Seven Deaths

[29] Verdades Jogadas à Mesa

Complexo Penal João Ricardo, sala geral de visitas.

21 de abril, 09:02 da manhã.

Aquele local estava me arrepiando. Toda aquela gente vestida com uniformes laranjas, lotados de tatuagens e até com dentes de ouros bem à minha frente, me dava um frio na barriga. Eles conversavam com seus familiares, amigos e até entre outos prisioneiros, com vários guardas rodeando o local olhando indiferente para todos, seja os presidiários ou suas visitas.

Andei ao lado de Jimin, no qual me esperou na entrada, evitando as encaradas dos policiais dali, até chegar à mesa onde o detetive Derick estava conversando com Mônica, que tinha Soobin e Otto em seu lado, conversando entre eles, todos tensos. Assim que sentamos nos espaços vagos, a atenção de todos se direcionou à nós.

- Vocês chegaram. - Derick exclamou, parecendo surpreso. - Pensei que não viriam mais.

- Aconteceram algumas complicações no caminho. - Jimin comentou, meio receoso, e eu concordei com a cabeça, com uma cara infeliz.

Soobin saiu de seu lugar e veio até mim, com certa pressa, e me abraçou com força. Seus olhos estavam inchados e suas bochechas vermelhas, parecendo ter chorado o caminho todo para cá. Levei minhas mãos até suas costas e intensifiquei o carinho. Eu estava precisando tanto quanto ele.

- Vai ficar tudo bem. - falei, acariciando seus cabelos roxos. - Estamos juntos agora.

- Eu não quero vê-lo, Hobi... ele matou a omma e tentou fazer o mesmo com a tia Mônica. - disse o garoto de treze anos, inquieto.

Levei meus olhos pelas pessoas do mesão. Mônica parecia tão nervosa quanto os dois garotos, enquanto Derick tentava manter-se firme, pois era seu trabalho, mas dava para ver que estava bem aflito também.

- Ele está assim a semana inteira. - Otto se pôs a falar. - Eu até tentei acalmá-lo, mas não posso mentir que estou no mesmo nível de nervosismo que ele. Ver o Marcelo é... desafiador.

- Derick, os meninos precisam mesmo participar disso? - perguntei eu, saindo do aperto de Soobin, porém o mantendo ao meu lado. - Mesmo que sejam maduros para as idades que tem, eles ainda são crianças.

O detetive suspirou e levantou-se da mesa, começando a andar pela sala relativamente cheia. Ele parecia bastante pensativo, como se reformulasse seu plano original em sua cabeça. O olhar de todos da mesa iam à ele, esperando uma resposta.

- Ainda acho ideal a presença deles, - começou o loiro barbudo ao sentar novamente, apoiando seus punhos fechados na mesa. - mas se não se sentem confortáveis, não tem problema.

Todos respiraramos aliviados com aquilo. Eu entendia os dois garotos, eu mesmo não queria ver o cretino do Sr. Min. Muito menos ter de trocar palavras com ele.

- Jimin, você pode ficar com eles lá fora? Quando terminarmos aqui, teremos nossa conversa. - explicou Derick à Jimin, que concordou logo de cara.

- Detetive Derick, o detento está à caminho. - um dos guardas disse ao se aproximar. Derick agradeceu.

- Venham com o tio Jimin, crianças. - o loiro mais novo presente disse, se levantando.

- Nem pense que eu vou te chamar de tio. - Otto apontou antes de sair, tirando risadas fracas de todos. Pelo menos algo para sair um pouco desse clima pesado. Pesado até de mais.

Assim que os três jovens sairam de vista, o homem que costumava ser careca adentrou na sala, algemado e acompanhado de dois guardas. Sua feição estava séria e ele parecia desejar nossas mortes com todas as suas forças. Os guardas o puseram sentado afastado de nós e continuaram ali para assegurar que ele não tentasse nada, mesmo que parecessem não prestar muita atenção no trabalho deles.