CAPITULO 18 - BONUS MAISA

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Sabe aquela sensação forte de fracasso que sobe sobre uma mãe quando vê seu filho caído e você não pode fazer nada pra concertar ? Então, era esse sentimento que eu temia sempre que me lembrava do meu passado. Foi um erro e eu me arrependo profundamente, só que arrependimento não trás nada de volta, e nem concerta burradas. 
Eu sei que era algo imperdoável e que eu no lugar do Leonardo também não me perdoaria, mas ainda sim tinha esperança que quando ele descobrisse me compreendesse. Exato, eu não tinha pretensão nenhuma de contar pro Leo que ele pode não ser filho de Henrique, imagina o desgosto de Henri comigo, e do Leo então. Ele jamais olharia pra mim com o mesmo amor e admiração que ele me olha, e isso definitivamente doeria muito. Nos últimos dias, depois que Mah viajou atrás de seu passado, eu ando tendo pesadelos diversos, sempre pelos mesmo motivos e com o mesmo desfecho. Leo descobre que pode não ser filho de Henri e me humilha na frente de muita gente, Henri descobre e apóia o Leo que resolvem fazer um teste de paternidade, que obvio, tem como resultado um enorme “ NEGATIVO”. Eles saem de casa e eu permaneço sozinha aqui. Liguei pra Mah duas vezes nesta semana, e ela me falou a mesma coisa sempre “fale logo pra ele, melhor ele saber pela mãe do que por qualquer um ai e achar que ele foi o ultimo a saber sobre a historia da vida dele.” . Neste caso ela tem razão, se ele descobre por outra pessoa eu posso sair tachada de mentirosa, falsa e traidora. Já é demais agüentar os meus pais me odiando e me chamando de adultera e mais coisas que eu prefiro nem lembrar. Naquela época eu era muito nova e estava começando meu relacionamento com Henrique igual Marcela e Pedro. Não vou ser hipócrita e falar que foi culpa da festa e das amizades, porque não foi. Nós todos temos vontade própria, e eu tive a minha de ir na festa e usar coisas que eu sabia não eram tão legais quanto às pessoas falavam, e essas coisas me ajudaram a ter coragem de fazer o que sóbria eu jamais faria. Pensando nisso chamo Leo pra conversar, ele estava no quarto terminando uma tese, ultimo trabalho da faculdade de direito que eu estava fazendo, porem o assunto aqui é mais importante que qualquer tese de qualquer advogado, afinal essas teses jamais fariam algo mudar mesmo. Respirei fundo assim que vi o Leo entrar na sala com um sorriso bobo nos lábios, e sabia quem estava causando essa felicidade nele, Karina. Ela é uma ótima menina, e vai cuidar bem do Leo quando eu não puder mais cuidar.
- A senhora quer falar comigo mãe ? – Ele me pergunta ainda de pé no meio da sala.
- Sim filho. Sente-se por favor. – Falo sem encará-lo e ele percebe meu desconforto.
- O assunto é tão serio assim mãe ? – Ele pergunta e eu fico sem ação. Ah filho, se você soubesse a gravidade da situação...
- Digamos que eu estou adianto anos pra lhe contar isso. E depois que terminar isso pode mudar as nossas vidas, a minha, a sua e a de Henrique também. – Falo seria e seu semblante muda.
- Tem a ver com a sua saúde mamãe ? Olha, se for... – Eu o interrompo rapidamente.
- Não Leo, tem a ver com você. Seu futuro depende dessa revelação, e eu só peço que me compreenda depois de saber de toda a verdade meu filho. – Falo e uma lagrima traiçoeira cai dos meus olhos.
- Mamãe a senhora esta me assustando, fale logo. – Leo agora não demonstra expressão nenhuma, e confesso que isso me intimida a começar a falar. Mas enfim tomo coragem e começo.
- Há muitos anos atrás eu fiz coisas de que não me orgulho muito. E isso repercutiu na minha vida agora, e me deixou numa situação difícil mas não tenho muitas escolhas agora. – Falo e ele me olha estranhamente interessado.
- Continue mãe, o que isso tem a ver comigo e com o meu pai ? – Ele pergunta e eu tomo meu segundo fôlego pra continuar essa confissão.
- Bom... Teve uma festa escolar na casa de campo do Pedro, que na época estudava comigo, com Henrique e com Marcela na mesma escola. Seu pai tinha um jantar na casa dele neste dia e não poderia ir. Estávamos no começo de algo ainda não identificado então ele não impediu que eu fosse, apenas brincou e pedir para me divertir por ele. No começo achei que era somente uma metáfora, mas assim que cheguei na festa descobri que não era bem assim. Todos da nossa escola estavam lá, a casa estava lotada e a musica alta fazendo com que ninguém escutasse ninguém lá dentro. Estava me arrependendo de ter ido e pronta pra dar meia volta quando Marcela me vê e me chama pra entrar, fazendo assim então todos que estavam naquela rodinha olharem pra mim. De inicio não me incomodei muito, afinal eu tinha digamos “um rolo” amoroso com um dos meninos do grupo popular da escola, isso era estranhamente normal. Mas tinha um cara que me intimidava muito pelo simples fato de manter seu olhar fixo em mim o tempo todo. Mah veio com um copo de bebida e chamei ela pra um canto mais calmo pra conversar, e esse cara seguiu meus passos com o olhar como se quisesse marcar território ou vigiar a presa, e isso me assustou bastante. – Leo me interrompe.
- E porque não falou com o tio Pedro, tenho certeza que ele teria tomado alguma providencia, sei lá mandar o cara ir embora ou ficar de olho nele. – Ele me olha assustado também.
- Naquela altura do campeonato ninguém tava vendo mais nada filho, as bebidas e as drogas de todos os tipos já tinham segado os olhos e a razão da maioria das pessoas ali. Mas logo passou, o cara saiu de perto do grupo e sumiu pela casa e não voltou mais. Então eu relaxei mais e bebi tranquilamente agora, sem pensar em mais nada apenas me divertindo com eles, então puxei Marcela e Bianca pela mão pra dançar, elas eram as minhas duas melhores amigas desde quando entrei no colégio, me acolheram como acolhe-se uma família, e eu consegui me sentir em casa. Depois de dançar fui beber algo, fui a caminho da mesa e peguei um copo cheio de bebida e sem pensar virei ele todo... Não sabia o que era, mas tinha um gosto doce e gostoso. Depois dessa bebida não me lembro de muitas coisas, era come se eu tivesse tomado um remédio para aniquilar qualquer tipo de memória que talvez eu tivesse que ter daquela noite. E isso me irritou muito quando acordei no dia seguinte. Estava tudo normal eu estava numa cama no quarto de hospedes da casa de Pedro, com a minha roupa de festa e meu sapato de salto, mais ainda sim me sentia ruim, suja... Não conseguia explicar, mas algo estava errado. Resolvi tomar um banho e colocar uma roupa confortável da Mah que ficava no quarto e descer. Assim que vou na cozinha estava tudo arrumado, e eles estão na cozinha tomando café da manha e eles me olham estranho, como se eu estivesse suja mesmo. E quando eu perguntei o que houve ontem não acreditei. Eles falavam e eu somente chorava, e chorava muito não queria acreditar que eu tinha feito tamanha besteira e ainda não conseguia me lembrar de nada. Quando contei pra Henrique ele no começo me crucificou e eu acreditei ter perdido ele de vez. Mas ele apareceu na minha casa no dia seguinte e fizemos as pazes da melhor maneira possível. 3 meses depois de tudo isso descobri que estava grávida, e já tinha quase 3 meses exatos de gravidez, ficamos felizes e decidimos que íamos casar logo pra cuidar de vocês, mas guardei comigo todos esses anos essa incerteza que me corroí por dentro. Porque naquele noite horrível de festas eu estive drogada por um remédio que lhe da tesão, e facilita a chegada de alguém, e acabei indo pra cama com aquele cara estranho que me encarava, que depois descobri que era um primo distante de Henrique e descobrindo que estávamos tendo um caso, resolveu me usar pra atingir ele. Mas depois disso não tive coragem de cogitar contar pra alguém que eu não sabia se Henri realmente era seu pai. – Falo e soluço, nem percebia que estava chorando este tempo todo. Mas continuo. – Seu pai, ainda não sabe desta parte da historia, somente do que aconteceu naquela festa. Eu queria que você soubesse primeiro, mas... Não tinha co... coragem de falar. – Falo e desabo em prantos, enquanto ele me olha em choque.
- Quem mais ? QUEM MAIS SABIA DESSA HISTORIA ? – Ele fala já alterado e com magoa aparente. Eu poderia falar que Marcela e Pedro sabiam, mas estragar o relacionamento de família que eles têm. Preferi não meter mais ninguém nesta historia. 
- Ninguém, só eu. Não tive coragem de contar pra alguém. – Falo sem olhá-lo.
- Como você conseguiu ficar anos sem me contar isso ? Como pode guardar só pra você meu destino, meu futuro, minha origem mãe ? – Ele fala indignado, eu não sei mais se fiz bem em contar.
- Por medo. Fui fraca, tive medo da sua reação e da reação de seu pai. Não queria ter o desgosto de vocês... – Falo me sentindo exausta.
- E o que te fez contar agora ? Só agora ? Achou que mudaria algo ? – Ele pergunta e eu me assusto. Sou o desgosto dele ? Será mesmo.
- Meu filho, por favor, me perdoe por ser essa mulher fraca. Eu só queria o seu bem. – Eu falo chorando muito.
- Independente de bem ou mau mãe a senhora deveria ter contado ao papai no começo da gravidez. Por consideração a tudo o que passaram ? – Ele pergunta e ai esta a pergunta que não queria responder.
- Por medo de perdê-lo, de que ele não aceitasse e me deixasse só. – Falo e agora olho nos seus olhos. Vejo que ele não acredita muito em mim, e isso me quebra por dentro.
- Desculpe, mas preciso sair daqui e respirar um pouco. Não da pra ter um pensamento racional aqui. – Ele diz e pega as chaves do carro dele.
- Pra onde você vai filho ? Por favor me perdoe. – Falo chorando e olhando pra ele, que continua sem expressão.
- Não dá. Desculpa, mas preciso de ar. Foi muita informação, depois conversamos. – Termina de falar e sai batendo a porta da sala. Despenco-me no sofá e me deixo chorar a vontade tudo o que esta no meu coração. Depois de meia hora a porta abre e Henrique entra em casa. Vendo-me daquele estado se senta no meu lado também e me abraça. Conto tudo o que aconteceu e espero a pior reação dele mais ele me surpreende.
- Eu já sabia querida. – Ele fala calmamente, acariciando meus cabelos.
- Como assim já sabia ? Quem contou ? – Pergunto assustada.
- Pedro, ele me contou toda a historia e o fato de você ter medo de que eu fosse embora e nunca mais voltasse. Oh meu amor, eu jamais faria isso com você. Eu sempre amei você, e sua gravidez foi à época mais feliz da minha vida, não trocaria vocês por nada neste mundo. – Ele fala e me beija. Eu me senti tão bem, como se pelo menos uma coisa não estava perdida, o amor da minha vida.

3 MESES DEPOIS...
Ate agora não sei se recebi o perdão verdadeiro de Leo. Uma semana depois de contar tudo ele não teve nenhuma reação, somente avisou que iria morar com Karina, depois de uma conversa que eles tiveram. Mas depois de três meses ele esta normal. Não há vestígios de magoa dele comigo e ainda sente um carinho por mim, mas ainda não voltou pra casa, pelo contrario... Pediu formalmente Karina em casamento. A família dela ficou feliz, e nos desejamos as mais sinceras ao casal. O casamento ta marcado pra daqui 3 meses, muito rápido né ? Mas o amor deles falou mais alto e eu admiro isso nele, a forma como luta pela própria felicidade, esse é meu filho. Era segunda e eu estava sentada na varanda lendo pela milésima vez Romeu e Julieta, creio eu que é o único romance que ainda se preza. Pena que nem todos os jovens de hoje em dia gostam desta maravilha de livro. Entretida com o livro não vejo quando Leo se aproxima abrindo a porta de vidro ao meu lado.
- Mãe... – Fala me olhando.
- Sim querido... – Olho 
- Eu queria conversar com a senhora... Tem um minuto ? – Fala olhando pra mim.
- Claro filho, sente-se... – Olho pra ele esperançosa pra que seja o assunto.
- Olha mãe, eu queria lhe pedir desculpas por ter falado coisas horríveis pra senhora... – Ele fala mas eu o interrompo.
- Não tem com o que se desculpar, eu sei que foi um choque pra você ouvir tudo aquilo querido – Falo sorrindo pra ele.
- E eu queria que a senhora lesse este papel mãe. Aqui e agora... – Ele fala sorrindo e entrega o papel. Assim que leio não acredito nisso. Era impossível, era um teste de paternidade dando positivo.
- Mas... como... Não pode ser... Já havíamos feito um mas... meu Deus... – Falo abrindo um sorriso.
- Pois é mãe, parece que ainda somos e sempre seremos a família perfeita... Ou quase né mamãe... – Ele fala e eu o abraço forte.
- Como isso pode ter dado positivo se 3 vezes eu tentei fazer e não deu nada alem de um grande NEGATIVO... ? – Pergunto abismada.
- O medico disse que quando o feto ainda esta na barriga da mãe é difícil que o resultado saia corretamente. E foi isso que aconteceu. O liquido que estava na sua barriga deu alterações significativas no exame que por sua vez deu negativo, mas a uns dois meses atrás fizemos um outro definitivo, pra ter realmente certeza, e quando deu positivo papai ficou muito feliz. – Ele fala sorrindo e não tem como não sorrir com ele.
No fim da nossa conversa marcamos um jantar em casa para comemorar, eu estava mesmo feliz. Afinal aquele erro do passado deixou de ser uma sombra pra mim e pra minha família, e eu posso seguir feliz novamente sabendo que na realidade o erro não foi profundamente só meu. O jantar foi uma bagunça só, e aproveitamos pra falar sobre o casamento e Karina me pede pra ir com ela ver os vestidos, porque a mãe dela foi para o Rio de Janeiro verificar a casa que eles têm lá, para que Karina e Leonardo possam passar a lua-de-mel lá, por escolha dos dois. Eu aceitei de primeira. Então sabia que meus dias seriam mais divertidos depois daquela semana tranqüila.

Ate Que o Casamento Nos Separe !Onde histórias criam vida. Descubra agora