[21] Mentir Para Libertar

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MINHA CASA - 14 DE ABRIL, 20:41 PM

- Jimin, vamos logo, menino. - pediu Jungkook, bufando, enquanto mexia em seu celular, sentado em minha cama, dessa vez arrumada.

Jungkook não parava de reclamar o quanto eu estava demorando. Estávamos nos arrumando para o encontro de dança, e o mais novo já estava pronto, com seu jeans preto rasgado nos joelhos, seu par de coturnos pretos, sua camisa branca marcando seu peitoral e uma jaqueta jeans azul. Ele estava completamente encantador, enquanto eu estava de cueca encarando o guarda roupa, pensando no que vestir.

- Como é possível uma pessoa tão pequena ter tanta indecisão dentro de si? - disse, rindo de sua própria piada ruim. - Não era para caber.

- Jungkook, eu vou te dar um soco lá em baixo. - falei, sem tirar os olhos dos cabides no qual eu mexia. Peguei um conjunto de roupas e pus em minha frente, virando meu corpo para o mais alto. - O que acha?

- Tá ótimo, amor. Tá lindo de mais.

- Você só diz isso porque eu tô demorando! - bati meu pé no chão e joguei os cabides nele. - Seu chato.

- Chato é você, sua criança birrenta. - tirou a roupa de cima de si para me encarar com um semblante cínico. - Olha aqui, meu alecrim dourado, o Hoseok vai chegar logo e você ainda tá só de cuequinha de Pikachu.

Quando Jungkook e eu estávamos no balcão da cozinha, à tarde, conversando com Aparecida, ao que ela preparava uns sanduíches para nós - mesmo que nós tivéssemos dito que faríamos, ela insistiu em montá-los -, lembrei do dia em que apareci na casa de Hoseok para fazer queijo quente para Sophi, Soobin e para o ruivo, e juntamente à esta lembrança boa, veio a que Hoseok estava acabado em seu quarto, sofrendo pela perda de sua irmã mais nova. Sim, desde aquele dia, ele estava psicologicamente melhor, e a aparência precária em que o encontrei não existia mais, ele estava se cuidando, mesmo que de pouco em pouco. Mas ainda assim, eu sabia de suas sequelas. Ter que ver quadros com a menina todos os dias. Ver o estado crítico de sua mãe. Acolher Soobin, que estava totalmente quebrado por dentro. E ainda ter a presença de seu pai, no qual ele veio evitando durante três anos. Com certeza, essas situações não o faziam melhorar, e por isso decidi ligar para o garoto e chamá-lo para sair conosco, para distrair-se um pouco. Felizmente, ao ouvir a palavra "dança", ele topou imediatamente, falando que nos buscaria às nove horas aqui em minha casa.

- Você estaria lindo até vestindo uma cortina. Então, por favor, escolha uma roupa logo. - pediu, se ajoelhando em minha frente, suplicando.

- Se continuar assim, terei de pedir para fazer uns trabalhos aí em baixo. - falei eu, pondo minha mão em sua cabeça e acariciando o local.

- Park Jimin! Que golpe baixo! - ele disse, em um tom mais alto, rindo bastante ao que se levantava. - Assim você me deixa com vontade. - envolveu minha cintura com seus braços e me puxou para perto, aproximando nossos lábios, mas parando assim que um beijo se iniciaria. - Só quando você se vestir.

- Meu pai do céu, e eu que uso golpe baixo? - falei sorrindo, e empurrando o mais alto na cama, recebendo gargalhadas do mesmo.

Acabei por vestir um jeans preto, dobrando as barras, um suéter branco - que roubei do Jungkook no início de nosso namoro - e um All Star de mesma cor, um tanto sujo, mas nada tão porco. Jeon suspirou em alívio ao me ver, finalmente, pronto. Deixou uns beijos pelo meu rosto, e após pegar nossas carteiras, chaves e celulares, me puxou para o andar de baixo, para assim, esperar Hoseok ali, na sala de estar. Aparecida estava no sofá assistindo sua novela diária, e ao nos ver, ofereceu a TV, mas, é claro que rejeitamos. Não iríamos tirar o conforto da mulher.

- Querido, seus pais sabem que vão sair? - Cida perguntou para mim, ao que os comerciais se iniciaram. - Eles devem chegar daqui à pouco.

Sorri envergonhado para a mulher. Eu não havia avisado aos meus pais sobre tal atividade, somente havia dito que iria à casa de Jungkook assistir alguns filmes com o mesmo e voltaria mais tarde. Sim, mais mentiras. Mas eles não deixariam eu sair de alguma forma se soubessem que eu estava indo à um encontro de dança de rua. Eles mal gostam de dança, imagina algo mais "delinquente", como as pessoas julgam a dança de rua.

Seven DeathsOnde histórias criam vida. Descubra agora