[18] Gratidão

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MINHA CASA - 12 DE MARÇO, 12:11 PM

Eu estava no corredor do andar de cima quando vi meu celular cair no chão e rachando levemente a tela, mas eu certamente não liguei. Levei minhas mãos, que não paravam de tremer, até meu rosto que suava frio. Minha cabeça doía forte com a informação dada e eu sentia que minhas pernas iriam parar de funcionar em qualquer momento, me deixando cair. Me afastei do aparelho, dando passos para trás, em uma tentativa de me acalmar. Meu estômago ficou embrulhado com as falas de Jungkook. Aquilo só podia ser um sonho. Se não isso, seria o quê?

Sophi. A pequena Jung Sophi. O que ela teria feito para merecer algo tão trágico? Sempre foi amável com todos, sempre educada, e além de tudo, era um prodígio para sua idade, o orgulho de seus pais. Ela tinha um futuro brilhante e uma vida longa pela frente. Provavelmente seria uma grande escritora, ou até mesmo uma pintora renomada. Mas tudo isso foi tirado dela. Mesmo tão nova...

Continuei a dar passos para trás, querendo levar aquele pensamento para longe, fingir que não era real. Nesse processo, esbarrei em uma das mesas completamente inúteis que haviam naquele corredor, quebrando duas estatuetas de uma vez, ao que foram ao chão.

Puta merda! — gritei alto, sem me importar se me escutassem, e não era por conta das estátuas despedaçadas.

Aparecida surgiu das escadas, com uma expressão de raiva em seu semblante, mas ao ver que quem tinha cometido o acidente era eu, mudou sua feição para preocupação. Eu nunca fui desastrado e ela sabia muito bem disso. Ela se aproximou, analisando meu rosto vermelho junto ao cenário onde estávamos.

— Querido, o que foi? — perguntou, encarando meus olhos brilhantes, que tentavam conter as lágrimas.

Eu só consegui me jogar para os braços da mais velha, desabando como uma singela criança. Meus berros eram abafados pelo corpo da mulher, no qual eu estava agarrado. Ela dizia "vai ficar tudo bem" repetidas vezes, enquanto eu finalmente soltava as lágrimas contidas. Nos aconchegos da senhora, eu fui pondo tudo para fora, e com isso me acalmando. Aparecida tinha esse poder sobre mim. Com ela, tudo que eu tentava prender, saía automaticamente. E agora a dor que, por alguns minutos, eu tentei negar, estava sendo empurrada para fora. Empurrada com toda a força que eu tinha.

CASA DOS JUNG'S - 12 DE MARÇO, 12:42 PM

Parei minha moto na calçada de Hoseok, deixando meu capacete dentro do baú, e caminhei rapidamente até a porta. Ao que bati na porta, uma brecha se abriu, mostrando que ela estava somente encostada. Entrei no local e senti uma leve dor de cabeça com tanta informação em posta à minha frente.

Sra. Jung estava ao lado do sofá da família sentada no chão, abraçando seus joelhos e chorando alto, enquanto Taehyung, que estava no sofá, tinha Soobin deitado em suas coxas, adormecido, porém com os olhos inchados. O pai de Hoseok conversava com o detetive Derick, na porta da cozinha, os dois pareciam bem sérios. Jungkook e Jin se abraçavam, sentados na escada, chorando mais quietos, diferente da mãe da casa. Já Jihyo estava sentada no outro sofá, ao lado de um homem e uma mulher, que abraçavam a garota enquanto a mesma chorava mais leve, um diferencial importante, já que os outros tinham lágrimas recorrentes nos olhos, como rios intermináveis. Tudo isso com uma iluminação horrível e um som baixo e chiado de algum rádio que havia por ali.

Tive de olhar duas vezes para conseguir compreender tudo em frente, todas as pessoas, todas as formas de sofrimento de cada um. E olhar mais uma vez para notar que Hoseok não estava no meio de toda aquela gente. Por que o ruivo não estaria ali em um momento tão trágico como aquele?

Caminhei até Jungkook e Jin nas escadas, tentando não trazer a atenção de todo aquele povo para mim. Os dois garotos trouxeram seus olhares para mim e sorriram fraco. Eles abriram um espaço ao meio deles e eu me sentei ali, sendo abraçados por ambos.

Seven DeathsOnde histórias criam vida. Descubra agora