Seven Deaths

[13] Fios Rosas

PONTO DE ÔNIBUS - 05 DE MARÇO, 06:46 AM

Realidade. Era para isso que eu estava voltando, e eu não queria aceitar.

Mais um ano letivo estava se iniciando e eu não conseguia sequer imaginar o que estava me esperando. Meu terceiro ano iria começar, iria participar de diversos concursos e do assustador vestibular que engloba quase todas as universidades do país, iria voltar ao meu emprego de meio período, além da empresa de dança na qual tinha assinado contrato, e, de alguma forma, ainda queria encaixar um preparatório online no meio disso tudo. Eu estava assustado. Porém, ainda assim, havia um medo maior ao chegar a escola hoje: Yoongi. O fato de Yoongi não estar mais conosco pesará, contando o fato que, provavelmente, a escola inteira já deve estar sabendo de seu falecimento, o que, com certeza, trará olhares para mim e para os meus amigos presentes. Sejam olhares de pena, ou até de julgamento. Sabe-se lá o que passa na cabeça das pessoas.

— Bom dia! — desejou o loiro, com seu sorriso radiante no rosto, ao chegar ao ponto de ônibus. Ele vestia jeans azuis novos, com as barras dobradas, uma camisa branca, sem estampas, por dentro do jeans, e seu par de Converse All Star preto cano alto. Ou seja, dentro dos padrões de vestimenta da escola. Eu vestia basicamente o mesmo, com a diferença de que eu usava os meus Vans. — Pronto para o último ano?

Era incrível como Park Jimin estava sempre brilhando. Não literalmente, claro. Contudo seu sorriso, seus olhos, e até seus cabelos parecem estar cintilantes a todo momento.

O garoto parecia realmente animado para seu último ano escolar. Talvez por, finalmente, ter a liberdade de poder seguir com seu sonho de ser dançarino profissional. O que, segundo ele, seus pais só permitiriam se o mesmo não dependesse deles para nada. Então, terminando o ensino médio e completando seus dezoito anos, ele sairia de casa, para assim, seguir seus objetivos.

— Na verdade, não. — o respondo, com um sorriso fraco em meu rosto. — Não sei se estou pronto para encarar a escola sem o Yoongi.

— Ah, Hoseok. — falou, pondo seu braço sobre meus ombros após sentar ao meu lado. — Eu também pensei muito nisso essa noite. Eu mal dormi.

— Mas você parece tão bem com isso. Parece tão feliz. — suspiro, curvando minha coluna para frente, deixando minha energia descontente sair de meu corpo.

Jimin, que estava com a mão em minhas costas, olhava o horizonte, sorrindo ladino. O sol estava ao final de seu nascimento, deixando o céu em um tom amarelado, como os cabelos do menino. Ele transmitia confiança. Transmitia coragem. E aquela luz natural em seu semblante, entrando em sintonia com seu tom de pele, deixava-o ainda mais tranquilo do que aparentava.

— Sim. — fala, trazendo seu olhar para encontrar meu rosto. Era como se eu olhasse para o sol. — Eu realmente estou bem.

Sua voz era tranquila e acolhedora. Minha vontade era de ouvi-lo neste tom de voz todos os dias.

— Mas deve-se ao próprio Yoongi. — continuou. — Pensa só, ele iria querer que deixássemos de aproveitar nossos últimos momentos na escola por conta do mesmo? — perguntou, levando sua face para a luz amarela do céu novamente, que já estava indo embora. Sorrio ao imaginar Yoongi mandando a gente ir para o inferno e esquecer dele. Ele, com certeza, não iria desejar que nosso último ano fosse angustiante e pesaroso. Ainda mais sabendo que os anos seguintes de nossas vidas seriam ainda mais difíceis.

— Você tem razão. — concordo, ajeitando minha postura. Jimin me olha e acaricia o local onde sua mão se encontrava. — Devemos fazer desse ano o melhor. — dou um sorriso grande e o loiro retribui na mesma intensidade.

O ônibus chegou alguns minutos depois disso e entramos no mesmo, ficando em pé no veículo, por conta da quantidade de estudantes e trabalhadores que já haviam ali. Além dos idosos que, por algum motivo desconhecido, sempre pegavam ônibus em horário de pico para ir ao centro da cidade. O mais novo e eu conversávamos sobre o novo álbum de Namjoon, que estava tocando por diversas rádios por aí. O homem estava realizando seus sonhos logo tão cedo e estávamos todos tão felizes com seu reconhecimento. Incrível.