[01] À Prova de Balas

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Algumas datas serão importantes, fique de olho.

MIN YOONGI

MINHA CASA - 13 DE OUTUBRO DE 2018, 06:37 AM

— Eu já lhe disse para você sair deste quarto, garoto! — aquela voz feminina irritante invadia minha mente, fazendo-me sentar na cama, na qual eu estava deitado olhando para o teto. Na verdade, naquele momento da minha vida, qualquer voz já era irritante para mim. — Além de atrasado, você vai ficar doente de novo se continuar aí trancado!

Mas aí vem a pergunta: "de novo?". Sim, eu já tive depressão e tentei tirar minha própria vida, mas antes de ter êxito, dois amigos vieram a me convencer que viver era melhor. O que eu acho que está se provando o contrário. Nada melhorou, tudo só vem a piorar. Meus amigos e família me tratam com indiferença, e isso só me deixa mais para baixo.

Levantei-me de minha cama e acendi um pequeno abajur, que não iluminava praticamente nada, da forma que me agradava. É, "agradar", pois eu já não gostava de nada fazia tempo. Peguei minha toalha que estava jogada em algum canto daquele cômodo, uma calça preta e uma camisa de mangas longas quadriculada marrom, para esconder meus antigos cortes no pulso. Eu já não me cortava mais. Não por que um amigo me ajudou a melhorar, ou por que eu tive várias conversas com um psicólogo, mas, sim, porque eu vi que aquilo não me levaria a lugar nenhum. Se eu tivesse de morrer, eu faria de uma forma mais fatal.
Me dirigi ao banheiro de minha pequena casa, ignorando totalmente a gritaria entre minha mãe e meu irmão que havia ali.

Eu só queria que todos se calassem. Não aguentava mais aquele inferno. Todo dia, não importava o horário, todos estavam gritando. Com meu irmão mais novo por ele não fazer nada para ajudar em casa; comigo, já que qualquer coisa que eu fizesse, para ele, eu estava tentando me matar mais uma vez; com minha mãe, porque ela não lavava, passava e limpava corretamente, como se ela fosse obrigada a saber essas coisas por ser mulher. Ou seja, meu pai era quem gritava com todos. Porém, ninguém podia falar dele, pois ele "estava sempre certo". Isso é, "certo" pelo motivo de dependermos financeiramente dele.

Abri o registro do chuveiro, fazendo com que a água morna batesse em minhas costas e eu relaxasse, o que é bem difícil de uns meses para cá. Enquanto me ensaboava, ouvia gritos e batidas na porta, pedindo que eu terminasse rápido, que foi ignorado facilmente.

Após terminar, fechei o registro e, calmamente, me sequei com a toalha macia que trouxe de meu bagunçado quarto, não ligava mais de arrumar aquele cômodo. Eu já não ligava de fazer muita coisa. Vesti minhas roupas e voltei à meu pequeno lixo no qual eu dormia todo santo dia, e em seguida pegando minha bolsa, para, enfim, ir para a escola, o segundo inferno da minha vida. O primeiro era a minha própria casa.

"Quando eu acordo no meu quarto, eu sou só um ninguém"; era o que dizia uma de minhas antigas músicas favoritas. Ela era dançante, por isso não escutava mais, meu gosto musical atual só continha músicas tristes e desanimadas. Música clássica era o único estilo em que eu ainda me interessava, mesmo que muitas das faixas que eu escutava serem um tanto melancólicas.

Desci e me levei a cozinha, sentando-me na mesa para tomar café. Meu pai havia levado meu irmão para a escola, seguindo após para o quartel, sobrando somente minha mãe e eu em casa. A mulher se encontrava lavando a louça do café da manhã tomado sem mim, como de costume. Isso não me afetava.

— Você demorou no banheiro. — disse minha mãe ao ver-me sentado. — O café esfriou.

— Tanto faz. — digo, pondo um de meus fones em um dos ouvidos, ligando em minha playlist de música clássica, e pegando uma torrada fria que estava na mesa, ao lado de uma jarra de suco de laranja.

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