Dezesseis

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  As luzes saltam das minhas mãos fazendo cócegas. Sorrio, achando bonito. Quando levanto os olhos vejo Jong Wook sorrindo também. Ele me mostra a sua palma, que contém o mesmo fenômeno. É lindo... que bom que somos iguais. Volto a olhar para ele e me surpreendo ao me deparar com uma expressão dura e cruel. O que houve? Coloco a mão sob a lateral do seu rosto, preocupada. Mas de repente ele segura meu ombro e me empurra para trás, no mesmo instante em que levanta a outra mão, apontando a palma brilhante para mim.

  — Jong Wook?! — arfo, desesperada.

  Ele não responde, e antes que eu consiga falar novamente, a luz explode bem na minha cara.

  — Não! — grito, sentando de uma vez.

  Olho a sala a minha volta, a respiração instável. Após alguns segundos consigo me acalmar, então me dou conta de que estou no sofá da enorme sala do futuro, e não estou sozinha. Jong Wook ainda está no chão ao meu lado, os braços apoiados no sofá e a cabeça deitada entre eles. Ele adormeceu assim. Observo seu rosto, ainda perturbada com o sonho. Está tudo bem, este me ama. Estendo a mão para afastar algumas mechas do seu cabelo da testa e assim vê-lo melhor. Sua expressão é serena e noto um biquinho sutil nos lábios imóveis. Ele é bem fofo dormindo. Sorrio, enquanto continuo o gesto.

  De repente escuto um barulho e olho em direção a cozinha. A parede é de vidro, então consigo ver a figura do outro Jong Wook através dela. Ele está aqui! Sinto um frio na barriga ao me lembrar de que esta é sua casa. Eu sou a intrusa aqui. Mas ele não olha para mim, parece estar concentrado no que está fazendo, então resolvo ignorá-lo também. Volto a observar o homem a minha frente, mas aquela sensação estranha de quando vi os dois juntos reaparece. Eles são a mesma pessoa, mas... diferentes. Não sei explicar.

  — Hor...

  Olho para frente e me surpreendo ao ver o outro Jong Wook se sentar em uma poltrona próxima. Ele balança a cabeça em negação, enquanto analisa o seu "eu" do futuro.

  — Que lamentável — continua.

  Sinto minha veia pulsar de raiva.

  — Você não é o único que lamenta algo — replico.

  Ele segura uma xícara na mão e toma algo nela antes de responder.

  — Isso é loucura — diz por fim, sério.

  Fecho a cara e volto a admirar o rosto a minha frente. Mas com o canto do olho vejo o Jong Wook idiota se levantar e vir até nós. Penso que ele vai "se insultar" de novo, mas ao em vez disso acerta o pé no ombro do outro, fazendo-o escorregar e cair no chão.

  — Ia! — grito, lançando-lhe um olhar cortante.

  Imediatamente vou até o homem no chão, assustada por ele ainda dormir.

  — Jong Wook? Jong Wook! — chamo, cada vez mais preocupada. Então olho para o outro desesperada. — Por que ele não acorda?!

  Ele dá de ombros, com o objetivo de me irritar. Continuo tentando acordar Jong Wook, o chacoalhando e chamando seu nome.

  — Matéria RX2 — diz o arrogante por fim, me fazendo parar o que estou fazendo para olhá-lo. — Ela se esconde bem nas células, de modo que é difícil extrair, mas se torna uma arma se souber descarregá-la. — Então aponta para mim. — Por isso desenvolvi as luvas, as mãos são como uma descarga para a energia que a matéria gera, as luvas bloqueiam a descarga.

  Levanto as sobrancelhas e olho para as minhas luvas, admirada. Então é para isso que elas servem!

  — Ah, mas cada descarga consome bastante energia do hospedeiro, então acho que ele vai dormir por algumas horas.

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