Seven Deaths

[10] Mônica Vieira

CONSULTÓRIO - 07 DE FEVEREIRO, 14:46 AM

— Então o único amigo que você tem mantido contato é o menino loiro? — pergunta Cíntia, terminando uma de suas anotações e pondo sua "caneta pomposa", como eu a chamo, em cima de seu caderninho.

— Sim, o Jimin. — confirmo, massageando minhas coxas em um ato de me desestressar. Eu não gostava de estar ali, expondo minha vida para uma total desconhecida, que, no final de tudo, só diz um "nos vemos na próxima consulta" e fica por isso mesmo. Não entendo nada de psicologia, mas não sei se acho esta moça uma boa profissional em sua área.

— E você sabe me dizer o motivo pelo qual é especificamente ele, e não o Namjoon, ou até mesmo o Taehyung, que você disse que é seu amigo mais próximo entre todos?

Analiso a questão que é posta em jogo. Eu, na realidade, não sabia o motivo pela aproximação repentina entre mim e Jimin. Só sei que desde o dia em que ele foi em minha casa cuidar de mim e das crianças, o mesmo se tornou o único em que a presença não me incomoda.

— Na verdade, eu não sei. — respondo. — Eu só sei que isso começou há poucos dias. Quando ele foi à minha casa e quebrou um prato. — a psicóloga ri levemente, provavelmente por conta da forma que eu disse: dando de ombros e gesticulando um prato quebrando.

— Certo. — diz, anotando outra coisa em seu bloco. Observo o pompom rosa se movendo para lá e para cá. Minha vontade era de agir como um gato e agarrar o pequeno objeto com minhas garras imaginárias. — E foi você quem o convidou para ir em sua casa?

— Não. Ele me ligou algumas vezes para pedir permissão, mas eu estava dormindo. — falo. — Quando acordei, ele estava na cozinha fazendo queijo quente para os meus irmãos.

Cíntia parece pensar seriamente, como se tivesse vários cálculos em sua cabeça e ela tivesse de dar tudo de si para resolvê-los. Ela pergunta em seguida:

— Se você tivesse visto estas ligações, você teria permitido que o garoto fosse te visitar?

Reflito sobre o que foi perguntado. Eu não havia pensado nisso antes. Eu com certeza não teria deixado Jimin ir me ver. Eu queria ficar sozinho, sem a energia de ninguém que não fosse Soobin e Sophi. Se eu não estivesse dormindo, com minha pressão lá em baixo, eu provavelmente não estaria tão próximo do loiro como estou agora.

— Não. — digo. — Não teria permitido.

Ela sorri como se tivesse ganhado um prêmio. Creio eu que seus cálculos imaginários tenham sido resolvidos.

— Nenhum dos outros meninos foram te visitar até hoje, certo? — eu confirmo com a cabeça. — Você viu que, em comparação aos outros, Jimin se preocupou mais com você, ignorando seu pedido de ficar sozinho, pois pensava que você poderia estar doente. Ao notar isso, você ficou aberto a vê-lo sempre.

Ok, isso fazia sentido. Bastante sentido. Mas não era para ela ser minha psicóloga? Por que ela parece uma detetive? Faz parte do tratamento?

Antes que eu pudesse falar alguma coisa, ela olha seu relógio e com isso eu sabia que teria que deixar minha fala para a próxima consulta.

— Até a próxima. — digo, antes que ela a fizesse, e saio da sala. Talvez eu tenha sido um pouco grosso, mas eu estava desesperado para sair do local.

Entro em meu carro e vejo que havia algumas chamadas perdidas da minha mãe. Posiciono o celular no suporte e então saio com o carro, ligando para ela quando já estava no centro da cidade.

— Mãe. — chamo, ao que ela atende o celular. — Vi que a senhora me ligou, aconteceu algo?

— Na verdade, sim. — diz ela. Sua voz soava em um tom de nervosismo. — Seu pai está aqui...