Capítulo 9

874 87 47
                                    

POV Mito

Hashirama não chegou para o jantar e eu não o esperei para comer, mas mesmo não tendo a melhor relação com meu marido eu fiquei preocupada quando ele não chegou até a madrugada e não consegui dormir. Por isso, ao escutar um barulho no andar de baixo eu me levantei e coloquei um robe em volta da minha camisola, me aproximando das escadas, pelo canto vi Madara carregando Hashirama e o jogando no sofá. Desci lentamente as escadas, ainda incerta se devia ou não me aproximar, sabendo que alguns homens ficavam agressivos quando bebiam e tendo a certeza que eu nunca poderia parar Hashirama não importa a situação.

— O que aconteceu? — perguntei a Madara, que me olhou pelo canto do olho, parecendo irritado.

— Ele bebeu porque se sente miserável por sua culpa — arregalei os olhos — Deveria dar uma abertura a ele, Hashirama é um bom homem e merece muito mais do que o que está dando a ele.

— Ele sabe que pode tomar o que quiser, quando quiser, sei bem que é meu "dever" dar a ele o que pedir.

— Quando vai entender, menina? — ele perguntou entre dentes — Hashirama... Esquece, você acha que entende de sentimentos e de pessoas, mas não entende nada! Apenas o deixe ai, amanhã ele estará bem e você poderá voltar a fazer da vida dele um inferno.

Madara saiu pela porta e eu fiquei chocada, mas sem pensar e colocando minhas emoções pra fora pela primeira vez desde a noite de núpcias eu corri até ele.

— Acha que pode vir a minha casa e falar comigo como quiser? — perguntei puxando seu braço e o fazendo se virar pra mim — Me acusa de fazer da vida dele um inferno, mas e quanto a mim? Em algum momento pensa em como eu fiquei nisso tudo?

— Eu não me importo com você, ele se importa, ele tenta todos os dias do último mês fazer a convivência de vocês mais fácil, mas você é egoísta demais pra ver isso, só enxerga o mundo e as pessoas como quer ver, pra satisfazer a sua necessidade de ser a vítima infeliz porque tem medo de ver que errou com ele desde que se conheceram — Madara também havia bebido e eu engoli em seco, tendo consciência das proporções que aquilo poderia tomar se eu tirasse a paciência desse homem — Ele nunca quis te tirar do seu lar, te arrancar do seu amor ou te submeter aquele exame, mas Hashirama faz o que é necessário por essa vila, mesmo se machucando no processo e apesar dos erros ele tenta se redimir todos os dias, enquanto a princesinha se dedica a fazer isso dar errado. Eu no lugar dele já teria desistido há muito tempo, você não vale o apreço que ele lhe tem! Um último conselho, quando não quiser algo é só dizer, Hashirama nunca te forçaria a fazer nada, teria evitado um trauma muito grande pros dois só abrindo a boca.

Arregalei os olhos tomando consciência do que ele estava falando, não, não podia ser isso, Hashirama não me tomaria pra si mesmo tendo direito, se eu dissesse não naquela noite?

— Madara — chamei quando ele já estava longe — eu invejo isso, você defende os sentimentos dele, queria que alguém lutasse por mim assim!

— Ele luta — foram as últimas palavras de Madara antes de desaparecer na noite.

Entrei em casa pensando em tudo isso, desde que nos conhecemos Hashirama tem tentado se aproximar de mim com jeitinho, teve o cuidado de fazer um jardim com minhas flores favoritas e construir uma biblioteca com vista para ele porque eu gosto de ler, nunca me proibiu de nada ou me forçou a nada e me incentivou quando eu quis trabalhar.

— Mito, o seu cabelo é lindo! — a voz arrastada de Hashirama falou assim que entrei pela porta e ele tentou se levantar.

— Cuidado — o apoiei para que não caísse de cara no chão.

— Por que não sorri pra mim? Eu sei que te machuquei, mas eu queria que sorrisse pra mim — ele fez carinho em meu rosto com as costas dos dedos.

— Não sabe o que está dizendo, vamos pro quarto, vou fazer uma sopa pra você — passei seu braço por meu ombro e me esforcei para apoia-lo escada acima, já que o Senju era muito pesado.

Quando entramos em nosso quarto eu liguei a luz e e o sentei na cama, apoiando suas costas na cabeceira. Seus longos cabelos estavam espalhados pelo rosto, então os juntei e fiz um coque frouxo, notando como ele ficava bonito assim.

— Vou fazer sua sopa, já volto — falei para ele e fui até a cozinha, fazendo uma sopa de fubá para evitar que o estômago dele ficasse ruim e coloquei pedaços de carne — Aqui, coma tudo.

— Não quero — ele fez um bico emburrado — Eu quero falar com você, mas você não gosta de mim e não quer ser minha amiga!

— Vamos falar disso amanhã, abra a boca — falei levando uma colherada de sopa até seus lábios.

— Eu quero cuidar de você, Mito, se não posso ser seu amor quero ser seu amigo, eu não queria te machucar, não queria mudar tanto a sua vida, sinto muito por isso, mas eu também não tive escolha — ele falou depois de engolir a sopa — Me perdoa pelo que fiz na nossa primeira noite, eu achei que você só estava com vergonha e machuquei você, também fui num puteiro hoje, não fiquei com ninguém, mas isso não foi atitude de homem casado, sou um cretino miserável, você tem razão em me odiar, só que eu não quero que você me odeie, eu gosto de você, quero te fazer feliz, me desculpa!

— Hashirama... — eu nem sabia o que dizer.

— Me disseram que você era boca grande, espirituosa e é isso que eu quero, a alma selvagem que você é de verdade, não gosto de ver você morta por dentro aceitando tudo de boca fechada — ele fez carinho em minha bochecha — Não gosto de saber que eu te matei por dentro!

Ele começou a chorar e eu fiz carinho em suas costas, segurando o riso, claro que o que ele disse me tocou, mas pensar no que o álcool é capaz de fazer com um homem tão forte foi divertido. Hashirama chorava de fazer biquinho me pedido desculpas, dizendo que queria que eu fosse feliz e que eu era linda!

A Aliança - Hashirama SenjuOnde histórias criam vida. Descubra agora