Fifty- Five 🧭

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Pov Minho

Evitar Han e suas mensagens estava acabando comigo, por diversas vezes eu pensei que poderia contar tudo a ele e as coisas voltariam a ficar bem mas, não quero que ele acabe enfiado dentro dessa areia movediça até o pescoço. Meu celular começou a tocar e ao olhar para o ecrã vi o nome de quem eu menos esperava. Antes mesmo que eu dissesse qualquer coisa, ela me calou.

- Não quero que diga nada, apenas ouça. Estou te esperando em minha casa, precisamos nos falar olhando nos olhos um do outro. Acho que já esta na hora de você saber antes de quebrar a promessa que fez. Esteja aqui em 10 minutos Lee. - E assim sem nem ao menos me deixar dizer algo, ela desligou.

Com um longo suspiro, coloquei o celular no bolso novamente e fui até o carro. Enquanto dirigia, pensava o que é que ela tinha a me dizer que não poderia esperar afinal. Chegando na propriedade que eu já conhecia a anos, fui até a entrada e toquei a campainha. Tentei me manter calmo mas, minhas mão começavam a ficar frias. A porta foi aberta alguns segundos depois.

-Senhor Lee, ela esta te aguardando no escritório. - Disse Lee Hi, a quem eu conhecia a tempos também.

- Obrigado Lee Hi. - Disse fazendo uma reverência e entrando, eu sabia exatamente onde ficava o escritório por isso não esperei que me acompanhasse.

A porta estava um pouco aberta entretanto, bati da mesma forma.

- Entre. - Foi a única palavra que ela me disse.

- Olá senhora Han, queria me ver. Aqui estou eu. - Falei aguardando que se virasse para mim.

Em suas mão havia uma caixa, a qual deixou sobre a mesa e depois se acomodou na cadeira de escritório indicando que eu fizesse o mesmo.

- Deve imaginar o porque o chamei aqui. Porém, quero que escute antes de dizer qualquer coisa e se não mudar de ideia não irei interferir. - Falou olhando em meus olhos.

Senti uma sensação estranha depois de ouvir essas palavras e resolvi culpar meu nervosismo por isso. Fiz um leve aceno de cabeça pois, não conseguia dizer nada naquele momento.

- Se lembra de eu ter ficado surpresa no dia em que fui buscar você e Jisung no aeroporto?

Eu me lembrava como se fosse ontem.

Tínhamos acabado de chegar de Seattle, Han havia insistido que eu deveria conhecer sua mãe. Ele nunca falava sobre o pai, a única coisa que eu sabia era que o mesmo havia falecido a três anos. Eu nunca o pressionaria para falar sobre isso pois, sabia que quando ele estivesse pronto falaria sobre o assunto. As vezes ele tinha algumas crises de ansiedade, outras vezes eram crises de pânico e eu sempre estive ao lado dele para que pudéssemos passar por isso juntos, mesmo tendo descoberto isso quando ele teve a primeira crise na faculdade. depois de uma briga com um veterano da mesma turma que eu.

Quando chegamos no aeroporto e caminhamos até a senhora Han, ela estava com um suporte segurando três Ices Americanos para nós. De repente assim que chegamos mais perto e ela colocou os olhos em mim todo o café caiu no chão e ela ficou petrificada no lugar, Han não percebeu pois, ela rapidamente se recompôs se desculpando. 

- Lembro. - Me limitei a dizer.

- Sei que percebeu e preferiu não dizer nada. Agradeço por isso. - Ela abriu a caixa a minha frente. - Essas são as cartas que troquei com meu marido durante todo o tempo que ele passou servindo ao nosso país.

O quê?! Não isso era loucura.

- Com todo respeito senhora Han, o que isso tem haver comigo? - Falei engolindo em seco.

- Han não fala sobre o pai pois, era muito apegado a ele e não entendia o porque do pai nunca poder visitá-lo quando o mandamos estudar em Seattle. O nome do meu marido era Han Jihoon, escondemos do nosso filho por muito tempo qual era a real profissão do pai para que ele não se ferisse, por isso também o mandamos estudar longe. Ele só descobriu tudo no dia em que Jihoon partiu, Jisung estava passando férias aqui e foi ele quem atendeu a porta para os oficiais.

- Não, você não pode estar falando de quem eu acho que esta. - Falei sentindo aquela antiga dor me invadir aos poucos.

- Olhe por si mesmo. 

Ela me entregou a caixa aberta

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Ela me entregou a caixa aberta. Dentro dela haviam várias cartas e fotos de Han Jihoon, meu comandante. Peguei a carta que estava embaixo das fotos e quando a puxei para fora, uma foto caiu no chão. Ao pegar a mesma do chão e virar para mim, quase derrubei a caixa toda. Era nossa última foto, onde ambos estávamos sorrindo, despreocupados dois dias antes do ataque a nossa base. 

No verso da foto os dizeres "Tenente Lee Minho, um irmão de farda e segundo filho de coração e alma". Todo muro que construí através dos anos para que não sentisse mais essa dor que me dilacerava, ruiu no momento em que acabei de ler. Minhas mãos tremiam e o soluço de sofrimento que soltei arrebentaram as comportas que lutei tanto para não abrir. Abaixei a cabeça e chorei como uma criança, por vários minutos sem que a mãe de Han dissesse nada. Um choro guardado desde o dia em que o perdi para sempre.

- Pode imaginar o quão surpresa eu fiquei quando te vi naquele dia? O quanto doeu não poder dizer nada, para ter certeza que não estivesse com Han por causa de Jihoon? - Disse ela agora aos prantos. - O meu único filho nem ao menos visita o túmulo do pai depois de tê-lo enterrado. Pode imaginar o tamanho da dor Minho? Quero que leia a última carta enviada por ele, não ouvirá mais nenhuma palavra vinda de mim depois disso.

Ela saiu da sala, fechando a porta para que eu finalmente vivesse o luto que tanto me neguei.


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