Min Hayoon, esse é o nome que me deram onde cresci. Sou uma detetive policial de 26 anos viciada em trabalho, não sou muito fã de conversas banais e perca de tempo mas, as vezes a vida resolve nos pregar peças e mostrar que algumas coisas não precis...
Hoje fariam duas semanas que eu havia voltado para Seattle. Conversava com Hayoon todos os dias por vídeo chamada para que pudesse ver como eu realmente estava e posso dizer que seguir dia após dia era difícil, perdi alguns quilos e ela me fez prometer que iria ganhá-los novamente. Seungmin me mandava mensagens todos os dias e nos dias mais tranquilos nos víamos por chamada também, Félix conversava comigo juntamente com Hayoon e as vezes até mesmo Chaewon aparecia mas, eu podia ver o quanto Lee tentava não falar do melhor amigo para mim.
Para poder ganhar peso e aliviar minha ansiedade eu tinha começado na academia do novo apartamento e isso me ajudava bastante, eu perdia a noção do tempo e passava horas a fio malhando. Enquanto corria meu apple watch acendeu e resolvi verificar, de vez enquando eu fazia trabalhos voluntários para algumas ongs e orfanatos o que me mantinha mais vivo e eles entravam em contato comigo por email. Ajudar as pessoas sempre foi o que mais amei fazer e nada mudaria isso, pena que quando olhei o email meu pequeno avanço dessas semanas se esvaiu pelos meus dedos.
Era aquele email, o qual eu preferia nunca receber já que tinha um porcento de esperança. Parece que eu estava enganado afinal, Minho não tinha mudado de ideia.
- Você deveria ter esperado por isso já que em duas semanas ele não entrou em contato, imbecil. - Eu repreendia a mim mesmo enquanto parava de correr na esteira e a desligava.
As gotas de suor escorriam pelo meu corpo e minha camiseta estava encharcada, em outros dias isso me dava um sinal de que eu deveria parar e recompor as energias no entanto, hoje não. Ao invés disso eu precisava eliminar essa massa de ódio por ser tão ingênuo, fui até o outro lado da academia onde haviam poucas pessoas e resolvi fazer supino reto para trabalhar mais meu peitoral.
Nem preciso dizer que foi uma péssima ideia não é mesmo.
- Ok, vamos lá quatro séries de quinze e eu vou para casa...- Dizia sozinho novamente.
Comecei as duas primeiras séries tranquilo porém, como eu disse estava a horas na academia e meu corpo já tinha me dado sinais de que deveria parar. De repente meus braços falharam e foi só o tempo de praguejar.
- Merda! - Disse tentando não me sufocar com aquela porcaria.
- Ei, ei calma ai. - Disse uma voz que não me parecia estranha.
Assim que ele removeu a barra da minha frente, eu pude ver quem era e então as palavras saíram mais baixas do que eu gostaria.
- Obrigado... - Eu não conseguia desviar meus olhos.
- Imagina, acontece mais do que deveria. - Ele disse antes de me olhar e quando me viu teve a mesma reação. - Han?
Eu queria dizer algo e as palavras simplesmente sumiram.
- Han Jisung? - Ele se aproximou. - Droga, devo estar parecendo um maluco. - Disse coçando a nuca sem graça.
- N- Não claro que não. Depois de tanto tempo ainda se lembra de mim Eric? - Senti meu rosto esquentar.
- E como esqueceria não é... Bom acho melhor parar com os exercícios por hoje, precisa repor as energias ou vai acabar se machucando.
- Sim, eu só tive um dia ruim. - Falei passando a mão em meu pulso direito.
- Ainda são 17:00, não deveria dizer isso. As vezes pode mudar de ideia. - Disse piscando para mim.
Talvez eu me arrependesse de dizer isso mas, já estava cansado de ser certinho demais.
- É quem sabe eu não mudo de ideia. - Falei deixando essas palavras no ar e saindo.
-Espera. - Disse Eric tocando em meu ombro. Suas mãos sempre foram quentes...
- Sim? - Respondi me virando.
- Sou personal nessa academia, mora nesse prédio?
Talvez em outras circunstâncias eu mentiria e diria qualquer outra coisa para mudar o foco da conversa porém, eu assinaria o divorcio hoje. No nosso aniversário de casamento.
- Moro, me mudei a poucas semanas. - Falei sorrindo fraco.
- Isso explica muito. - Falou pensativo.
- Hum?
- Eu estava de férias por isso não te vi antes. Saio daqui a trinta minutos, caso você queira beber alguma coisa.
- Eu... - Imagens de Minho vinham a minha mente a cada segundo.
- Tudo bem, não precisa aceitar se não estiver confortável com isso. Eu entendo, faz muito tempo. - Falou sorrindo.
- Eu adoraria. - Era só uma bebida afinal.
- Eric! - Ouvi o chamarem.
- Preciso voltar, te encontro no saguão. - Disse retornando ao trabalho.
- Ótimo, estarei lá.
Assim que essas palavras saíram da minha boca, pude sentir um gosto amargo. Bom, ele deve ter seguido em frente já que não se deu ao trabalho de ao menos saber se estou bem. Se Minho tivesse perguntado de mim Hayoon me diria, já que ela só deixava o namorado participar das video-chamadas por ter prometido não falar de mim para Lee e nem dele para mim.
Peguei meu celular no bolso e abri o arquivo que Yeosang me mandou, como eu tinha pedido me enviou o documento primeiro. Lee ainda não havia assinado, fiz a leitura e lá estava inclusa a venda da casa. Assinei o documento e enviei de volta.
Agora é oficial.
Eu me recusava a chorar, por mais que me doesse era isso que ele queria. Sai do elevador e fui até meu apartamento, eu estava devastado por dentro entretanto, ninguém precisava saber disso.
Tomei meu banho com calma e percebi que não havia perguntado a Eric onde iríamos. Coloquei então, uma roupa mais casual isso deveria servir e com preguiça de colocar minhas lentes, peguei o óculos de grau mesmo.
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