Seven Deaths

[27] Normal Anormal

JUNG HOSEOK

MINHA CASA - 21 DE ABRIL, 07:02

Eu nem precisei que despertador tocasse para que eu acordasse. Mal consegui dormir à noite e tinham motivos plausíveis para isso: Soobin está há uma semana na casa de Mônica, conhecendo seus irmãos, o que deveria me deixar feliz... mas estou completamente ansioso por não tê-lo aqui; Sunghee, minha mãe, disse queria depor sobre o caso de Sophi, e seu terapeuta afirmou que ela já estava pronta para tal, o que deveria me aliviar, já que o caso iria para frente, mas eu estava preocupado se ela estaria realmente pronta para isso; e o que, com certeza, tinha mais peso em minha insônia: eu iria visitar Marcelo, o pai dos quatro Min's, hoje logo, logo. Esta está absolutamente me enlouquecendo porque, mais uma vez, eu estaria ali para ajudar a polícia, como estava para ajudar no baile há um mês atrás. E, mais uma vez, era relacionado ao o Marcelo, pois o desgraçado se recusa à cooperar. Ele, sim, está condenado pela tentativa de assassinato de Mônica e o abandono de seus filhos, mas em nenhum momento, ele admitiu ter matado Yangmi, ou, caso esteja viva, saber de seu paradeiro. Então eu, Soobin, Mônica e seus filhos iríamos tentar falar com ele e retirar algo que prove seu envolvimento com o desaparecimento – ou morte – da mãe de Yoongi e Soobin.

Eu já havia tomado meu banho matinal e vestido uma roupa qualquer: calça jeans preta, blusa cinza e meu par de Vans pretos de sempre. Eu estava sentado em minha cama, batendo meus pés no chão repetitivamente, esperando a mensagem de Jimin. O garoto me acompanharia, uma vez que ele iria conversar com Derick sobre algo entre eles dois – que o loiro não quis me dizer, então deixei quieto –, e o detetive estaria na prisão para nos orientar sobre toda a questão do Marcelo.

Mônica levaria as crianças consigo para a visita, e eu voltaria com Soobin e Otto quando tudo acabasse. O mais velho das crianças ficaria um tempo com Soobin em minha casa, uma vez que tenho voltado à escola e ao trabalho aos poucos. Jihyo disse que ficaria com eles sem problemas, e que, como os dois são quietos e responsáveis, passaria à estudar em minha casa.

Yesung, meu pai, voltaria à trabalhar e só tiraria folga para levar minha mãe na terapia.

Estávamos todos tentando nos adaptar ao novo "normal". Um normal sem a Sophi e o Yoon em nossas vidas. Um normal completamente anormal.

O som de leves batidas na porta veio ao meus ouvidos, fazendo com que eu parasse de encarar meu celular, esperando um sinal de vida do Park. Levantei da cama e fui até a entrada do cômodo e a abrindo, vendo, surpreso, minha mãe. Ela tinha uma cesta de piqueniques em suas mãos e um sorriso sem dentes no rosto. E diferente de todas as vezes que eu a via fora de seu quarto, ela estava bem vestida. Ao invés de sua camisola e seus cabelos ruivos embaraçados, ela vestia um short jeans e uma blusa de alça fina azul, com seus cabelos, maiores do que eu me lembrava, bem penteados. Ela tinha uma energia boa e parecia estar feliz depois de muito tempo, o que me acalmou, não só na ideia da mulher depor, como no quesito de visitar Marcelo, que, apesar dela não ter nada a ver com isso, só o fato de ver minha mãe bem, me deixava bem.

— Bom dia, querido. — falou, me puxando para um abraço apertado. Ficamos ali por uns dois minutos, aproveitando os corpos um do outro, que não se encostavam há tempos. — Fiz alguns lanches para você e Jimin, pois como os conheço, tenho certeza que não comeriam nada antes de sair, por conta do nervosismo mesmo. — explicou, levantando a cesta após o fim do abraço.

— Ah, mãe… você está cozinhando? Que incrível. — falei, sorrindo grande após pegar a cesta. Tinha tanto tempo que a mulher não cozinhava. Havia tanto tempo que a mulher não fazia nada além de sofrer em seu quarto. — Obrigado, sério. Você é demais!

— Que nada, filho. Eu estou melhorando, acredite. A terapia está me fazendo muito bem, e pelo incrível que pareça, seu pai também. — eu via a sinceridade em seus olhos, a felicidade. De alguma forma, meu pai estava somando para a melhora da minha mãe, e, mesmo que eu ainda abobinasse o que ele fez há três anos, eu estava grato por tê-lo nesse momento.