CAPÍTULO 34

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Jeremias sabia que precisava desfazer todo aquele mal-entendido e acabar com aquela farsa que haviam feito em torno do seu nome, mas havia outra prioridade que se sobrepunha àquela.

Ele precisava confirmar a revelação feita pelo irmão de que Lincon não era casado e muito menos tinha filho!

Apesar de ainda estar meio atordoado por saber que aquilo poderia ser verdade, o que implicaria que o seu padrinho havia mentindo pra ele, estava disposto a correr atrás de qualquer esperança, qualquer possibilidade... só para  rever Lincon...fosse do jeito que fosse...pelo menos uma última vez!

O seminarista lembrou-se do padre Sebastian que lhe dava todo o apoio para que ele corresse atrás de seu amor e era exatamente aquilo que ele faria sem mais demora!

Era impressionante como, fora das paredes que o haviam enclausurado por tanto tempo, o amor que sentia por Lincon parecia estar se tornando algo tão forte que precisava retomar a vida! Ele só esperava aquela fagulha de esperança para renascer em seu peito, aquilo estava bem claro pra ele agora!

Onde estava a sua família...a sua amada mãe...onde estava a promessa que fizera a Deus? Parecia que tudo ficara em segundo plano e, a sua frente, havia apenas a necessidade de reencontrar Lincon!

O rapaz lavou o rosto e tomou água no tanque que ficava nos fundos da casa, se preparando para iniciar a sua longa  jornada em busca de Lincon.

Jeremias, porém, sabia que não seria tão fácil transitar pela cidade sem que o reconhecessem e, por isso, pegou algumas roupas dos irmãos que estavam estendidas no varal no fundo do quintal. 

Ester sempre era criticada pela mãe que dizia que a filha torcia as roupas tanto que depois ficava difícil demais desamassá-las e  passá-las. Agora, o defeito da irmã o iria ajudar, pois com as roupas que pareciam ter sido "tiradas do bucho de uma vaca", como a mãe dizia, e usando um boné surrado, seria difícil alguém reconhecê-lo.

Ele, sempre bem penteado, sempre bem arrumado, sempre limpinho e cheiroso feito um anjo, como a mãe dizia, não poderia ser comparado à figura amarrotada usando  chinelos gastos para completar o disfarce. Como os irmãos eram mais fortes do que ele e calçavam dois números a mais do que ele, ficara perfeito ele sair andando desconjuntado tentando se equilibrar naqueles chinelos de couro enormes.

Diante de tantas mentiras que haviam sido contadas a ele, com sorte, também aquela que dizia que Lincon havia saído da cidade tinha que ser falsa! Se não fosse, que ele pelo menos pudesse saber para onde ele tinha ido e torcia para que fosse para alguma  cidade próxima.

Somente naquele momento Jeremias lembrou-se que não tinha dinheiro algum! Se tivesse que sair da cidade, como faria? Iria a pé, ou pediria carona, decidiu logo!

O seminarista respirou fundo e tentou criar coragem para apostar numa ajuda do alto para resolver aquele problema...que Deus estivesse ao seu lado e, por isso, fechou os olhos e falou com fé:

_O Senhor é meu pastor. Nada me faltará! Deus proverá!

Passou por bares conhecidos e preferiu não se arriscar a pedir informações, temendo que ainda assim, disfarçado daquele jeito, ainda o reconhecessem.

Um grupo de crianças brincava na praça e ele preferiu tentar conseguir alguma informação  através delas e, por isso, aproximou-se já questionando se elas conheciam alguém que se chamava Lincon. 

Os pequenos até tentaram ajudar:

_Qual o sobrenome?

_Filho de quem?

PERDÃO! EU PEQUEI E GOSTEI!-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora