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⚠️ AVISO : PODE CONTER GATILHO ⚠️

Pov Hayoon

- Querida? - Perguntei a Mingi fingindo que não percebi o que estava fazendo.

- Sim, você me chama de querido. Porque não fazer o mesmo?

- Assim de repente? Pare com isso, eu sei o que está fazendo. Você está encarando o garçom desde a hora que chegou. - Falei cruzando os braços.

- Ele estava no maior bate papo com você, eu queria saber até que ponto ele iria. Nada demais, coisa de irmão. - Respondeu dando de ombros. - Porque se incomodou tanto por ele?

- Apenas pare com isso. - Disse desviando o olhar.

- Gostou dele? Isso realmente vai ser interessante. Depois do que aconteceu você finalmente está deixando alguém se aproximar.

- O que? Não, isso não vai acontecer. Já aprendi da primeira vez obrigada. E sobre se aproximar eu o envolvi em um acidente de trânsito, vou pagar pelos estragos. É só isso. - Falei tomando um gole do vinho, porque todo esse interrogatório.

- Acidente de trânsito? E você fala isso na maior calma? Porque não me disse nada antes? - Ele me olhou preocupado.

- Parece que estamos quites afinal. Depois da mensagem do seu irmão, eu fiquei um pouco fora do ar. Não esperava que ele tivesse meu telefone ainda e muito menos que me mandaria mensagem. Fui passar no cruzamento com o sinal quase fechado, Félix ia passar com o carro e quando me viu freiou mas, no susto eu derrapei. Ele prestou todo socorro, chamou um médico amigo dele para me atender e até esperou o guincho retirar minha moto. - Eu só queria parar de falar sobre isso, droga.

- Ele parece ser bom mas, todos somos até que se prove o contrário. - Eu sabia do que ele estava falando. Como se soubesse que estávamos falando dele, Hongjoong ligou em meu celular.

Mingi olhou para a tela do celular e depois para mim. Eu fiquei totalmente sem reação, porque ele simplesmente não me deixava em paz? Antes que eu reagisse, Mingi pegou o celular e atendeu.

- Por que está ligando para ela? - A raiva no olhar dele, isso me machucava. Eles eram irmãos afinal, mesmo que Mingi fosse adotado. - Eu não quero que fique ligando para ela Hongjoong. Já não fez o bastante quando a abandonou?

Eu precisava sair daqui e tinha que ser agora, a tremedeira em minha mão me dizia isso. Eu tinha crises de ansiedade quando era mais nova, depois que ele foi embora e simplesmente parou de me responder meu quadro ficou pior. Fiquei um tempo fazendo terapia até conseguir controlar isso de novo, parecia que tudo estava indo por água a baixo.

Levantei e procurei um dos garçons para que pudesse me indicar o banheiro. A única pessoa que encontrei foi Jisoo na porta.

- Senhorita Kim, poderia me informar onde fica o banheiro? - Perguntei com certa dificuldade por conta do nó na garganta.

- Claro, no final do corredor a direita. - Ela indicou o corredor.

Estava com tanta pressa de chegar ao banheiro, que não vi quando alguém saiu do banheiro masculino. Acabei dando de encontro com a pessoa e quase cai, se não fosse ela me segurar.

- Hayoon, tudo bem? - Não, agora não por favor... - Você está gelada...

- Hayoon! - Ouvi a voz de Mingi e fiquei rígida, eu não conseguiria falar sobre isso agora.

- Me tira daqui, por favor. - Foi tudo que eu disse a Félix.

Em um piscar de olhos ele me puxou para uma sala perto do banheiro, parecia uma sala de descanso. Me sentei no sofá e deitei a cabeça no encosto do mesmo, Félix não disse absolutamente nada apenas ficou lá comigo por um tempo e me entregou um copo de água com açúcar.

- Pode ficar o quanto quiser, preciso voltar agora. Tranque a porta se achar melhor. - E com isso ele saiu.

Fiquei olhando para o teto e pensando porque não conseguia me livrar dessa sensação. Eu já não chorava mais por Hongjoong, eu sentia uma mistura de raiva e indignação... os porquês de dez anos atrás voltavam a bater em minha porta e eu não poderia simplesmente perguntar a ele, não conseguiria.

Respirei fundo algumas vezes, eu não poderia ficar aqui para sempre. Fui até a mesa e vi Mingi pensativo, eu não queria falar nada agora simplesmente ir embora. Peguei minhas coisas enquanto ele me observava e olhei para ele, com apenas um olhar já sabíamos que não era hora de falar sobre o assunto. Fui até o caixa e ia fazer o pagamento mas, Mingi já tinha feito.

Peguei a moto e fui para a agência, a essa hora não teria muitas pessoas. Chegando lá fui até meu armário e peguei a roupa de treino, enrolei minha faixa na mão e permaneci lá até que a exaustão me alcançasse. Essa era minha forma de esvaziar a mente, exaustão física. Foram horas sozinha na sala de treino até Changbin chegar e eu perceber que já eram 05:00, não falamos nada apenas ficamos lá treinando.

- Auto defesa? - Ele perguntou depois de um tempo.

- Vamos.

E assim segui o dia, treinando auto defesa com meu chefe e amigo. Tínhamos nossos problemas e nem sempre estávamos dispostos a falar sobre eles. A forma que usávamos era essa conversa silenciosa...

SCARS (FELIX)Onde histórias criam vida. Descubra agora