Andamos de mãos dadas, pela ponte do rio Han. Jong Wook fez questão de me trazer aqui, pois ele sabe o quanto eu gosto dessa vista. Já é tarde, e meus amigos devem estar preocupados, mas eu ignoro esse fato e tento me concentrar no agora, como se não houvesse amanhã. É incrível como estar com ele faz eu querer aproveitar todo o tempo possível ao seu lado. E tenho a impressão que Jong Wook sente o mesmo.
Paramos de andar para observar o rio, que agora está escuro e reflete as luzes da cidade.
— É a coisa mais linda que já vi — falo, suspirando.
— Eu estava pensando a mesma coisa.
Olho para o lado e encontro seus olhos em mim, o que me faz suspeitar que ele não se refere a mesma coisa que eu. Meu coração acelera de novo, me deixando com dificuldades para respirar. Como é possível simples palavras causarem um estrago tão grande? Enquanto o observo, me lembro do que passamos até agora e no quanto esse sentimento é precioso. E por que não seria? Ele fez eu me apaixonar naquele futuro, e fez eu me apaixonar nesse passado, onde estamos. Me sinto tão grata por isso. Diferente dele, o presente é tudo o que tenho, mas já basta. Não preciso de respostas, desde que ele fique aqui.
Antes que eu confesse tudo isso, porém, me lembro que tenho algo a mais para agradecer.
— Você o encontrou — falo, fazendo Jong Wook juntar as sobrancelhas. Ele não sabe do que estou falando e acabo sorrindo antes de continuar. — Meu colar — explico, tirando o objeto de dentro da roupa. — Obrigado.
Jong Wook direciona o olhar para a pedra negra, mas entra em choque assim que a vê.
— Onde você o encontrou?! — indaga, tão alto que me surpreendo.
— Estava na sua gaveta, você não o deixou lá para mim?
Ele não responde, apenas encara a pedra petrificado. Seu peito sobe e desce rapidamente, me deixando preocupada.
— O que foi? Está se sentindo mal? — pergunto, confusa.
Ele passa a mão pelo cabelo, cada vez mais perturbado.
— Jong Wook? — chamo, segurando seu braço.
De repente ele coloca a mão na pedra do colar, a segurando.
— Tire, agora.
Franzo a testa, sem entender o que isso significa. O que ele...
— Tire a droga do colar Yoo Nah! — grita, tentando puxa-lo do meu pescoço.
Fico tão assustada que me afasto dele imediatamente. Seu olhar é tão perigoso que parece outra pessoa.
— O que de-deu em você? — pergunto, gaguejando um pouco.
Ele estende a mão aberta para mim, os olhos furiosos.
— De pra mim, agora!
Respiro rápido também, não sei o que está acontecendo, mas sua atitude me faz perceber algo que me deixa assombrada.
— Foi você — falo, quase sem voz — Você o pegou quando desmaiei.
Ele não nega, e meus olhos se enchem de lágrimas.
— Como pode?! — grito, entre o choro. — Você sabia o quanto era importante para mim!
Ele dá um passo em minha direção, os olhos tão fixos no colar, que parece não se importarem com mais nada.
— Você não atende! Me dê isso logo!
Eu não reajo, então Jong Wook começa a correr, me obrigando a me mexer também. Corro para longe, mas não por muito tempo, ele me alcança e me segura por trás. Seus braços fortes me imobilizam e ele consegue agarrar a pedra.

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PARADOXO
Ciencia FicciónKang Yoo Nah é uma jovem estudante da Coreia do Sul, que tem vivido com amigos da família desde que seu pai desapareceu sem deixar vestígios. O problema é que Yoo Nah não vê o filho da sua tutora como irmão, e precisa esconder isso. Mas sua vida se...