Angústia

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Eu assisto horrorizada enquanto o Sam cai no chão.

– Inútil, isso é o que você é. - Victor diz com a voz fria como gelo.

Eu o vejo ir até onde Sam está deitado e o chutar de lado. Sam geme e eu mordo meu lábio para não gritar. Espero escutar os passos do Victor pelas escadas para me mexer e correr até o Sam, mas ele me impede quando percebe o que eu estou fazendo.

– Não se mexa. - Sua voz sai tensa e fraca, tão diferente dele.

– Não posso simplesmente te deixar ai. - Minha voz sai como um sussurro, segurando as lágrimas.

– Annie, nem pensa em se mover um centímetro desse sofá.

Eu fico imobilizada, observando a cor se evaporar das suas bochechas. Ele me olha até que as pálpebras começaram a cair. Segundos depois, os passos do Victor descem as escadas enquanto ele caminha até Sam.

– Agradeço tudo o que você fez por mim, Garcia. Você foi fundamental em tudo isso. - Ele diz sorrindo. - Eu não ia conseguir sem você.

Victor se abaixa com o lenço esquecido da sua assistente nas mãos. Ele mergulha cuidadosamente o lenço no sangue de Sam até que fique encharcado. Eu quase engasgo com um soluço quando vejo o peito do Sam mal se movendo para cima e para baixo. Sua respiração forçada pode ser ouvida ecoando por toda a sala, e isso parece fazer o Victor sorrir mais.

– Obrigado pelo seu serviço. Quase sinto pena de ter terminado assim.

Victor coloca o lenço na mão estendida do Sam e depois se endireita e se dirige até a porta da frente. Assim que ouço a porta se fechar atrás dele, corro até Sam. Com lágrimas ocultando a minha visão, eu tento desesperadamente acordá-lo.

– Sam! Sam, por favor! Acorda! - Eu chacoalho seus ombros enquanto o chamo. - Eu preciso de você! Sam, eu não posso te perder! Por favor, levanta!

Manchas de sangue se espalham em minha roupa quando pego sua cabeça e coloco no meu colo. Sua respiração rouca é o único indicador de que ele ainda está vivo. Eu coloco a mão no seu bolso para pegar seu celular e já disco 9-1-1.

– Olá, 9-1-1, qual sua emergência? -

– Preciso de uma ambulância...- Um soluço se espalha pelo meu corpo quando tento descrever a cena. - Teve um disparo de arma.

A operadora fica ao telefone comigo enquanto esperamos que os paramédicos cheguem a casa. Ela me faz perguntas sobre onde o Sam foi baleado, se há alguma arma em casa e me instrui sobre como diminuir o sangramento.

Quatro minutos depois, ouço as sirenes. A porta se abre e quatro pessoas de uniforme médico entram na sala.

– Por favor, ajudem ele!

Eles fazem um rápido trabalho de curativo no ferimento de bala e o levantam em uma maca. Enquanto o colocam na ambulância, eu também entro segurando a mão gelada de Sam na minha.

A corrida até o hospital é um completo borrão. Me fizeram inúmeras perguntas e tive que preencher um depoimento como testemunha. Apenas a família tem permissão para ouvir novidades sobre a condição de Sam. Felizmente, ainda tenho o documento de identidade que o Sam me deu no bolso, então posso me passar facilmente pela esposa dele por enquanto.

A polícia anota o meu depoimento e eu recebo uma muda de roupas limpas de hospital para vestir. Quando olho para o relógio, quase três horas se passaram desde que chegamos ao hospital e ainda não pude vê-lo.

– Annie...- Escuto a voz de Hannah. Coincidentemente, tudo ocorreu no turno dela.

– O que foi? Ele tá bem? Já faz horas!

Meu guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora