Capítulo 14

843 90 62
                                    

POV Hashirama

Sacrificio, era a palavra que ecoava em minha mente enquanto olhava a imensidão do mar naquele navio que me levaria a ilha onde minha esposa cresceu. Não posso dizer que amo Mito, mas confesso que me apaixonei por ela, o jeito brincalhão, a forma como sorria pra mim e como não tinha medo de dar sua opinião, essa Mito cheia de vida me encantou, mas ontem eu tive a certeza que não era recíproco. Pra ela nosso casamento seria sempre seu maior sacrifício e eu não pude evitar ficar com um pouco de raiva ao constatar isso, por que ela não sentia por mim o que sentiu por Satoru? O que ele tinha de tão melhor que eu pra fazer uma mulher incrível como ela se apaixonar por ele? Por que eu não conseguia a mesma coisa?

Senti meus olhos marejando novamente "meu sacrifício", era como se Mito fosse um cordeiro que abatemos em nome desse acordo, saber que mesmo depois que nos tornamos amigos, mesmo que eu procurasse ser gentil, companheiro e compreensivo com ela, Mito ainda me desprezava machucou minha alma tanto quanto a expressão de nojo dela em nossa primeira vez e as de dor no dia seguinte que voltavam a minha mente desde que ela mencionou "sacrifício".

— Hokage-sama — um dos shinobi que veio comigo chamou minha atenção para a movimentação estranha na costa, era claramente um ataque.

Saltei do navio concentrando chakra nos pés e corri o mais rápido possível até o local onde acontecia o ataque. Quando cheguei lá vi muitos Uzumaki lutando contra ninjas que não conhecia, deviam ser do tal clã Hosokawa.

— Mokuton: jukai heki — fiz o jutsu quando um grande ataque do inimigo foi lançado sobre a ilha.

Varios galhos surgiram do chão, formando uma parede defensiva diante dos Uzumaki, mas o que me surpreendeu foi a barreira violeta que surgiu junto do meu ataque, Satoru criou uma barreira de selamento quase tão poderosa quanto a proteção do meu jutsu.

— Hashirama — Ashina falou parando ao meu lado — Chegou bem na hora!

— Mokuton: daujurin no jutsu — estacas de madeira saíram do meu braço direito e atingiram vários inimigos.

— O Senju está aqui — um dos ninjas do clã Hosokawa gritou — Recuar!

Prendi um deles antes que todos pudessem escaparam, o joguei diante de Ashina-sama, que o selou dentro de uma barreira enquanto os outros se aproximavam ao longe.

— Ashina-sama — o cumprimentei com um aceno de cabeça, ignorando a presença incômoda de Satoru.

— Eu disse que se tivesse qualquer novidade avisaria — ele falou apertando minha mão — Não imaginei que viria agora.

— Bem, minha esposa ficou apreensiva e pediu que eu viesse — fiz questão de dar ênfase no "minha esposa" e vi Satoru fechando os punhos — Não tem como negar nada a ela!

— Fico feliz que tenha vindo — Ashina falou quanto Satoru amarrava o inimigo e o trazia na mesmo direção que o líder me guiava.

— Seria mais fácil se Madara estivesse aqui — suspirei — Mas por sorte aprendi com os Yamanaka alguns jutsus.

Fiz o selo e entrei nas memórias do homem, vi seu povo, seu líder e as ordens que receberam: "tragam o pergaminho de selamento de quatro símbolos, quando todos se mobilizarem até a ilha pegamos a princesa Uzumaki".

— Eles querem o selamento de quatro símbolos e Mito, mas não consigo ver porquê — falei me afastando do homem.

— O selamento de quatro símbolos é pra selar chakras muito poderosos, como das bestas de caudas — Satoru falou.

— Ele mandou avisar... — o ninja disse olhando para Satoru — Que voltou e vai ter o que é dele, olho por olho!

Em seguida ele ativou um jutsu que convulsionou seu corpo até a morte.

— Preciso ver Mito — Ashina falou — Satoru pegue o pergaminho que eles querem, vou levar comigo ainda hoje e deixarei a vila sob comando de meu braço direito, em Konoha decidiremos como vamos lidar com isso.

Satoru saiu em direção a casa principal do clã.

— Não precisamos partir com tanta pressa — tentei transmitir tranquilidade apesar de estar preocupado com Mito.

— Não finja que não está preocupado com ela — ele falou apertando meu ombro — Se importa se Satoru for conosco? Depois de mim, ele é quem mais entende dos jutsus de selamento e é um grande estrategista.

— Não me importo, senhor — respondi me remoendo de ciúmes, eu queria matar Satoru por ocupar no coração de Mito um lugar que deveria ser meu.

Enviei um pássaro explicando por alto a Tobirama o que aconteceu e mandando que arrume um local para Satoru ficar, meu sogro dormiria em minha casa mas aquele homem eu não colocaria sob o mesmo teto que Mito, não por não confiar nela e sim para não provocar sofrimento em nós dois.

— Como Mito está? — aquele Uzumaki perguntou, parando ao meu lado enquanto eu assistia o por do sol no mar e sentia o balançar do navio.

— Ela está bem — respondi sem olhar para ele.

— A transformou numa dona de casa exemplar? — ele perguntou com deboche.

— Não, Satoru, Mito é boa demais pra ficar presa em casa, ela trabalha no hospital cuidando do nosso povo.

— Fico feliz que reconheça o talento dela — ele falou se apoiando na grade ao meu lado, será que esse incoveniente não iria sair de perto? — O acordo de vocês tem dado certo?

— Nosso casamento vai muito bem, obrigado!

— Casamento? — havia deboche em sua voz — Ela não escolheu você, sabe disso!

— Não muda o fato de que ela é minha esposa — respondi engolindo o bolo em minha garganta ao constatar que ele estava certo.

— Tem razão — Satoru abaixou a cabeça — No fim foi você quem ficou com a garota, então faça ela feliz!

Satoru me deu um tapinha no ombro e se afastou, naquele momento eu entendi o súbito ataque que ele teve. Satoru estava ferido e sofrendo, por isso quis me atacar tal qual um animal acuado e eu nem podia me achar superior já que usei todas as oportunidades para deixar claro que Mito era minha quando eu sequer a tocava como mulher.

Cruzamos o portão da vila bem perto da hora do almoço e fomos direto ao meu escritório, assim que abri a porta me deparei com um olhar preocupado sobre mim e não pude deixar de sorrir pra ela.

— Estão bem, todos eles — Mito sorriu com os olhos marejados e eu senti braços finos me rodearam e uma cabeleira ruiva bloqueou minha visão.

— Obrigada, o que fez significou muito pra mim — Mito sussurrou em meu ouvido e quando nos afastamos eu lhe roubei um selinho e ela arregalou levemente os olhos, focando atrás de mim, provavelmente em Satoru e se ele tivesse visto o abraço e o selinho ela provavelmente estaria se sentindo mal por ele.

Mais uma vez foi impossível me sentir bem por ter ficado com a garota, Mito não se perdia em mim como estava com o olhar perdido em Satoru agora.

A Aliança - Hashirama SenjuOnde histórias criam vida. Descubra agora