que voce está fazendo?

– O que parece que estou fazendo? Estou fazendo as malas.

– Fazendo as nossas malas?

– Não dá para deixar tudo para trás. Vamos precisar de umas roupas e mantimentos.

Meu guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora