CAPÍTULO 37

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O desejo de se pegarem a fim de matarem as saudades era quase incontrolável e, por isso, Lincon e Jeremias se recompuseram quando notaram que estavam indo para um caminho sem volta. Foi difícil afastarem os corpos que desejavam ficar cada vez mais unidos.

Lincon contou para Jeremias o que acontecera em sua vida naquele período em que haviam ficado afastados. Contou a depressão inicial devido à rejeição...as perseguições de dona Maria das Dores...a necessidade de mudarem de cidade...também confirmou o que Jeremias tinha escutado  Amanda falar. 

_Fico pensando como eu posso ter me enganado tanto assim com a minha mãe, Lincon!_Jeremias deu de ombros._Pra mim, ela é uma santa e seria incapaz de fazer tantas crueldades com alguém!

_Não se cobre tanto, meu amor. Você é o filho amado dela, Jeremias e não teria por que ela se indispor com você._disse Lincon compreensivo._Eu sou o inimigo que queria desviar o filho dela do bom caminho, como ela deve achar. 

Jeremias olhou apaixonado para o rosto daquele homem tão compreensivo...fez um carinho no rosto de Lincon e sorriu:

_Você é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, Lincon! Eu tenho esperanças de um dia conseguir mostrar isso pra minha mãe.

_Então empatamos, porque você também é a melhor coisa que já aconteceu na minha vida, Jeremias e eu também pretendo conseguir mostrar isso pra minha irmã.  Agora é a sua vez...me conte o que você fez este tempo todo preso num seminário.

Jeremias relatou tudo o que havia vivido, porém, afirmou que não conseguiu afastar a desesperança, o medo de nunca mais se encontrarem...a dor por primeiramente acreditar que Lincon já estava casado e que já tinha um filho...e depois a dor por  imaginar que o amado já estava com outro.

_Quer dizer que você estava aqui tão perto e a sua família te escondendo...Eu mesmo fui neste seminário, conversei com a direção do lugar...depois minha irmã também foi, mas só disseram que você não estava lá, mas que ficaram sabendo que você tinha saído do Brasil.

_Eu sair do Brasil realmente foi demais, vindo do padre Antônio e da minha mãe. Confesso que se não fosse o padre Sebastian...nem sei o que teria feito lá dentro daquele seminário, Lincon.

_Pelo que você me contou, este padre realmente é um cara muito gente boa.

_Bacana e sofrido, como a maioria dos homossexuais que não conseguem assumir para a família, como eu.

Lincon olhou com seriedade para o rosto do amado:

_E agora? Você acha que vai conseguir assumir pra eles que não quer ser padre e que a gente está junto?

Jeremias levantou-se de um impulso só, esquecendo-se da cabeça ferida e precisou voltar a sentar-se, meio tonto ainda.

Lincon o recebeu em seus braços e esperaram que a tontura passasse para que ele voltasse a falar.

_Meu anjo, você não quer mesmo ir num hospital, tirar uma radiografia...pode ser coisa séria._insistiu Lincon visivelmente preocupado.

_Não...foi só porque levantei rápido demais. Estou bem._Jeremias olhou profundamente para Lincon, antes de falar._Não tem mais volta...eu vou assumir tudo para o padre Antônio, para a minha mãe, para os meus irmãos...pra cidade inteira, se preciso for! Ninguém mais irá nos separar, Lincon...ninguém!

Lincon arregalou os olhos e soltou o ar que estava preso nos pulmões, visivelmente apreensivo ao escutar aquilo:

_Confesso que fico apreensivo só em pensar em como a sua mãe irá reagir ao saber o que você decidiu. Isso se ela não encabeçar um linchamento contra mim em praça pública!

PERDÃO! EU PEQUEI E GOSTEI!-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora