Epílogo - Parte 4

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– A culpa é minha. - Ele diz desolado.

– Não...

– Eu mudei de turno. Se eu estivesse lá...

– Pode parar, Sam. Não é sua culpa. Você não estava lá.

– Mas eu deveria estar.

– Você não tinha como imaginar que algo assim aconteceria. Portanto, para de se culpar.

Sam engole o nó da garganta.

– Eu tenho que ir. Eu tenho que ver o que aconteceu.

– Claro...Dirija com cuidado, ok?

Sam afirma que sim e sai apressadamente. Eu fico olhando para a porta depois que ele sai, sem saber o que fazer. Isso tudo aconteceu do nada. Um segundo atrás, estávamos rindo e nos beijando depois de um dos encontros mais românticos de toda a minha vida, e agora...Só espero que o trabalho de Sam não esteja em jogo.

Penso na conversa que tive com Vanessa sobre os roubos. Mas também penso em Daniel. Foi ele quem deu ingressos da ópera ao Sam. Sinto uma pontada de culpa por pensar o pior dele. Ele provavelmente está dormindo no quarto, totalmente alheio ao que aconteceu.

Então, ouço alguém na porta da frente. Sam já voltou? Mas não é Sam que entra, é Daniel.

– Daniel? Eu não sabia que você tinha saído.

– Ah! Annie. - Sua cara de surpresa me dá a impressão que ele esconde alguma coisa.

Ele está carregando uma sacola. Eu fico olhando para ela. Ele não faria isso...faria? Um homem armaria para o próprio irmão para cometer um crime? Eu olho ainda mais para a sacola. Poderia ser alguma das obras de arte roubadas? É grande o suficiente.

Daniel me vê olhando e coloca a sacola atrás dele, constrangido.

– Se divertiu fazendo compras? - Eu o questiono.

– Ah, sim. Muito.

– Eu não sabia que as lojas ficavam abertas até tão tarde.

– Tarde? Ainda é meia-noite. A Best Buy fica aberta até às onze. Horário de final do ano. - A sacola não é da Best Buy. Ele vê a pergunta em meus olhos, mas decide ignorá-la. - Desculpe, Annie, adoraria conversar mais, mas...quem sabe amanhã? Estou tão cansado.

Eu o olho e me sinto impotente, enquanto ele simplesmente abre um sorriso rápido e passa por mim. Ele ainda está tentando proteger a sacola com o corpo enquanto caminha. Penso em insistir no questionário, mas meu celular toca.

Era Sam dizendo que o bandido havia escapado mas que nada tinha sido roubado. O que era estranho. Eu olho para a porta fechada de Daniel confusa e culpada por julgá-lo novamente.

No dia seguinte, assim que tomo meu café, envio uma mensagem para Hannah perguntando se posso ir até a casa dela. Não é nenhuma surpresa ela dizer sim, mas me sinto contente de qualquer maneira. Com toda a loucura do casamento, nossa amizade tem ficado de lado ultimamente.

– Annie! Entre. Nossa, tem tanta coisa que precisamos conversar.

Meu coração aperta. A loucura do casamento ataca novamente.

– Uhm, Hannah, eu... - Eu tento controlá-la mas não adianta.

– O confeiteiro ligou. O recheio de creme de framboesa está proibido porque tem uma crise de salmonella rolando ou algo assim. E você sabia que Cecília não quer que os crisântemos nos centros de mesa? "Ah Hannah, Crisântemos? Sério? São flores de defunto" - Tenho que admitir, ela faz uma imitação bastante fiel a voz afetada da minha mãe. - Ah, o pessoal das cadeiras ligou...

Meu guarda-costasOnde histórias criam vida. Descubra agora