𝕻|page of cups.

11 2 6
                                    

DEIMOS BLACKWOOD
pov.

Creio que estou na mesma posição por mais minutos que deveria

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Creio que estou na mesma posição por mais minutos que deveria. Michael me chamou, funcionários passaram por aqui...dispensei todos, continuei imóvel, tentando digerir o que acabara de acontecer.
Em diversas situações da minha vida eu senti medo. Quando minha mãe foi expulsa do jardim do Éden e amaldiçoada, quando o mesmo aconteceu comigo, os dias em que fui fui torturado no inferno até minha mãe me achar, quando meus poderes sobrenaturais foram aparecendo...os primeiros 130 anos da minha vida foram completamente pavorosos. E com todo esse tormento fui me fortalecendo, alcancei uma boa posição na hierarquia infernal e jurei para mim mesmo que nunca mais sentiria medo de novo.

Mais de mil anos se passaram, eu conheci esta garota ruiva e estou assustado de novo, porque antes tudo que eu havia conhecido era sofrimento, logo, mais dor não faria nem sombra. Mas ela então me mostrou o seu amor, calmante e viciante como o ópio, seu abraço foi capaz de anestesiar todas as minhas dores durante os últimos meses, e a ideia de perdê-la me esmaga de forma que sinto mais vontade de morrer do que o habitual.

Eu nunca cedo ou vou atrás de alguém, reis não pedem desculpa. Mas ela me tira dessa posição de uma forma que chega a ser ridícula, odeio me abrir e dizer como me sinto, aprendi que devo proteger minhas fraquezas como um tesouro, que nunca devo entregar a chave do baú. Contudo, Amara simplesmente roubou essa chave e temo nunca mais a ter de volta. Agora saindo do meu transe momentâneo ocasionado pelo choque, estou ridiculamente batendo na porta de seu quarto, sem obter resposta.

—Amara, por favor abre a porta. Me deixa falar com você, me deixa explicar.—cansado, deslizo pela madeira da porta e me sento no chão frio.—Eu tenho motivos, e eu juro que não são egoístas. Eu não quero te perder, você e meu filho são literalmente as únicas boas que me aconteceram, e eu sei que talvez as coisas não acabem boas para nós, por isso tentei te evitar no começo, mas comecei a perceber que talvez minha verdadeira ruína seja te perder...eu te amo.

O barulho da porta se abrindo encheu meu coração de uma esperança que durou menos do  que dois segundos.

—Ela está dormindo, dormiu chorando na verdade, e a culpa é sua.—o tom de acusação na voz de Apollo ataca como uma facada, apenas me levanto cuidadosamente apoiando na parede e evito manter contato visual.—Você é péssimo para ela.

—Me diz algo que eu não sei.—ironizo embora concorde.

—Ela te ama, infelizmente.

—Não me orgulho, se eu pudesse teria evitado isso também.

—Não acho que funcionaria.—sua resposta e o movimento repentino de se encostar na parede ao meu lado me surpreendem, fazendo que eu encare fixamente o loiro.—Tenho a impressão de que cedo ou tarde, independe das circunstâncias, você e minha irmã se apaixonariam. E não estou falando de nenhuma profecia tola, vocês são o que os poetas costumavam chamar de almas gêmeas, lembra daquela história que você contou sobre duas partes que procuram uma pela outra e  estão destinadas a se encontrar? Isso não é escolha de vocês, mas como vão cultivar isso, sim, ainda é possível arrumar as coisas.

DEVIL'S THRONEOnde histórias criam vida. Descubra agora