[22] Jimin e Jungkook

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FESTA, CASA DO JACKSON - 15 DE ABRIL, 01:53 AM

- Não é o seu namorado? - perguntou Jackson, dando um gole em sua bebida, parecendo um tanto despreocupado. Eu somente concordei com a cabeça, incrédulo no que eu estava vendo.

Procurei por Hoseok no meio daquelas pessoas e o vi junto à Lucas na escada, conversando com olhares felizes, ou pelo menos reconfortantes. Eles não estavam prestando atenção em nada, além deles, e eu não ia estragar isso, Hoseok precisa de pelo menos uma noite divertida. Eu cuidaria de Jungkook sozinho.

Sem falar nada com Jackson, saí apressado dali. Eu estava indo em direção ao meu namorado, que ainda dançava desligado do mundo, com todos os olhares à sua volta. Passei por todos aqueles jovens, pedindo licença, mesmo que não me escutassem, até chegar no balcão, ou, para o Jeon, seu palco de shows. Tentei chamá-lo, mas ele não me escutava de nenhuma forma, o som estava muito alto. O cutuquei, puxei levemente suas calças e até fiz cócegas em seus pés, mas ele estava concentrado de mais em performar Nicki Minaj para os convidados. Quando olhei em volta, em busca de alguma ajuda - talvez Jisoo ou Taemin tivesse por ali -, eu acabei por ver algumas pessoas rindo e apontando para Jungkook, mas não rindo com ele e, sim, rindo dele. Também vi algumas pessoas gravando o garoto descaradamente.

Jeon Jungkook ficaria conhecido como "o louco do balcão" e eu não estava feliz com isso. Ele é uma pessoa tão boa e, provavelmente, iriam caçoar dele por conta de seu estado atual. Eu estava furioso, mas não estava mais disposto a tirá-lo de lá, e sim de acompanhá-lo.

Subi no balcão, com certa dificuldade, e fui recebido por um abraço do Jeon, que quase nos fez cair. Olhei para todas aquelas pessoas em nossa volta, registrando qualquer erro nosso, e um frio na barriga me tomou. Era como se eu estivesse no fundamental de novo, sendo atormentado por Taemin e seus amigos, por ser quem eu sou. Sendo atormentado por gostar de homens. Sendo atormentado por ser gay. Eu queria descer dali, esconder meus braços nos joelhos e chorar como eu chorei naquela época. O Park Jimin de sete anos atrás, intimidado por qualquer pessoa que o chamasse de viadinho, estava tomando conta da minha mente. E eu conseguia ouvir todos ali gritando "sai daí, seu viadinho de merda". Eu sabia que não era verdade, sabia que era coisa da minha mente, mas ainda assim não deixava de doer. Olhei em volta e vi Jisoo me olhando surpresa, Taemin me olhando confuso, e Jackson olhando indiferente. Todos espalhados pelo mar de pessoas, que, com certeza, não existia de fato, sendo mais da metade foram criados pela minha mente. E então eu vejo Hoseok, ao lado de Lucas, me olhando confiante. Ele então articula com sua boca a frase que eu jamais poderia esquecer:

- Não fique preso nos problemas do passado, pois o futuro está logo ali.

E mesmo que, há sete anos atrás, isso não tenha feito sentido, agora fazia. Eu estava deixando um problema do passado, um problema tão antigo quanto minha amizade com os meninos, me destruir em um momento que Jungkook precisava de mim, o meu futuro estava bem ali, e precisava de mim.

Fechei meus olhos e respirei fundo, me sentindo um tanto aliviado. Quando abri meus olhos, vi somente as pessoas que estavam ali verdade, sem aquela multidão criada por mim. Olhei para Jungkook, dançando enquanto virava sua garrafa de vodka, e então o puxei para perto, fazendo-o ficar atento à mim.

- Quer mostrar à essas pessoas como se dança de verdade? - cochichei no ouvido do mais novo, no qual sorriu grande para mim e concordou com a cabeça.

Peguei a bebida das mãos do mais alto e joguei para Taemin, que estava ali perto de nós. Uma nova música se iniciou e olhei para Jungkook, vendo-o certo do que iríamos fazer, mesmo que estivesse bem alterado. Em som à algum típico pop, eu não tirei os olhos do mais novo em nenhum momento e nem ele os tirou de mim. O balcão não era muito grande para duas pessoas estarem dançando em cima do mesmo, mas dávamos nosso jeito. Eu fazia alguns passos sincronizados com as mãos e pés, e Jeon os repetia, sorrindo largamente. Obviamente que ele não os repetia corretamente, ele estava bêbado, até mesmo por isso que eu estava fazendo passos simples. Eu pisava com um pé, e as mãos iam ao alto, e voltavam pousando nos joelhos, mexendo meus quadris em seguida. Meu namorado os repetia de forma fofa e eu ria com isso. Eu o amava de todas as formas, afinal. No fim da música, a maioria do pessoal aplaudiu e então, ao olhar o mais novo um pouco melhor do efeito de toda a bebida ingerida, decidi beijá-lo. Beijá-lo para que todos pudessem ver. Para que todos pudessem gravar, e, assim, ver o quanto ser gay é normal. Ver que não há nada de mais em ser um viadinho.

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