Dezoito

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  Os dias vão passando e depois de pensar muito na questão, percebi que Jong Wook Oppa já não tem certeza se deve mesmo me ensinar. Não sei se foi por causa do que houve no primeiro dia de treinamento, ou se o outro fez a cabeça dele. Independentemente do motivo, ele está enrolando, e vai enrolar até conseguir me fazer desistir. 

  Mas não posso desistir, não agora, que consegui encontrar forças para lutar. Eu tenho que lutar por aquilo que amo, se não só vou me frustrar ainda mais. Até entendo os temores de Jong Wook, mas não posso jogar nele todo o peso dos meus problemas e deixá-lo se arriscar sozinho por causa de mim. Esse é um problema meu, então sou eu quem deve resolver.

  Depois de passar boa parte da noite acordada por causa disso, uma ideia louca surge na minha mente, fazendo eu pular da cama, cheia de adrenalina. Olho o relógio que há na parede, são 3 horas da manhã. Eles provavelmente estão em um sono bem pesado agora, é a minha chance. Rapidamente visto meus sapatos, mas não me preocupo em trocar de roupa. Uso uma blusa preta de alças finas e um short que Jong Wook comprou para que eu pudesse dormir. Jogo apenas um casaco por cima e saio do quarto, andando nas pontas dos pés.

  Passo com cuidado pelo corredor que faz parte da sala, onde os Jong Wooks dormem em seus respectivos colchões. Observo os dois respirarem pesado, o que me dá confiança para continuar meu caminho. Antes de sair, porém, fico surpresa por não saber qual Jong Wook é o arrogante e qual é o que eu gosto. Dormindo eles são idênticos! Afasto esse pensamento e volto a me concentrar no meu objetivo. Pego a chave em cima da mesinha e me dirijo para a porta. Assim que saio do apartamento solto a respiração, aliviada. O mais difícil passou, agora é só seguir em frente.

  * * *

  Depois de ficar um pouco perdida, finalmente encontro a área da piscina. Ando em volta dela me sentindo nervosa. Eu vim até aqui, mas não sei por onde começar. Será que tento acertar a água com RX2 outra vez? Ou apenas convocar a força para as minhas mãos? Tiro o casaco e me sento a beira da piscina enquanto decido. Embora a quantidade de água seja grande, consigo ver o chão através dela, indicando que dessa vez não está tão fundo. Menos mal. Então respiro fundo e aponto as palmas para a piscina outra vez. Vamos, você consegue. Um longo momento se passa e nada. Concentre-se. Mais alguns minutos e tudo continua igual. Olho para as minhas mãos, frustrada.

  — Matéria idiota! Por que não me obedece?

  Fico olhando as linhas da mão, brava, até que algumas faíscas fracas se tornam perceptíveis, é o bastante para me animar. Me concentro nelas e tento usar minha determinação para faze-la sair. As luzes começam a estalar alto me fazendo sorrir, então miro a água.

  — Vamos — falo, na expectativa — É pelo papai, por favor... me ajude a salvá-lo.

  De repente, linhas brilhantes começam a crescer, indo em direção piscina. O fenômeno é tão bonito que me faz pensar nas estrelas. Sorrio, encantada. A luz atinge a água, formando um buraco na mesma. Assim como da outra vez sinto a mão pesar, mas me mantenho firme. Quando já não estou aguentando mais tento fazer parar, mas é muito difícil. Mesmo assim não desisto e depois de um longo tempo ela finalmente diminui, até sumir. Respiro com dificuldade, como se tivesse corrido uma maratona, mas apesar do cansaço me sinto feliz. Eu consegui.

  Por fim pulo na água, não por medo, mas porque quero sentir a sensação refrescante dela no meu corpo. Afundo apenas alguns instantes até minhas costas baterem no fundo. Mas eu estou bem, pois só preciso ficar de pé para voltar a superfície. É o que eu faço depois, e fico tão feliz com o resultado que começo a bater as mãos na água, brincando com ela que nem criança. Estou tão distraída que levo um grande susto quando me viro e me deparo com Jong Wook atrás de mim.

PARADOXOOnde histórias criam vida. Descubra agora