𝕿|the chariot.

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DEIMOS BLACKWOOD
pov.

 Hoje é a típica noite onde me sinto inquieto

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Hoje é a típica noite onde me sinto inquieto. Não sei que horas são, mas já faz muito que a lua se colocou no céu. Para mim, toda noite é uma eternidade. Dormir é um tarefa difícil quando se é um monstro imortal, poucos homens suportariam a dor de fechar os olhos e ver centenas de guerras, rostos antigos, os quais já lhe foram queridos e hoje não passam de memórias...e como são tristes! A pior parte de ser imortal, é que embora muito boa, sua memória já não é a mesma com o tempo.
Os séculos passam, você esquece as vozes, o cheiro, mas jamais os rostos. Sejam sorrisos ou feições de terror, memórias boas ou ruins, elas sempre voltam para atormentar, e por um maldito infortúnio as memórias mais traumáticas são as que melhor se conservam.

É engraçado, ou melhor, catastrófico, pensar que não me lembro mais da voz de amigos que me foram muito caros um dia, mas jamais pude esquecer os gritos do meu pai. A maldita voz daquele desgraçado gritando comigo, ou com a Eva, até com o maldito do Caim...essa voz nunca vou me esquecer. A única parte boa são os gritos de Adão no inferno, a melhor coisa que mamãe fez foi reservar um lugar especial para ele.

As noites me deixam pensativo, se não fossem tão atormentadas eu até poderia gostar delas. Quando me sinto impaciente, algo muito frequente por sinal, gosto de organizar coisas. Adoro organizar as coisas porque isso me dá uma sensação de controle, gosto de me sentir no controle, especialmente por saber da existência do maldito destino, cada oportunidade de ser o mestre me faz feliz.

Com a luz de várias velas, me mantive entretido em arrumar meus livros e pergaminhos, geralmente mantenho eles ordenados por tamanho, mas não me parece fazer sentido...preciso arrumar um sistema de colocar tudo em ordem por sua idade, o que possivelmente vai demorar semanas, afinal nem eu lembro de quando são, e gosto de precisão, cada detalhe conta.

Escuto um forte barulho vindo da porta, do lado de fora, algo caindo no chão e em seguida uma série de xingamentos que definitivamente partiram de Amara, ela tem o linguajar de um marujo, nunca vi tantas palavras de baixo calão saírem de uma dama tão delicada, isto é, fisicamente, porque sua personalidade tem a sutileza de uma mula desgovernada.

—Essa droga! Porcaria, inferno, besta de sete cabeças, bolas de pirata velho!—espraguejava irritada.

Tomei cuidado para não fazer barulho ao andar e abri a porta com tudo, seus olhos se arregalaram enquanto olhava para cima.

—Santa Maria mãe de Deus!

Quase gargalhei, mas me controlei e ergui uma sobrancelha, visivelmente julgador.

—Que contraditório, estava espraguejando agora pouco...—quando olho para baixo, logo identifico o objeto que ela derrubou, um livro, meu livro preferido. Pela minha mãe, ela acabou de derrubar no chão meu livro preferido, sinto como se houvesse me esfaqueado! Sinceramente acho que nunca antes cheguei tão perto de esgana-la.—Sua mula, o que diabos você tem na mente? Meu livro!

DEVIL'S THRONEOnde histórias criam vida. Descubra agora