Seven Deaths

[14] No Bosque

MINHA CASA - 05 DE MARÇO, 14:02 PM

Ao entrar em casa, vejo Soobin na sala, lendo seu livro sobre a ditadura militar. Ele estava nas últimas páginas e parecia concentrado na leitura, então somente bagunço seus cabelos, em um ato de cumprimento, e me dirijo para a cozinha. Sophi estava sentada à mesa, fazendo sua tarefa da escola, e eu levei um susto ao ver uma mulher de cabelos lisos batendo nos ombros, estava lavando a louça, provavelmente do almoço, dos meninos. A garota vestia uma saia quadriculada junto a uma regata branca, que estava por dentro da veste quadriculada. Seus pés estavam calçados por um par de Havaianas brancas comuns.

— Boa tarde? — perguntei, chamando a atenção da mulher. Ao que ela se vira, eu a reconheço. — Jihyo?

Jihyo é a nossa vizinha da frente. Ela mora com seus pais (ou tios, não sei ao certo), mas a mesma nunca está em casa, sempre estudando na biblioteca pública da cidade, ou tomando um café em algum Starbucks por aí. Bem clichê, mas era fofo. Fiquei surpresa ao vê-la ali, porque, além da menina nunca estar em sua casa, ela nunca veio à minha. Pelo menos enquanto eu estava presente.

— Ah, olá, Hoseok. — diz, pegando um pano de prato para secar suas mãos. — Você finalmente chegou.

— Desculpe, aconteceram uns imprevistos. — falei, pondo minha bolsa em uma das cadeiras da cozinha. — Mas por que está aqui?

— Sua mãe ligou lá para casa e perguntou se eu podia ficar com as crianças, já que você não havia chego ainda. — disse, se direcionando a porta da cozinha. — E também disse para você ficar de olho no celular, ela gosta de ser atendida. — diz, com um sorriso simpático no rosto, e eu olho o meu aparelho na hora, vendo algumas ligações perdidas da minha mãe.

— Droga! — cochicho, e então bloqueio o celular. Fiquei tão preocupado com Lee Taemin que eu esqueci das crianças.

Eu ainda havia mais uma semana em casa antes de voltar a trabalhar após a escola. Por isso, mamãe pediu para que eu ficasse com as crianças, assim dando um desconto no que ela iria ter de pagar à babá, que cobrava semanalmente. Óbvio que aceitei, além do mais, eu não havia nenhum compromisso durante aquela semana, uma vez que eu havia parado de ir à psicóloga. Cíntia já estava me dando nos nervos. Além de eu só ter começado a frequentar seu consultório por conta dos pedidos excessivos da mamãe.

— Obrigado, Jihyo. — falo, levantando da cadeira e a acompanhando até a porta da frente. — Desculpe se eu te atrapalhei em algo. Sei que você está sempre estudando.

— Ah, de boa. — ela deu um sorriso largo. — Vocês deram sorte de terem me pego em casa. — ela ri. — Enfim, eu vou agora. Se precisarem de mim, estou na casa da frente.

Ela grita um "tchau, crianças!" da porta, que é retribuído pelos pequenos e então ela se vai, após acenar para mim. Entro novamente na casa, sentando-me ao lado de Soobin, que havia terminado seu livro e agora procurava algum documentário na Netflix sobre o mesmo assunto. Esse menino é realmente interessado em História, pensei. Dou uma leve corrida até a cozinha e vejo que agora Sophi está escrevendo algo em seu caderno de caligrafia, com um grande sorriso no rosto. Fiquei extremamente entediado em ver como esses meninos se divertiam com tão pouca coisa.

Volto ao meu sofá, dessa vez com Crepúsculo nas mãos, pronto para retomar a minha leitura de onde parei no hospital, quando meu celular toca. Era Park Jimin.

— Oi, loirinho. — brinco, ao atender.

— Hoseok, eu preciso de companhia. — diz, com sua voz trêmula, ignorando minha brincadeira e mostrando seu nervosismo. — Preciso desabafar.

— Vem para cá. — digo, sendo direto e acabando com o tom anterior de brincadeira em minha voz. — Sabe que eu estou aqui para você.

— Eu sei... — diz, e então fica em silêncio por um tempo. Nesses segundos em silêncio, noto como sua respiração estava pesada. O garoto não estava nem um pouco bem. — Tem que ser em um lugar específico. — explica, e um som de balanços de chaves é ouvido. Provavelmente as chaves de sua moto. — Pode me encontrar na praça perto da minha casa?