PERDÃO! EU PEQUEI E GOSTEI!-Armando Scoth Lee-romance gay

CAPÍTULO 9

O seminarista tentou falar com o padre, mas ele estava ocupado com as beatas que quase o sufocavam se aglomerando ao seu redor.

Jeremias pensou então que deveria conversar primeiro com os pais e que deveria ir falando  aos poucos, primeiramente apenas dizendo a eles que reconhecera que não era digno de ser padre. Falaria que reconhecia que tinha falhas, que tinha erros, fraquezas...Assumiria que não conseguia mais resistir às tentações mundanas como se divertir, comer o que quisesse e quando quisesse...falaria que gostaria de ser um cidadão qualquer, sem um compromisso tão grande com a igreja. Convenceria a mãe a trocarem a promessa! Talvez ele pudesse cortar a carne de seu cardápio pra sempre...ou mesmo pudesse jurar que nunca mais olharia pra tela de uma televisão...ou talvez prometeria ir a pé até Aparecida do Norte todos os anos...ou qualquer coisa que a mãe lhe sugerisse em troca!

Pareceu sensato para o seminarista  naquele momento, a caminho de casa, com um sorriso que não conseguia tirar do rosto, que diante daquela confissão de inaptidão total para o cargo, ser padre não mais estaria nos seus planos e nem nos planos da família.

A mãe ficaria triste...as avós, idealizadoras da promessa, também ficariam tristes, mas elas o amavam muito, disso ele tinha certeza e diante dos argumentos adicionais  de que ficaria muito infeliz e carregaria um peso muito grande na consciência,  se tivesse que seguir aquele destino, elas o entenderiam e se conformariam. 

Ainda rodeado pela magia de Lincon, Jeremias acreditava que a família o amava tanto a ponto de aos poucos aceitarem que ele gostava de Lincon, queria Lincon, queria ficar com Lincon pra sempre, pois Lincon o completava e o faria feliz pra sempre!

_Mas você mal o conhece?_poderiam dizer.

_Mas é como se nos conhecêssemos desde o dia em que nascemos! Fomos feitos um para o outro, nos completamos!

_Mas um homem gostar de outro é pecado!

_Pois eu me senti tão perto de Deus nos braços de Lincon, que tenho certeza de que foi algo divino e sendo divino, teve, tem e sempre terá o apoio de Deus! Amar não é pecado...mesmo que seja amar outro homem dessa forma! Esperem até conhecê-lo!

Jeremias riu sozinho ao pensar em tudo aquilo...Reconhecia que nem ele sabia quem na verdade era Lincon!

_Quem é ele? Onde mora? Trabalha? Estuda? Quem são os pais dele?_o encheriam de perguntas tentando dissuadi-lo a não assumir-se gay.

_Nada disso importa, vocês só precisam saber que a gente se ama e é pra sempre!_ele gritaria embriagado pela felicidade!_Se me amam realmente, vibrem comigo em comemoração a minha felicidade!

Acelerou os passos e quase chegou a correr, já fazendo planos para o futuro ao lado de Lincon e acreditando no sucesso deles!

A mãe no fundo ficaria feliz, pois ela  o amava e não mais precisaria se afastar de seu caçula! O pai ficaria feliz ao saber que ele já poderia entrar como menor aprendiz na fábrica onde o pai  trabalhava  e assim  o filho logo  o ajudaria nas despesas da casa! Se dedicaria com mais afinco aos estudos para dar orgulho à toda a família e até poderia ser médico, ou advogado e da mesma forma salvar as pessoas necessitadas!

_Oi, Jeremias, meu filho! Viu o passarinho verde?_uma vizinha falou ao vê-lo passar sorrindo daquele jeito.

O rapaz pegou a vizinha nos braços e a levantou do chão rindo, fazendo a mulher dar um gritinho de surpresa.

_Vi  o passarinho verde e também o azul, o amarelo, o vermelho...vi um bando deles, dona Tininha!

Jeremias já tinha se afastado antes mesmo que ela pudesse falar mais alguma coisa.