[25] Meu Abrigo

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PARK JIMIN

APARTAMENTO DOS JEON'S - 15 DE ABRIL, 06:00 AM

Eram exatamente seis horas da manhã e eu ainda não havia dormido. A janela entre-aberta deixava um vento um tanto frio adentrar no quarto, balançando as cortinas finas e de cor vinho, e me dando uma leve tremedeira. Uma tremedeira que não condizia com a temperatura que fazia. Levei minha mão ao meu pescoço e logo entendi: eu estava queimando de febre. Com cuidado, para não acordar Jungkook, que estava dormindo como uma pedra, levantei-me da cama de solteiro do homem, e, ao tocar meus pés no chão, senti um arrepio por todo o meu corpo vestido somente com uma cueca. O chão estava congelando. Rolei meus olhos pelo quarto simples e organizado do mais novo, atento à uma sandália, e logo achei um par florido próximo ao PC gamer do meu namorado. A coisa mais cara que tem ali naquele cômodo, com certeza. Calcei as sandálias juntamente à uma calça leve, quadriculada e marrom, e uma regata branca, que estavam pendurados na cadeira de rodinhas, saindo do quarto em seguida. As peças ficaram, obviamente, largas em mim, mas como todas as minhas roupas estavam na casa dos meus pais, e eu não podia voltar lá, eu teria de usar as de Jungkook. Não que eu não gostasse, eu adorava usar tudo que tinha o cheiro do mais alto.

Como o apartamento dos Jeon's não era grande, logo eu estava na cozinha, procurando um remédio para diminuir minha febre. Todas as luzes da casa estavam apagadas, mas a luz alaranjada do nascer do sol já atravessava as janelas que ali tinham, então não tive dificuldade para enxergar. Procurei por todo o cômodo e não achei nada, me sentindo frustrado. Frustrado pela febre que sentia; por não conseguir achar um simples remédio, em uma casa na qual eu conhecia tudo; ou, simplesmente, porque eu tinha sido expulso de casa. Claro que eles me aceitariam de volta se eu me tornasse o filho que segue tudo que mandam, sem nem perguntar nada, e, com isso, seguir o meu "destino" de comandar a Park's Plane. Mas eu não aceitaria isso, nem que eu morasse em baixo de uma ponte pelo resto da minha vida. Eu ia seguir o meu sonho, não os desejos dos meus pais. Meus pais completamente insensíveis e hediondos. Eu mal conseguia acreditar que eu e Azula viemos de tal seres.

Azula... quando o pai disse, esta madrugada, que eu acredito que você está viva, ele estava certo. Eu sinto você. Todos os dias. Todos os momentos. Talvez seja essa coisa de gêmeos que as pessoas dizem por aí, mas eu creio que seja somente nossa conexão particular. Que sempre esteve ali. De alguma forma, eu queria te encontrar, provar a todos que me falam para esquecê-la e seguir em frente, que você está, sim, viva. Mas eu não faço a mínima ideia de como fazer isso, não sou nenhum detetive. E se ao menos eu conhecesse algum...

— Jimin? Por que já está de pé?

Uma voz calma e sonolenta atingiu meus ouvidos, fazendo-me acordar de meus devaneios e notar o quão suado eu estava, ainda com minha tremedeira. A febre havia piorado. Eu estava apoiado no balcão da cozinha com os cotovelos, encarando o chão, mas, com a voz do mais velho vindo à me dominar, levantei meu olhar, vendo Jongdae, o jovem Sr. Jeon, coçando os olhos, com seu pijama preto com pequenos sabres de luz estapados por todo o short curto e a blusa de mangas longas.

— Bom dia, Sr. Jeon. Eu te acordei? — perguntei eu, passando meu braço em minha testa, em uma tentativa falha de limpar o suor.

— Claro que não, decidi levantar mais cedo para fazer uma refeição matinal completa para nós. E, por favor, não chame formalmente. — respondeu o homem mais baixo, sorrindo sem dentes, mas ao que se aproximou de mim, pôs uma expressão preocupada em sua feição. — Você está bem, querido? Está suado de mais.

Aquele tom de voz de Jongdae fazia com que eu me sentisse mal. Eu já havia o incomodado nesta madrugada, com Jungkook o acordando, explicando toda a minha situação — já que eu não conseguia falar nada, devido aos choros recorrentes — e pedindo para que eu morasse com eles por um tempo, e agora eu estava o preocupando com minha saúde. Certo que ele se importava comigo, eu sabia disso, mas ainda assim eu não me sentia bem com tudo aquilo. Jeon Jongdae era uma pessoa incrível, de fato. Ele e Jungkook tinham uma relação muito forte, na qual eu admirava demais. Os dois se respeitavam muito, apoiando um ao outro e sempre sendo sinceros entre eles, o que fazia com que fossem inseparáveis. Não sei se isso se dá ao aspecto de Jongdae ser bem jovem, levando em consideração o padrão de idade dos pais, ou pelo fato do homem ser um psicólogo, mas que era algo saudável e algo desejável por de foras, era sim! E eu estar aqui, atrapalhando a relação dos dois, me incomodava.

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