Treze

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  Não tenho certeza, mas acho que é outro dia. Quando Jong Wook aparece no pequeno quarto, eu já estou acordada. Seu cabelo está mais penteado que ontem, lhe dando um ar mais inteligente. O que definitivamente ele é.

  — Venha comigo — chama, sem ao menos me cumprimentar.

  Enquanto o sigo para fora, observo suas mãos que se encontram nuas. Ele não usa luvas aqui, mas eu sim. Por que será? A cicatriz também não está ali, parece que ele não a fez ainda.

  Atravessamos a outra sala até chegar em uma porta. Ele a abre e faz sinal para que eu entre. Seu rosto não tem nenhuma expressão, mesmo assim está bonito.

  Entro e me deparo com um banheiro. Em um lado do cômodo se encontra uma arara com algumas roupas e produtos de banho, no outro está a ducha. Ah eles perceberam que já estou fedendo, que bom.

  — Você tem 15 minutos — avisa Jong Wook, começando a fechar a porta.

  — Espera, pode me ajudar a tirar as luvas antes? — pergunto — É que não consegui sozinha.

  — Não, nunca deve tirá-las.

  Ele fecha a porta na minha cara antes que eu proteste. Está claro que sou uma prisioneira aqui. Balanço a cabeça para afastar o sentimento ruim que isso me trás e vou logo tomar banho. Afinal, esse é só o começo da nossa história.

  Quinze minutos depois, assim que saio me deparo com Jong Wook a minha espera. Ele segura uma bandeja onde há um recipiente retangular e a entrega a mim.

  — Passou de 15 minutos — reclama, assim que a pego.

  Qual é o problema dele? O sigo até uma mesa metalizada que há no meio da sala, então ele faz sinal para que eu me sente. Obedeço e coloco a bandeja sobre ela. Quando abro o recipiente, o cheiro da comida me faz delirar. Eu não sabia que estava tão faminta até me deparar com comida. Então começo a comer que nem um leão. A comida parece ser a única coisa que não mudou muito com o tempo. Só quando estou na metade da refeição, me dou conta que Jong Wook ainda está na sala, sentado em outra mesa. Espero que não tenha tido a curiosidade de me ver comer. Mas quando o espio, vejo que está bem concentrado em seu laptop super fino. Ufa.

  Quando termino a refeição, Jong Wook já está diante de mim outra vez. Ele mantém a cara fechada enquanto, sem mais nem menos, segura meu braço direito para colocar um aparelho parecido com um bracelete nele.

  — Você não costuma falar muito aqui — observo, indignada com a falta de educação.

  — Eu não costumo falar em lugar nenhum.

  — Eu não teria tanta certeza — retruco — Você até cantou no karaokê, e canta mal viu.

  Ele aperta um pouco mais meu braço, me fazendo encarar sua expressão perigosa.

  — Não tenho tempo para suas piadas senhorita Kang, temos muito o que fazer hoje.

  Me sinto magoada por um momento, mas me recomponho. Ele era tão escroto antes de me conhecer, bem que dizem que o amor muda as pessoas. Por fim, Jong Wook coloca seu laptop sobre a mesa e começa a mexer nele, ficando totalmente concentrado. Não preciso observar por muito tempo para notar que o computador está conectado ao bracelete.

  — O que é isso? — pergunto então, indicando meu braço.

  — Um dispositivo que vai monitorar suas células. Preciso saber como está a matéria RX2 em seu corpo.

  Penso nisso por um instante.

  — É para isso que eu estou aqui? Para você estudar o RX2?

  Ele não responde, mas percebo que acertei.

PARADOXOOnde histórias criam vida. Descubra agora