CAPÍTULO 22

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Jeremias não se importou com a penitência recebida que era fazer o voto de silêncio e ficar isolado dos outros seminaristas. Realmente ele precisava ficar sozinho para poder conseguir digerir todas as informações  a fim de tentar sobreviver ao duro golpe que recebera.

Então Lincon era casado com uma mulher mais velha que o sustentava. Ele não  estudava, não trabalhava e agora era pai! Quantas mentiras mais ele devia ter contado a Jeremias para que depois pudesse gargalhar pelas suas proezas como conquistador? O seminarista tinha a cabeça doendo só em pensar naquilo!

Como os detalhes da identidade de Lincon nunca haviam sido revelados, qualquer coisa poderia realmente preencher aquelas lacunas, Jeremias  admitia.

A primeira coisa que Jeremias reconheceu foi que realmente ele cedera muito facilmente às investidas do outro. Lincon realmente era bonito, tinha um corpo atraente, sabia usar bem as palavras, as mãos, a boca e tinha um cheiro único e  maravilhoso que ainda permanecia nas narinas do seminarista!

Jeremias admitia que não seria fácil esquecer Lincon e nem o que haviam vivido juntos, porque se para o outro tudo não passou de uma encenação, para Jeremias havia sinceridade em cada palavra, em cada gesto, em cada sentimento.

Quanto tempo aquilo levaria...aquele luto pela morte de seus sonhos e de sua paixão pelo outro, Jeremias não sabia.

Ele sabia que teria que obedecer muitas regras na rotina do seminário. Tinha horário fixo para acordar que era às cinco da manhã, a fim de que às seis todos já estivessem organizados na capela para a primeira missa do dia.

As orações em conjunto, além da missa matinal, aconteciam várias vezes ao dia, se intensificando, caso o seminário decidisse engajar em alguma causa mundial, como em prol de vítimas de guerras, ou das vítimas de  grandes tragédias. Se o seminarista estava em penitência, mesmo assim ele era obrigado a comparecer às convocações, mas o penitente era proibido de interagir com os colegas.

Comiam no refeitório enorme, todos juntos e o silêncio era exigido, a menos que algum aviso urgente precisasse ser dado. Mesmo nos corredores apenas sussurros eram aceitos, pois não podiam correr o risco de assustar os padres mais idosos que ali viviam e  poderiam estar descansando,  ou mesmo interromper as meditações de algum interno que estivesse em penitência de oração ininterrupta.

Precisavam cumprir a carga horária nas disciplinas exigidas em sua preparação cultural que eram Filosofia e Teologia a nível universitário. Haviam  turmas de alunos, mas quando o interno estava em isolamento, um professor particular ia até ele para administrar o conteúdo a fim de que ele não perdesse a matéria, porém não interagisse com os colegas.

Todos tinham que trabalhar nas tarefas do seminário e eram feitas escalas e rodízios. Havia equipes para cuidarem da limpeza, da jardinagem, da cozinha...ler para os padres mais idosos, assim como ajudar no cuidado deles.

Os esportes eram praticados com um orientador, mas nunca como um lazer e sim como forma de manter a saúde do corpo. Os períodos de relaxamento consistiam em os seminaristas terem permissão para passearem pelos jardins, ou poderem explorar a enorme biblioteca. Nunca era permitido que os alunos dormissem durante o dia e as atividades diárias se encerravam após a última oração às vinte e uma horas. Aí todos eram obrigados a irem para as suas camas e apagarem as luzes.

PERDÃO! EU PEQUEI E GOSTEI!-Armando Scoth Lee-romance gayOnde histórias criam vida. Descubra agora