Seven Deaths

[23] Deve-se Perdoar?

JUNG HOSEOK

MINHA CASA - 15 DE ABRIL, 09:55 AM

Estou em uma batalha interna, há cinco minutos, entre levantar e continuar dormindo. O sol já batia em minha cama e eu rolava para lá e para cá entre as cobertas, tentando levantar, mas sendo impedido pelo cansaço que a noite anterior me trouxe. Ah… a noite anterior. Não havia parado para pensar nela ainda, e não sei se quero pensar sobre tão cedo.

Suspiro cansado e viro meu corpo para pegar meu celular no chão, desplugando o carregador e deixando-o ali mesmo. Antes de dar atenção ao aparelho, passei os olhos pelo meu quarto, finalmente, arrumado. Tudo no seu devido lugar, com um cheiro ótimo dos produtos de limpeza e sem aquela energia negativa que me dominava por completo. Eu ainda estava mal com tudo que tinha acontecido. Só fazia um mês! Mas ver minha mãe e Soobin tão abalados e eu não poder fazer nada, por pensar somente em minha dor, me fazia ter vontade de melhorar. Eu ainda estava sensível… muito sensível. Mal conseguia falar ou ouvir o nome dos dois. Porém, com o tempo, eu ficaria bem. Pelo menos eu espero.

Me ajeitei na cama, sentando e encostando minha coluna na parede, e trouxe o celular à minha vista, de início sendo incomodado pela claridade, mas logo me acostumando. Passei meu polegar pela barra de notificações, sem realmente olhar alguma à fundo, mas parando para arregalar meus olhos e pular da cama ao que ali li: "dia de levar Soobin para conhecer os irmãos".

— Droga! Como eu esqueci disso?! — perguntei para mim mesmo, pulando da cama e caçando algo para vestir meu corpo nu. Calça moletom e blusão eram sempre a melhor escolha.

Depois do baile, eu mantive contato com a Mônica, uma vez que o Marcelo a feriu, e ela queria, de todas as formas, que Soobin e seus filhos, Otto e Amanda, se conhecessem. Quando a mulher havia cogitado isso há um mês, em sua casa, eu havia gostado da ideia. Pensei que Soobin gostaria de conhecer seus irmãos... mas eu estava errado. Quando eu comentei com o menino de treze anos sobre, ele surtou. Falou que não precisava de contato com eles e que os mesmos não eram seus irmãos de verdade… somente Yoongi foi. Depois disso, eu iria recusar qualquer pedido da mulher sobre o assunto, queria respeitar a decisão de Soobin, mesmo que eu não achasse certa. Porém, assim que Mônica me ligou, para o meu azar, Amanda a intorrompeu e pediu para ver seu "novo irmão mais velho", e eu não consegui resistir...

O grande problema é que eu não falei nada com Soobin. Nada. Eu pensei que poderia falar com Mônica para deixarmos isso para lá, mas ela esteve tão ocupada com suas coisas e mal conversamos. E bom, aqui estou eu: desesperado, andando de um lado para o outro, sem saber o que fazer, de fato.

Mas antes que eu pudesse chegar a pensar em alguma solução, escuto leve batidas na porta, acompanhadas de uma voz infantil arrastada, pedindo para entrar. Por um momento, penso em ser Sophi, e meu rosto se ilumina. Mas assim que abro a porta, vejo que, obviamente, não é ela. E nunca mais será ela.

— Ah. Bom dia, Soobin. — falo, forçando um sorriso, tentando esconder o pesar das minhas desnecessárias expectativas da Sophi aparecer na minha porta algum dia. — Está tudo bem? — pergunto, vendo-o encarando seus pés calçados com um par de Crocs. Um olhar vazio e distante, sem expressão alguma no rosto.

— Posso ficar um pouco com você? Tô me sentindo sozinho, sabe? Com a tia Sunhee trancada no quarto, o Yesung sempre deslocado na sala, e você aqui. — diz, finalmente trazendo seu olhar ao meu. Olhar idêntico ao de Yoongi… — Desculpe se eu estiver incomodando, eu só quero companhia.

Min Soobin. O garoto que um dia transbordava felicidade, agora está acabado, pedindo por um pouco de atenção. A sua vida mudou tanto em tão pouco tempo, era bizarro. Foi abandonado por seus pais em sua antiga casa. Perdeu seu irmão mais velho, a sua única família. Foi adotado, ganhando uma nova melhor amiga: Sophi. Descobriu que sua mãe estava morta, e a causa tinha sido seu pai. Descobriu que tem dois meio-irmãos. Seu pai foi preso e está em processo de julgamento. E, por fim, mas não menos trágico, perdeu sua melhor amiga… minha irmã, Sophi. É incrível como ele ainda estava inteiro. Diferente de mim, que quase desisti de tudo assim que Yoongi se foi.