Dezenove

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  Encaro o teto da sala, me sentindo um idiota. O momento em que tomei o beijo de Yoo Nah fica perambulando meus pensamentos, o que faz o sentimento ficar cada vez pior.

  — Aish por que fiz aquilo? — questiono, pela milésima vez na noite.

  Viro de um lado e depois para o outro, como se isso fosse me ajudar a esquecer. Também fecho os olhos decidido a dormir, mas o olhar doce, bem como o sorriso tímido daquela garota surgem na minha mente, perturbando o suficiente para me fazer levantar.

  Perambulo pelo meu apartamento, inquieto, mas no final eu acabo parando bem diante do quarto onde eles estão. Fico encarando a porta, a respiração instável.

  "Eu conquistei o coração dela. Você não."

  — Como vou conquistar o coração dela com você a rodeando o tempo todo? — sussurro e solto o ar com força, na tentativa de me controlar.

  E por que tinha que dormir lá dentro? Raios, isso está me enlouquecendo! Passo a mão pelo cabelo várias vezes e me obrigo a sair de lá, antes que eu acabe fazendo besteira.

  Decido ir até a cozinha fazer um chá para me acalmar. Me sento na mesa, mas o silêncio do ambiente não impede aqueles pensamentos que vem me atormentando há algum tempo: A intimidade que eles têm um com o outro. Imediatamente afasto o chá e vou até a geladeira pegar uma garrafa de soju. Quando me viro, me assusto ao dar de cara com o meu eu do futuro. Ele desvia de mim e pega uma garrafa de água, em silêncio. Mas ao em vez de ir embora, se senta na mesa onde deixei o chá.

  — Está tarde para álcool — comenta, sem me olhar.

  Não respondo, mas me sento na mesa novamente. Fico em silêncio olhando para a minha bebida, assim como ele.

  — Você não precisa dormir lá — solto, ríspido — Sabe muito bem disso.

  Embora eu tenha agido como um idiota na piscina, eu jamais invadiria o quarto de Yoo Nah no meio da noite, como ele deu a entender.

  — Pode ser, mas gostei de estar mais perto dela, então vou ficar.

  Cerro os punhos que agora estão em cima da mesa, sentindo a raiva me consumir. Então dou alguns goles longos no soju, para não perder a paciência.

  — Wae?* (Por quê?) Está com ciúmes?

  Imediatamente me viro para ele, a expressão de espanto.

  — Tudo bem, eu também estou — ele mesmo responde, num meio sorriso.

  Franzo a testa, sem entender o motivo dele confessar isso para mim. Eu preferia morrer a admitir tal coisa em voz alta.

  — É engraçado... sentir ciúmes de si mesmo — continua, pensativo.

  — Eu não estou com ciúmes de você — falo, contrariando cada célula do meu corpo.

  Ele toma sua água tranquilamente, então respira fundo. Depois me olha com a expressão séria.

  — Eu fiquei pensando no que aconteceu, e por mais que tentasse não conseguia entender o motivo de suas ações. Desde que cheguei aqui, seu temperamento só tem piorado. E agora esse... incidente — bufa, rancoroso. De repente um ar de empatia toma conta dele, me deixando confuso. — Mas sabe, eu me coloquei no seu lugar e percebi que sou assim.

  Levanto as sobrancelhas, não esperava por essa.

  — Como assim?

  — Eu explodi uma lata de lixo uma vez, porque fiquei com ciúmes de Yoo Nah — revela, achando graça do fato — E hoje tive vontade de te linchar.

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