JUNG HOSEOKCONSULTÓRIO - 10 DE JANEIRO, 14:32 PM
— Boa tarde, Jung Hoseok. — disse a mulher em minha frente, ao que eu me sentava. — Sou a Doutora Cíntia, e vou ser sua psicóloga nos próximos meses.
Psicóloga... Em que situação eu cheguei? Estou tão mal assim?
— Boa tarde, Cíntia. — digo, dando um sorriso cabisbaixo.
Faz seis dias desde a morte de Yoongi. Seis dias em que eu não paro de chorar ao ver ou ouvir qualquer coisa que me lembre a ele. Seis dias que eu estou morto internamente. Porque, sim, eu morri ao que saí daquela cabana, deixando-o para trás.
— Eu sei que você está passando por um momento difícil. — levei meus olhos aos olhos esverdeados dela. É como se eu pudesse ver uma enorme floresta nos olhos dela. — E é por isso que eu estou aqui, para te escutar e, assim, te ajudar de alguma forma.
Me ajudar? Uau! Eu não sei se é por que eu não estou nem um pouco afim de estar aqui, mas parece que tudo que saiu daqueles lábios carnudos até agora estão, de alguma forma, me desafiando. Me desafiando a ficar bem. Me desafiando a ficar feliz novamente. Sinto pena por ela, pois eu tenho a plena certeza de que ela não poderá me ajudar, como ninguém me ajudou até agora. Minha mãe. Meus amigos. Minha irmã.
— Então, eu preciso que você me conte desde o início. Desde o momento que você começou a se sentir vazio. — ela fala, calmamente, e então pega um pequeno caderno e uma caneta preta. Havia um pompom rosa na tampa do pequeno objeto, que levou meus olhos a encararem o movimento que fazia conforme a mulher anotava algo. Talvez o fato de eu não respondê-la.
— Ok. — digo, finalmente. — O que eu tenho a perder?
Me ajeito na cadeira em que eu estava sentado, tentando achar uma forma confortável de contar o que houve na noite do incêndio. Na noite em que eu perdi Yoongi.
— Creio eu que em minha ficha já tenha descrito o que houve ao meu namorado. — digo, e ela concorda com a cabeça, balançando levemente seus cabelos bem cacheados. — Que bom. Não sei conseguiria falar isso sem me destroçar novamente. — ela começa a escrever em seu caderninho, como se me analisasse até a forma como falo. Provavelmente é isso mesmo.
Eu a olho escrevendo em seu bloco de anotações. A forma como ela move sua mão para escrever. Analiso sua posição, com as pernas cruzadas e dando breves pausas em sua escrita para por seus cachos atrás das orelhas, onde possuía um par de brincos azul brilhante. Ela vê que eu estava a observando e para com suas anotações. Com toda a certeza ela escreveu: "Demora para falar e não para de me encarar". Seu olhar simplista veio em encontro ao meu e eu desvio, levando meus olhos à um vaso de cactos que havia na sala.
— Depois que saí da cabana em chamas, — comecei, ao meio ao silêncio que havia se instalado. — eu corri até qualquer algum lugar que estivesse aberto, procurando ajuda. Uma senhora, já idosa, que acabara de fechar seu comércio com ajuda de seu neto me socorreu. — digo, começando a bater o pé no chão seguidamente. Comecei com essa mania depois do incêndio. — Eles me emprestaram o celular e eu liguei para Taehyung, pedindo que o garoto viesse ao meu encontro, já que o mesmo estava na cidade também.
Sinto um aperto no peito ao lembrar da cena. Taehyung chegando na casa da senhora com uma tremedeira forte, me abraçando com seus braços acolhedores e dizendo ia ficar tudo bem. Por alguns segundos eu acreditei nele, até ver todo o estrago que foi instalado em minha cabeça.
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Seven Deaths
FanfictionYoongi, um jovem que luta para se recuperar de sua depressão. Hoseok, o que sofre por uma perda e sente que deve vingar a tal. Jimin, o adolescente no qual sente-se na obrigação de encontrar alguém perdido, alguém especial. Jungkook, quem deve descu...