Meu guarda-costas

A cabana

-- Para onde você pretende me mandar? - Perguntei já sem paciência - Que tal aumentar a segurança ou usar as câmeras da casa para tentar localizar o atirador?

Ele revira os olhos e começa a mexer no celular.

-- Deixe a investigação para os homens...Eu estou cuidando disso e tudo vai acabar antes que perceba. Mas de qualquer forma, aqui você não fica!

Se eu não o conhecesse bem, até poderia dizer que ele estava apenas sendo muito cauteloso, mas esse não era o caso...

-- Admite de uma vez, Victor! Você quer que eu suma da sua vida para poder comer sua secretária em paz...

-- Deixa de ser ridícula, motéis servem para isso... - É incrível como ele nem tenta negar mais, que romântico!

-- Por favor, não faça... - Sou interrompida antes mesmo de tentar implorar.

-- Já está tudo combinado, arrume suas malas - Ele ordena e caminha para fora do quarto. Corro para impedi-lo e seguro seu braço.

-- Me diga ao menos para onde vou.

-- Não posso confiar esse tipo de informação a você, capaz de tagarelar por aí. Eu e o Sr.Garcia somente saberemos a localização. E você ficará sem nenhum contato além de nós dois. Entendido?

-- Você se refere a minha família? Minha amiga? - Não é possível, pensei que não tinha como ficar pior.

-- Esteja pronta amanhã! - Ele se solta do meu aperto e desce as escadas para fora de casa.

Só precisei olhar uma vez para sua cara para saber que ele não mudaria de ideia. E engolir isso seria uma tarefa difícil.

Na manhã seguinte, enquanto arrumava as últimas coisas antes de sair, parei e olhei para meu quarto. Tinha a leve sensação de que não voltaria mais para aquela casa. Era como uma despedida e isso me assustava.

Uma sombra se revela pelo reflexo na janela e percebo a presença de Sam. Depois que ele havia me salvado, não consigo mensurar a gratidão que sinto por ele. Pelo menos sei que onde quer que eu vá, não estarei sozinha.

Sam bateu na porta de forma a anunciar sua chegada mesmo que já soubesse que havia o visto. Usava uma camisa social verde, cor que realmente lhe caía muito bem e uma calça jeans preta. Elegante dos pés à cabeça.

-- Bom dia! - Exclamo iniciando a conversa.

-- Bom dia Sra. Mazza. Você está pronta para...- Ele para de falar de repente quando me viro para encará-lo completamente como se tivesse se perdido nas palavras. Admito que gostei da reação que eu causei nele. - Parece que já está muito pronta.

Eu entendi bem o que acabou de acontecer? O Sr. Sério acabou de me elogiar? Vou me divertir com ele. Annie, se recomponha, você está em perigo e não de férias.

-- Pareço? Estou sofrendo para escolher uma roupa já que não faço ideia de onde vamos. - Tento novamente saber qual o destino

-- Essa está boa. - É óbvio que ele não cai na minha. Mas quero provocá-lo...

-- Só boa?

Ele hesita por um instante e parece pensar em que palavras usar.

-- Funcional. - Que adjetivo peculiar para uma calça legging e um top de ginástica. Ele me dá um aceno e começa a sair do quarto.

-- Acredito que isso seja melhor que boa né? - Resmungo para mim mesma e escuto uma leve risada vindo do corredor.

Após longas dez horas de estrada e mais alguns minutos de trilha em mata fechada, chegamos em uma pequena cabana no meio do nada, literalmente.