PERDÃO! EU PEQUEI E GOSTEI!-Armando Scoth Lee-romance gay

CAPÍTULO 7

Também nos dias que se seguiram ao sonho, Jeremias fugiu para não  confessar com o padre, pois  não tinha certeza se o que estava acontecendo com ele era realidade ou simples fruto de sua imaginação tão atormentada!

Aqueles dias tão quentes...o jejum que agora ele estendera até as duas da tarde...as penitências de ficar mais calado e de fugir das mídias sociais...as longas horas de vigília noite adentro...Às vezes os joelhos doíam de tanto se chocarem com o chão...às vezes os olhos doíam  de tanto ler a Bíblia!

Como o rapaz que mexia tanto com ele praticamente evaporara, o seminarista acreditou que estava livre e que Deus o estava abençoando devido aos seus sacrifícios para se disciplinar.

Mas o destino parecia ter decidido outros rumos para o seminarista  e um dia, durante a missa, Jeremias percebeu que alguém o olhava fixamente. 

O susto quando viu Lincon sentado no mesmo lugar em que haviam se conhecido e ali o encarando fez as pernas do jovem seminarista amolecerem e ele quase caiu!

_Está se sentindo bem, Jeremias?_perguntou um dos coroinhas que também ajudava na missa e que o amparou rapidamente._Está pálido!

Tentando não chamar a atenção do padrinho e atrapalhar o andamento da cerimônia, Jeremias fez um gesto discreto indicando que não havia sido nada mais do que um passo em falso que o desequilibrou. Obviamente que a partir dali, ele não conseguiu mais se concentrar em outra coisa que não fosse em Lincon!

O seminarista chegou a derrubar o vinho que havia buscado para o padre...tropeçou na toalha da mesa...quase deixou cair a hóstia, quando essa lhe foi oferecida pelo padrinho!

Aquele foi o primeiro de vários dias em que Lincon o encarava durante toda a missa, porém, não se aproximava e quando a cerimônia terminava, Jeremias percebia que mais uma vez ele tinha desaparecido!

Seria um fantasma? Talvez uma alma penada, ou realmente o diabo? O tormento voltara com força total!

Sonhar todas as noites com Lincon tornou-se uma rotina, apesar de Jeremias esforçar-se para ficar acordado para fugir da maldição.

_É pecado se dispersar tanto durante as missas, Jeremias!_o padre chamou a sua atenção.

O seminarista só baixava os olhos e não dizia nada, temendo que o padre lesse neles o que lhe ia na alma.

Um misto de coragem, revolta e irritação foi tomando conta do seminarista aos poucos e ele decidiu que precisava descobrir quem era aquele ser que não lhe dava mostras definitivas  de ser divino ou maldito! 

Faltava apenas uma semana para a Páscoa e haviam combinado que no dia seguinte à festa religiosa,  ele iria para o seminário. 

Um dia, Jeremias chegou cedo à igreja que estava praticamente vazia. Viu finalmente Lincon mais uma vez sentado naquele banco...no banco em que haviam se encontrado pela primeira vez!

O cachorro não estava, o que já deixou o atormentado  seminarista mais aliviado, pois não sabia se suportaria novamente o ver dando o seu show!

Uma mistura de pânico e de curiosidade pareceu tomar conta do futuro padre, o hipnotizando!

Aquele era o momento de finalmente tirar a prova se aquele homem existia...se ele era real, ou não! Era isso, ou corria o risco de tê-lo pra sempre atormentando as suas noites!

Os pés do seminarista o arrastaram até aquele local que deveria ser proibido pra ele  e quando percebeu, Jeremias já sentou-se ao lado de Lincon! Nem ele mesmo sabia se eram as forças do bem, ou do mal que o arrastavam para ali. Acreditou que o rapaz, de olhos fechados, parecendo rezar, não o tinha visto chegar.