NARRAÇÃO DE LIVIA:
Depois de aquela festa ter sido um fiasco com a aparição do meu pai e a discussão dele com a minha mãe que eu como o resto dos convidados não compreende nada, resolvemos limpar a chácara e irmos para casa descansar afinal, domingo eu abriria os presentes e começaria a arrumar a minha nova casa, colocar as pequenas coisas em ordem, os detalhes no lugar do meu jeitinho como o Guh mesmo disse uns dias antes de virmos ver a casa: “Eu quero a nossa casa a sua cara, quero que todos os detalhes dela sejam organizados por você assim vai ser tudo muito perfeito”.
No dia seguinte ao casamento...
Já tínhamos aberto quase todos os presentes e por incrível que pareça não tiveram presentes iguais, foram todos diferentes, eu sorri e disse que se fosse combinado não teria dado certo. Todos nos rimos e continuamos a abrir. Logo o Guh foi trabalhar e eu e mamãe ficamos colocando as coisas no lugar afinal tinha pegado os três dias para a lua-de-mel. Em pouco tempo as pequenas coisas já estavam em seu lugar, e minha casa já estava ficando com “cara” de casa finalmente. Minha mãe havia acordado com uma cara ótima, completamente sorridente e parecia nem estar prestes a receber seu papel de divorcio. Até eu mesma que não queria mais saber do meu pai me assustei com a rápida recuperação que minha mãe teve pós-separação, não me agüentei de curiosidade e perguntei a ela:
- Mamãe o que houve com a senhora esta manhã ? Acordou tão sorridente, parece ate que viu o passarinho verde – Disse meio a risos.
- Nada minha filha, é que recebi uma proposta. Uma casa, na verdade quase um alojamento, foi posto a venda e o meu corretor descobriu e entrou em contato comigo. Segunda eu posso ir ver a casa, mas segundo o que ele me falou vou poder... - Pausou e sorriu – abrir meu quase orfanato – Disse ela quase saltando de alegria com a noticia.
Depois disso rimos e continuamos a arrumar as roupas no guarda roupa. Ter a minha mãe comigo em casa era como morar em um porto seguro no qual eu não precisasse me preocupar com mais nada, que ela me salvaria de qualquer coisa. Sei que as maiorias desses pensamentos são infantis, mas sempre fui apegada a minha mãe e sabia que mesmo me casando e formando a minha família, eu não estava pronta para deixá-la, algo que dizia que eu ainda precisaria do apoio dela, ou ate mesmo ela do meu.
Nos duas estávamos muito cansadas, tínhamos colocado a casa em ordem em apenas um dia, tirando as coisas maiores tipo, geladeira, fogão, maquina de lavar roupas, guarda roupas entre outros que já haviam chegado a muito tempo e já estavam em seu lugar. Mas mesmo assim estávamos cansadas de tanto subir e descer escadas, eu estava me sentindo muito estranha, como se qualquer coisa para mim fosse um peso maior, mas não iria perturbar a Dona Marcela agora, do jeito que era protetora iria me colocar em um táxi e me levar ao medico de qualquer maneira. E eu realmente não estava afim, então deixei a dor nas costas de lado, e fui dormir.
- Mãe, se a senhora acordar primeiro do que eu, me acorde para irmos juntas ao supermercado, quero ir junto fazer compras. - Disse depois de bocejar.
- Tudo bem minha filha, mas agora vá descansar querida. – Disse ela meio aos bocejos também.
Apenas assenti e fui para meu quarto, depois de me jogar na cama dormi como um anjo, sem nem me preocupar em ver que horas eram, acho que dormi feito pedra, pois nem demorei a pegar no sono como havia acontecido nos primeiros dias que dormi aqui.NARRAÇÃO DE MARCELA:
Minha filha foi dormir e eu ainda pensando em como montar um orfanato para meninos e meninas naquele local, tudo bem que era um pouco precário mais teria que dar, pelo preço não acharia outro e correria ate o risco de perder o lugar para outro. Em meio a pensamentos peguei meu note book e mandei um e-mail para o meu corretor que me levaria para conhecer o local:
“Senhor Fernandez, eu aceito comprar o local, diga-me apenas o horário e o lugar para nos encontrarmos e tratarmos de negociar a compra, desde já muito agradecida abraço, Marcela.”
Depois de mandar o e-mail para ele fui dormir um pouco mais tranqüila, na realidade mesmo, com um problema a menos na minha cabeça. Quando estava quase pegando no sono profundo escuto meu celular tocar e sem nem mesmo ver quem era fui atendendo:
Começo da ligação.
- Alô – Disse meio ao sono que estava quase um sussurro.
- Oooi que saudade – A pessoa do outro lado quase grita e eu me desperto e vejo quem é. Sorrio logo em seguida.
- Irmã, quanto tempo não. Como conseguiu meu número ? E porque ta me ligando esta hora ? – Despejei as palavras, quase que pulando de alegria de falar com ela.
- É que... Bom. Eu preciso que você! venha me buscar aqui no aeroporto, estou aqui faz uns dez minutos tentando lhe encontrar para que venha me buscar. Vim de surpresa passar uns dias com você e sua família. – Ela disse tão animada que fiquei com do de contar logo de cara que estava separada de meu marido e que morava com a minha filha e o marido dela. Então não hesitei em concordar.
- Troco de roupa rapidamente e estou ai em mais ou menos 15 minutos. – Disse já jogando o telefone na cama e indo ao guarda roupa.
Fim da ligação.
Era inacreditável, minha irmã que eu não via há uns oito anos agora esta aqui em São Paulo. Era muita alegria, não poderia existir neste momento alegria maior que essa que eu estava sentindo agora. Arrumei-me rapidamente e chamei um táxi, mandei uma mensagem para a Lih no caminho explicando porque não estava em casa e que não daria para fazer as compras hoje. Espero que ela entenda.
Quando cheguei ao aeroporto não acreditei, vê-la parada ali me esperando depois de anos sem nos vermos parecia sonho, ela não poderia ter chego um hora melhor que esta.
- Irmaaaaaaa - Gritei abrindo a porta do táxi, e pulando para fora.
- Oh minha pequena – Disse ela também com alegria imensa nos olhos.
- Mas olha como você esta Dona Beatriz, magnífica – Disse a ela com os olhos brilhando.
- Você também esta ótima minha irmã – Falou colocando as malas no táxi.
Foi inevitável não contar que estava separada e então dentro do táxi mesmo fui contando a ela como tudo aconteceu, o motivo pelo qual me separei e onde morava agora e que Graças a Deus minha filha estava muito feliz e muito bem casada.
- Nossa minha irmã, eu não imaginava que sua vida estava neste pé de guerra. – Disse ela espantada
- Pois é minha irmã, e se não bastasse isso, ele esta enrolando para assinar a papelada do divorcio. Aposto que ele esta com medo de que eu queira levar algo da casa dele, a única coisa que eu quero de lá e da vida dele de uma vez por todas é distancia irmã, apenas isso. Cansei de viver sem felicidade, nem tudo o dinheiro compra sabe – Disse meio aos prantos, me deitando no colo de minha irmã que me consolava como se soubesse exatamente o que se passava dentro de mim. Era uma compreensão que eu não sentia nem da Lih que viveu este momento comigo e sabia como eu me sentia. Bom era carinho de irmã né, e esse carinho não tem preço nenhum.
- Obrigada irmã, como eu disse você não poderia ter aparecido em melhor hora. Só Deus sabe como eu precisava de você aqui comigo. – Disse e recebi um abraço bom, apertado, caloroso e acolhedor. O melhor de todos que eu havia recebido ate hoje. Não continha pena nele, apenas compreensão de uma pessoa que se preocupa com você como se fosse sua própria mãe ali com você. Ah! Mãe, como queria a minha ali comigo para dizer o que fazer. Mas ter a minha irmã ali compensava a ausência da minha mãe.NARRAÇÃO DE BEATRIZ:
Eu estava sossegada em Londres longe de toda a pobreza que cercava a minha família. Minha irmã era tão ingênua, às vezes tinha do dela. Se casou com um advogado, administrador de varias empresas, ele era o cara mais rico da cidade e ela, ah! Ela tinha a vida de rainha. Cheia de jóias, roupas de grife e tudo mais. Quando dei por meus pensamentos recebi uma ligação do Brasil, mais especificamente de São Paulo, pensando ser algo importante eu atendi. E não é que era um dos meus “amiguinhos” de SP me ligou para avisar que a minha linda sobrinha havia saído de casa e a idiota da minha irmã tinha se separado de Pedro Lanzelotty, eu tinha uma atração por ele desde sempre, mas ele nem me via e se casou com a minha irmã. Mas agora eles estavam se separando e era a minha vez de ter tudo aquilo que sonhei casa luxuosa, empregadas, dinheiro, jóias e muito mais. Só que para ir para São Paulo eu tinha que me passar pela boa moça que quer ver a irmã e morre de saudades dela, e isso era a coisa mais fácil de fazer. Ela sempre acreditou em mim, pela minha mãe sempre ser ausente quem cuidava dela era eu. E a coitada nem sabia que era adotada. Mas como eu “amo ela” não iria contar né. Quando cheguei ao aeroporto liguei para ela ir me buscar, pois estava esperando ela lá, e não é que a tonta acreditou que eu fui lá por sua causa? Sim, ela acreditou, foi me buscar e ainda me contou com detalhes o que houve, e a partir daí pude ver que a pequena Lívia havia realmente puxado a mãe, com um cara rico para se casar ela vai me escolher o filho do caseiro, ah, me poupe. Mas fui escutando e a consolando como sempre fiz quando éramos pequenas. Ate chegarmos à casa da Lih, ate que a casa era grande sabe, nem parecia o casal pobre que morava ali, tinha uma empregada, uns quatro quartos e era espaçosa, mas mesmo assim eu ainda me casaria com o rico, pois a vida seria ainda melhor, imagine só não ter que trabalhar, oh beleza.
Como já estava em São Paulo era hora de colocar meus planos em ação, fazer o Pedro aceitar o divorcio e ai sim me casar com ele e reinar na vida que a minha pobre irmã não soube valorizar. Só de começo teria que morar com a minha irmã e a minha sobrinha, afinal daria muita bandeira se fosse morar com ele antes do divorcio, mas claro que eu me encontraria com ele por ai, principalmente na empresa, na qual ele administra. Se eu bem o conheço, deve estar focado no trabalho sem sair com ninguém, afinal antes de se apaixonar pela tonta da minha irmã ele era assim, só pensava em trabalho, mas a partir de agora ele terá uma “amiga” com quem contar.
Assim que cheguei à casa da minha sobrinha dei uma de boa moça e meio revoltada e falei sobre os convites do casamento que supostamente não teriam chego na minha casa. Mas claro que chegou né, apenas não queria vir para um casamento pobre, sem jornalistas e colunas sócias.
- Sobrinha querida, quanto tempo não. – Disse toda empolgada fingindo a saudade que eu “não” tinha dela.
- Oi tia, pois é, tava tão atolada com coisas do meu emprego e do casamento que quase não tive tempo. Porque não apareceu no casamento tia ? – Disse ela com indiferença, como sempre me tratou desde os cinco anos. E eu sabia bem o porque mas perto da minha irmã eu preferi retribuir a “felicidade” e apenas abaixei a cabeça e fiz uma cara de revolta.
- Nossa sobrinha, acredita que o convite chegou ontem ? Tive algumas mudanças lá e meu endereço foi um deles, e por esta razão recebi o convite somente ontem, e não teve vôo de emergência para o Brasil. Mas agora estou aqui e vim pra ficar desta vez – Disse um pouco alegre, porque estava pensando no meu futuro marido rico.
- Então você vai morar aqui. Que bom, espero que se acostume com a vida em São Paulo de novo. – Ela disse seria, fazendo-me fugir de alguns pensamentos. – Bom este é Gustavo, meu marido. – Sorriu de canto para mim e ele me estendeu a mão.
- Olá sou a tia da Lívia, Beatriz, mas pode me chamar de Bia. É assim que as pessoas me conhecem por aqui. Encantada – Completei a minha frase.
- Encantado estou eu senhorita. Muito prazer. – Ele disse totalmente educado e galanteador. Dava para tirar uma casquinha um dia desses. Afinal amo homens casados. Era por isso que eu vivia me engraçando com o maridinho da minha irmã quando mais nova. Ele não a amava e adorava sair para as baladas, e como ela estava grávida e não podia sair eu fazia esse favorzinho para ela e ainda saia no lucro porque dormia com ele loucamente.
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Ate Que o Casamento Nos Separe !
RomansaMarcela Guimarães é uma mulher de características fortes casada com Pedro Lanzelotty, um advogado renomado na grande São Paulo, eles tem uma filha chamada Lívia uma jovem de 20 anos cheia de sonhos e segredos guardados em sua mente. Quando Lih resol...