[04] Por ele

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PORTÃO DA ESCOLA - 14 DE OUTUBRO, 12:45 PM

— Oi, mãe. — falei eu, assim que me afastei dos meninos e atendi meu celular.

— Min da Souza Yoongi, cadê você?! — perguntou a mais velha, quase aos berros.

A voz de minha mãe parecia um tanto trêmula, não havia como eu saber o motivo, mas creio eu que tenha algo a ver com o pai.

— Mãe, não use este "Souza", sabe que eu odeio — disse eu, a escutando suspirar. — Estou na escola, não se preocupe.

— Não me preocupar? Você não voltou para casa ontem, não deu nenhuma notícia, não pegou seu irmão na escola e ainda quer que eu não me preocupe?!

— Como se você se importasse, não é? Vive dizendo que eu sou um encosto na vida de vocês e agora vem dar uma de mãe super protetora? — falei em um tom de voz bem elevado, e confesso, me exaltei um pouco.

A linha então fica muda, minha mãe está calada e eu só consigo escutar sua respiração pesada. Eu encosto minha mão direita em minha testa, pensando se foi ético jogar isso em sua cara assim, por telefone e de forma grosseira, como se ela também não tivesse problemas consigo mesma.

— É... desculpa, mãe. Eu não devia... — Antes que eu terminasse de falar, a mulher interrompe, dizendo:

— Não precisa se desculpar. — ela suspira ao pausar sua frase. — Você está certo... eu venho lhe tratando feito lixo, sendo que você e seu irmão são o que mantém de pé um pouco da sanidade que ainda me resta. — fala, fazendo meus olhos se arregalarem na hora. — Eu que devo te pedir desculpas. Te pedir desculpas por eu ser essa pessoa horrível, que devia, na verdade, ser seu refúgio, ainda mais com seu pai sendo esse homem tão agressivo. Eu realmente sinto muito, meu filho, e entendo você me odiar por tudo que te fiz.

Percebo que estou com meus olhos cheios de lágrimas, tremendo e com meu rosto extremamente pálido. Esse pedido de perdão é uma bomba na minha mente e eu não faço ideia de como reagir. Minhas mãos, que estão trêmulas, deixam o celular cair no chão e eu não consigo sequer me mexer.

Consigo ouvir minha mãe chamando meu nome na linha algumas vezes até desistir e desligar a chamada. Eu, lentamente, recuo de onde estava o aparelho e tropeço em algo, caindo no chão em seguida. Meu corpo inteiro está tremendo e eu não consigo controlar minhas lágrimas. Nunca imaginei receber um pedido de desculpas de alguém de minha família, até porque, para mim, eles nem sequer se arrependiam.

— Yoon? — ouvi Taehyung chamar e se aproximar de mim, junto à Hoseok.

— O que aconteceu? — o ruivo perguntou. O tom dos garotos soavam calmos, talvez para não me assustar.

Eu os olhei e então senti uma leve melhora. Hoseok era o meu remédio. Limpo minhas lágrimas e me levantando com um pouco de dificuldade.

— Minha mãe... — pausei a frase, pegando meu celular no chão e encarando o aparelho. — ela se desculpou.

Hoseok abriu um sorriso sem dentes, porém não parecia estar feliz e sim preocupado, já Taehyung alternava olhares entre eu e o garoto esperança, com uma expressão confusa estampada em sua face.

— Eu preciso ir para casa. — afirmei eu, caminhando até o banco onde estávamos para pegar minha bolsa.

Hoseok viu que eu realmente estava indo em direção ao quarteirão onde eu morava e então correu em minha direção, com Tae vindo logo atrás de si. Ele segurou meu braço, me fazendo parar, e perguntou:

— Você tem certeza disso? Seu pai pode estar lá.

— Eu não ligo! - respondi eu, estressado, soltando-me de sua mão. — Eu preciso tirar minha mãe e meu irmão daquele inferno, nem que seja para morar em baixo de uma ponte qualquer.

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