Capítulo 7

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POV Mito

As vezes eu ficava confusa, Hashirama tinha a imagem de um homem bom e gentil ao mesmo tempo que era o responsável por transformar a minha vida em um inferno.

— Segunda eu vou ao hospital — respondi olhando para o jardim — Obrigada!

Os dois homens voltaram para a varanda e eu tornei a relaxar o corpo, era mais fácil me sentir segura quando cercada apenas por mulheres e flores.

— Como anda o casamento? Parece que ainda são estranhos.

— O que queria? Eu o conheço há menos de um mês e nesse pouco tempo ele me arrancou de casa, da minha família e da minha vila — respondi de cabeça baixa — Não é como se eu pudesse abraça-lo e chamar de amor!

— Eu poderia dizer que entendo, mas apenas você é capaz de entender o que vive.

— Se casou com Madara por amor, não foi? — perguntei já sabendo a resposta.

— Sim, nós escolhemos um ao outro, como sabe?

— Eu reconheço amor de longe quando vejo — suspirei com um sorriso pequeno — Madara é um homem frio, eu diria que até sádico, mas quando olha para você ou pra Harumi é como se visse o sol depois de uma tempestade, os olhos dele brilham e há gentileza neles, é bonito, vocês tem sorte.

— Já amou alguém não foi? — assenti — Qual a sua história, Mito?

— Eu cresci com Satoru, ele era meu melhor amigo, sempre foi gentil, bondoso e cuidava de mim, era natural que eu me apaixonasse por ele — respondi — Mas ele é apenas o filho bastardo de um ancião do clã com uma serviçal, cresceu na cozinha, sem direito às posses de seu pai, sendo tratado como empregado dentro da própria família.

— E como ele não poderia te dar a vida que merece se casou com Hashirama? — não havia acusação em sua voz, ela parecia realmente querer entender.

— Não, se dependesse de mim eu teria me casado com Satoru e seríamos felizes em uma casa pequena com uma vida simples — apontei para a enorme mansão atrás de nós — Não nego que é bonita, mas isso aqui nunca me importou realmente, eu sempre fui romântica, mesmo sendo um pouco cabeça quente também, mas sempre sonhei com um amor verdadeiro, com o que você e Madara tem, com o que Satoru e eu tinhamos. Mas pra minha família não era o suficiente e eu reconheço meus deveres como filha do líder, me casei com Hashirama porque sei que é o melhor pro meu povo, só que não é amor verdadeiro e eu sei que amor não é tudo, só que sem ele nada faz sentido, porque estou apenas existindo aqui e fazendo tudo que devo fazer.

— Não adiantará tentar te convencer agora que Hashirama se importa e quer que seja feliz, sei que não vai acreditar porque ainda está muito ferida aqui — ela tocou meu peito — Mas se der uma pequena chance, verá com seus próprios olhos que também é uma mulher de sorte! Talvez o que virá agora, será ainda melhor do que ficou pra trás.

Não falei nada e ficamos mais um tempo apreciando o sol até Hashirama e Madara virem com uma bandeja de queijos em nossa direção, se sentando na nossa frente para que comessemos. A forma gentil como o líder Uchiha olhava para sua esposa estava me deixando encantada desde que chegaram e eu me perguntei se algum dia teria isso.

— Desculpe não ter ido ao casamento — Suyen quebrou o silêncio — Fechado como Madara é, aposto que nem explicou que no dia Harumi amanheceu com uma enorme dor de garganta, ele mesmo só foi porque praticamente o obriguei, mas ainda assim perdão pela falta.

— Está tudo bem — fui sincera com ela — Desde que volte mais vezes com a Harumi para me visitar.

Eu me sentia sozinha aqui e realmente gostei das duas, ter uma amiga tornaria isso mais fácil. Fomos até a porta e enquanto acenavamos para eles Hashirama apoiou a mão em minhas costas.

— Fico feliz que gostou dela, fazer amigos vai te ajudar a se adaptar a vila — ele disse baixo e eu assenti — Nós podíamos conversar as vezes, sabe? Se nos tornarmos amigos também seria algo bom!

— Como você quiser.

— Não, como nós quisermos, não sou sua mãe, não estou aqui pra mandar e você obedecer, não é minha propriedade Mito — ele parecia estar perdendo a paciência — Esqueça o que seus pais querem ou o que eu quero, o que você quer, Mito?

— Eu quero ir pra casa — respondi com os olhos marejados.

— Infelizmente quer uma das únicas coisas que eu não posso te dar, mas peça qualquer coisa, se estiver em meu alcance eu farei — ele disse isso olhando em meus olhos e eu quis acreditar que Hashirama era um homem bom, mas já me frustrei muito com meu pai, não iria dar abertura para me ferir com ele também.

— Então não há nada que eu queira de você!

Entrei em casa e o deixei plantado na varanda, eu não gostava de ser cruel com ninguém, mas não poderia abrir meu coração e deixar que Hashirama o ferisse mais que já feriu. Fui para a biblioteca e encontrei um livro antigo que falava sobre a história do clã Senju, as incontáveis guerras contra o clã Uchiha e eu fiquei curiosa, como eles saíram de inimigos mortais para melhores amigos?

Com certeza não perguntaria a Hashirama, talvez procurasse Suyen depois para saber mais sobre isso.

A Aliança - Hashirama SenjuOnde histórias criam vida. Descubra agora