Agora sim, vou acordar. Abro os olhos outra vez, certa de que dessa vez verei o teto do meu quarto. Demora alguns segundos para minha visão focar, mas as luzes claras demais já revelam a verdade: Não estou no meu quarto.
O teto é branco, cheio de lâmpadas. As paredes são brancas também e não existe janelas. Será que me levaram para um hospício? Me sento na cama, sentindo o corpo mole. O que fizeram comigo? Não há nada no quarto a não ser uma mesinha com cadeira e a cama. Também não há porta e esse é o fato que me faz querer entrar em desespero.
— Ottokeee?* (O que eu faço?) — choramingo, encostando a testa nas mãos.
É então que noto algo errado com as minhas mãos. Elas estão cobertas por uma fina camada emborrachada. São as luvas do meu sonho? Fico revirando as mãos, analisando cada detalhe. São elas mesmo!
— Então foi isso que aconteceu — sussurro, e o quebra cabeça de lembranças começa a se encaixar, à medida que compreendo tudo. — O futuro do qual comecei a me lembrar não era no meu tempo e sim nesse!
E se já estou vivendo isso, então quer dizer que... De repente uma das paredes ascende, interrompendo meus pensamentos. Fico apenas observando, o que parece ser a tela de uma TV gigante. Me levanto e dou alguns passos até ela intrigada, até que a mesma se transforma em um vidro transparente, bem diante dos meus olhos. Então é possível ver o que há do outro lado, e o que vejo não me surpreende nem um pouco. Eu havia acabado de deduzir isso.
De acordo com o sonho, foi aqui que Jong Wook me conheceu, é por isso que ele está do outro lado do vidro neste exato momento. O cabelo negro está um pouco mais curto e sua vestimenta é um terno elegante da mesma cor, nada parecido com as roupas rasgadas da primeira vez que o vi. Seus olhos escuros me observam com curiosidade, mas ele não esboça nenhuma reação além dessa, como se nunca tivesse me visto. E de fato, esse Jong Wook nunca me viu.
Mesmo assim, eu coloco as mãos no vidro, como que chamando por ele.
— Sou eu! Yoo Nah! — grito, na tentativa de dar a ele as mesmas lembranças que eu tive.
Mas ele me dá as costas com indiferença e começa a conversar com um ahjussi* (senhor) que acaba de entrar. Não é possível ouvir nada, acho que ele também não me ouviu. Então aguardo pacientemente eles terminarem a conversa, e quando isso acontece, o ahjussi se volta para mim com um sorriso fascinado. O que o encantou tanto? O encaro também, intrigada. Depois o mesmo aperta um botão em seu "relógio" e finalmente consigo ouvi-lo falar:
— Anyonghasseyo, eu me chamo Kim Dong Man. Qual é o seu nome?
Imagino que agora eles podem me ouvir também, e tenho vontade de gritar outra vez, mas me controlo. Preciso saber quem é essa pessoa e o que quer de mim.
— Yoo Nah — respondo, sem sorrir.
— Bem vinda ao futuro Yoo Nah.
Arregalo os olhos. Como ele sabe que eu viajei no tempo?!
— Você deve estar confusa com tudo isso — continua o ahjussi — Mas não se preocupe, iremos explicar tudo.
Ele aperta um outro botão e de repente, uma porta se abre no vidro, como se fosse gelatina. Daebak! O chamado Dong Man se aproxima, junto com Jong Wook. Ele oferece uma cadeira, que surge de um esconderijo no chão quando ele aperta mais botões em seu braço. Me sento calmamente e eles fazem o mesmo. Então fico observando Jong Wook com o canto do olho, mas ele se limita a não olhar muito para mim, parece tímido. Jong Wook tímido? Hor!
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PARADOXO
Ciencia FicciónKang Yoo Nah é uma jovem estudante da Coreia do Sul, que tem vivido com amigos da família desde que seu pai desapareceu sem deixar vestígios. O problema é que Yoo Nah não vê o filho da sua tutora como irmão, e precisa esconder isso. Mas sua vida se...