Após alguns dias de treinamento árduo, já consigo controlar bem melhor a energia que está alojada em mim. Ela aparece quando estou convencida de que preciso dela e some quando me concentro em outra coisa. A exaustão que vem depois é a pior parte, tanto que comecei a tomar energéticos a pedido de Jong Wook.
— Se saiu bem hoje ippeuni* (linda).
Meu rosto muda de cor, mesmo não sendo a primeira vez que ouço o apelido carinhoso que ele tem usado só para me deixar envergonhada. Dou um passo à frente no elevador, tentando disfarçar.
— Você é bom professor.
Estamos voltando para o apartamento depois de mais um dia de treinamento. Não há muito o que fazer já que não posso sair por aí para passear, então me enfiei de cabeça nisso.
— É bom que saiba se defender, mas não quero que tente enfrentar ninguém.
Assinto para ele, obediente. Quando a porta do elevador se abre, sinto uma forte fraqueza nas pernas que me obriga a me apoiar na parede ao em vez de sair. Jong Wook imediatamente se coloca atrás de mim, pronto para me segurar.
— Estou bem — aviso, me recompondo — É só o cansaço, vou me acostumar.
— Sim, mas precisa de mais energético para ajudar. Vou comprar.
Ele me deixa no apartamento e sai. Quando entro, vou direto para a sala e me jogo no sofá, exausta. Fico ali por alguns instantes até ouvir o barulho de passos.
— Como foi? — pergunta o Jong Wook mais novo, se sentando na poltrona do outro lado.
— Estou praticamente pronta — respondo, confiante.
Ele parece não gostar muito da notícia, mas não diz nada. Por incrível que pareça, desde o incidente na piscina ele tem melhorado a atitude, bem como as palavras. Ainda nos evitamos o tempo todo, mas já não é tão desconfortável ficar a sós com ele.
— Você quer... assistir um filme? — pergunta, depois de um tempo.
Fico surpresa com o convite, mas não hesito em dar minha resposta.
— Claro.
Ele pega o controle, embora não exista uma TV na sala. Mas quando aperta o botão, uma fina espessura quadrada surge na parede, mostrando que estava escondida lá o tempo todo. Ele me deixa escolher, então coloco uma comédia romântica que já existia na minha época.
Durante todo o filme, em vários momentos eu quase choro te tanto rir. Fico surpresa de ver Jong Wook rindo também. Estamos quase no fim quando o outro Jong Wook chega. Ele se senta ao meu lado no sofá e me estende um vidro de energético.
— Parece que encontrou algo pra se distrair — comenta, olhando a TV.
— Sim, é divertido.
O primeiro filme acaba e nós três resolvemos assistir outro. Depois o mais novo se oferece para fazer o jantar, nos deixando a sós na sala.
— Ele se comportou? — pergunta Jong Wook imediatamente.
Só então percebo que foi a primeira vez que ele nos deixou sozinhos após o incidente.
— Sim.
— Que bom, mesmo assim, não se apaixone por ele.
Dou risada, como se fosse um absurdo. Ele não precisa saber que já é tarde demais.
— Não se preocupe, eu já tenho você — falo timidamente. Então me lembro de algo. — Oppa, queria fazer uma pergunta.
Ele desvia os olhos da TV para mim.

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PARADOXO
Ficção CientíficaKang Yoo Nah é uma jovem estudante da Coreia do Sul, que tem vivido com amigos da família desde que seu pai desapareceu sem deixar vestígios. O problema é que Yoo Nah não vê o filho da sua tutora como irmão, e precisa esconder isso. Mas sua vida se...