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Pov Han
Depois de passar o dia atendendo e brincando com as crianças na ong Little Stars, chegou a hora que antes me alegrava e hoje me deprimia, era hora de voltar para o apartamento escuro, frio e vazio onde eu morava agora. Não tinha coragem de ir na academia pois, sabia que Eric estaria lá. Decidi então que trocaria de roupa e iria correr pela cidade, precisava aliviar minha ansiedade de alguma forma para que não precisasse recorrer aos remédios.
A grande questão era, eu precisava de meu óculos de volta. Não aguentaria ficar com as lentes por muito mais tempo, sempre que anoitecia eu colocava os óculos para poder ficar mais a vontade.
- Ok, vou na academia pedir para Eric levar minhas coisas em meu apartamento as 19:00. Assim posso correr por algumas horas. - Falei sozinho.
Peguei meu carro e dirigi até uma confeitaria que eu amava, lá tinha o melhor cheesecake da cidade. Se eu ia correr por horas, iria pelo menos me presentear com um belo e enorme pedaço de cheesecake.
Aproveitei o tempo para passar no mercado e comprar alguns mantimentos, minha geladeira estava quase vazia. Como estava fazendo academia, comprava bastante frutas e legumes para poder ter uma dieta balanceada. Eu sabia a maior parte das dietas de cor, Minho sempre as seguia para manter a forma e eu acabei por decorá-las. De alguma coisa serviu afinal, consegui fazer bom uso dessas memórias já que as outras eu me recusava a pensar.
Chegando no saguão, cumprimentei o recepcionista Jeon e pedi que ficasse com minhas compras para que desse um recado na academia do prédio.
Encontrei Eric no meio da multidão de pessoas, caminhei até la e ele me olhou de forma estranha.
- Vai treinar de terno? Não é muito recomendável. - Falou sorrindo.
- Não. - Dei uma risada baixa sem graça. - Tive um imprevisto e não vou poder ficar hoje. Na verdade queria te pedir para levar meu óculos e o blazer que esqueci no seu apartamento para mim por favor, no apartamento 325. Agora se for te atrapalhar pode deixar com o senhor Jeon na recepção.
- Levo até o apartamento, pode deixar. - Disse piscando para mim, fazendo com que várias alunas me olhassem com inveja.
- Às 19:00. - Falei um pouco alto apenas para irritá-las ainda mais, vacas.
- Combinado. - Respondeu indo até um dos alunos para tirar dúvidas.
Retornei até o saguão e retirei minhas coisas, peguei o elevador e apertei o número do meu andar. Desci procurando pelas chaves, estava dentro da minha pasta em algum lugar eu tinha certeza. Esbarrei em alguém no caminho e me desculpei sem elevar o olhar.
- Eu é quem deveria me desculpar Hannie. - Congelei no lugar assim que ouvi a voz da pessoa.
Será que além de tudo estou delirando?
Minhas mãos começaram a tremer tanto que deixei a chave cair no chão. Quando agachei para pegá-las, uma mão que eu conhecia muito bem a pegou e me entregou. Comecei a sentir falta de ar, eu já sabia o que viria a seguir. Porcaria de crise de ansiedade!
- Ei, olhe para mim. Aqui Hannie, olhe em meus olhos. - Disse Minho erguendo meu queixo para que eu pudesse olhá-lo.
Ao sentir seu toque, era como se meu corpo ganhasse vida novamente. A tensão sexual entre nós era quase tangível porém, com a mesma rapidez que ela veio ela se foi.
- Não toque em mim. Eu não o conheço. - Disse me afastando.
- Você pode ao menos me ouvir? - Senti a tristeza em sua voz e quase cedi.
- Não temos mais nada para conversar, você me disse tudo assim que resolveu ir embora e me deixar uma carta Lee. - Destranquei a porta e entrei, quando ia fechá-la ele colocou o pé. - Pode retirar o pé por favor. - Pedi cansado.
- Eu juro que vou te dizer tudo que quiser saber, por favor me deixe entrar.
Quando olhei para ele, pude ver que tinha perdido um pouco de peso pelo rosto mais fino e que haviam olheiras profundas embaixo de seus olhos. Ele também estava mais pálido e havia um gesso em seu braço.
- O que foi que... - Limpei a garganta e continuei. - Entre, você tem cinco minutos.
Abri a porta para que ele pudesse entrar e então a tranquei.
- Pode falar. - Pedi.
Ele observava cada pedaço do apartamento, parecia querer registrar tudo de canto a canto.
- Bom. - Respirou fundo e começou. - Como eu te disse alguns dias atrás, sou ex tenente do exército, servi durante seis anos com o sargento Seo Changbin, o cabo Kim Seungmin e o comandante Han Jihoon. Nós éramos das forças especiais, completamos muitas missões de completo sigilo... Depois do ataque na base, como não sabíamos se a explosão tinha sido totalmente eficaz nossos nomes e até codinomes foram retirados dos relatórios para que não fossem atrás de nossas famílias.
Ele acabou de dizer o nome do meu pai?!
- Espera, você acabou de dizer o nome do meu pai? Você o conhecia? Sabia que eu era filho dele? Foi por isso que se matriculou na mesma faculdade que eu? - O bombardeei de perguntas.
- Pode não acreditar em mim mas, fiquei tão surpreso quanto você. Eu não sabia Hannie, eu juro que não sabia. Sua mãe me contou a poucos dias e eu simplesmente não soube o que fazer. - Conseguia ouvir a urgência em sua voz.
Ele abriu a mochila que só percebi estar carregando naquele momento e retirou uma caixa, ela parecia ter bastante tempo de uso. A estendeu para que eu pegasse, quando fui pegá-la acabei encostando minha mão na dele e pensei no quanto sentia falta do seu toque.
Soltei um suspiro e me afastei. Abri a caixa e olhei dentro dela, tinhas várias fotos do meu pai. Em todas elas ele estava fardado, algo que eu jamais tinha visto. Senti um nó se formar em minha garganta, peguei a primeira carta e precisei me sentar. Eram cartas e mais cartas de amor para mamãe, em sua maioria ele perguntava sobre mim já que eu não o respondia com frequência e a última... Essa me tirou o chão completamente. Solucei pelo choro, a dor da perda de meu pai se fez presente novamente e saber que ele queria que eu conhecesse Minho foi demais para mim. Abracei meus joelhos, apoiei minha cabeça e chorei. Chorei por meu pai, por mim, pelo meu casamento, por todo esse tempo longe de Minho.
Não aguentando mais ficar longe de mim ele finalmente me envolveu em seus braços, choramos juntos sem dizer uma palavra. Sentimos o luto da perda de meu pai ali, eu e Minho. Naquele momento eu senti que poderíamos superar tudo juntos, eu só precisava que ele estivesse disposto.
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SCARS (FELIX)
FanfictionMin Hayoon, esse é o nome que me deram onde cresci. Sou uma detetive policial de 26 anos viciada em trabalho, não sou muito fã de conversas banais e perca de tempo mas, as vezes a vida resolve nos pregar peças e mostrar que algumas coisas não precis...
