Twenty-Two 🧭

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Tomei um banho e coloquei uma roupa confortável, abri uma das garrafas de vinho e peguei meu notebook. Por diversas vezes tentei me concentrar sem êxito, tudo que eu conseguia fazer era lembrar da noite que passei com Félix e por fim me permiti relembrar de quando Hongjoong me deixou para ir estudar no exterior.

O que pesou para mim não foi ele ter partido e sim ter ido sem nem me dizer que iria ou que ficaria até hoje. Hongjoong nunca se despediu ou terminou comigo, pensei que não suportaria quando Mingi me contou que o mesmo estava se relacionando com outra pessoa, era como se tivessem arrancado meu coração com as próprias mãos.

Depois que ele partiu eu passei dias esperando ao menos uma ligação, uma explicação, qualquer coisa...isso nunca aconteceu. Por mais que eu soubesse que Kim não voltaria, eu preferia viver em uma ilusão onde ele se arrependia e voltava. Ilusão que foi despedaçada com a notícia de que estava se relacionando com outra garota que estudava na mesma universidade que ele, ironicamente ela também estudava investigação forense e perícia criminal assim como eu, já ele fazia o curso de produção fonográfica – produção musical.

Quando a ilusão finalmente chegou ao fim, me fechei para muitas coisas e uma delas com certeza foi o amor. Eu não acreditava nessa palavra por muitas razões, cresci em um orfanato onde fui deixada por minha mãe aos 6 meses, no tempo em que morei no orfanato conheci Mingi que assim como eu foi deixado aos cuidados da senhora Park com poucos meses. Han é filho de um dos maiores doadores do Sun Light, aos 4 anos já acompanhava os pais nas visitas e foi assim que o conheci mas, como nunca soube o que era amar não considerava minha proximidade com ele e Mingi como amor, amor de amigos ou família como somos hoje. Passei por vários psicólogos durante meu crescimento, até que Mingi foi adotado pela família Kim e foi nesse dia que conheci Kim Hongjoong.

As vezes me arrependia de tê-lo conhecido, quando paro para pensar nisso, percebo que se não tivesse acontecido tudo isso não seria a pessoa que sou hoje. Assim que me afastei das pessoas, várias delas "amigas do casal" conheci Hwang Hyunjin. Eu gostava de me sentar sozinha com meus fones na última mesa da sala de aula, ele se aproximou aos poucos e nunca levou em consideração quando o mandava embora. Sempre soube que ele namorava mas, nunca perguntei com quem ou por quanto tempo, minha bolha era tudo que me importava e mesmo sabendo disso Hyun continuava comigo.

Fui servir outra taça de vinho e só nesse momento vi que a garrafa já tinha terminado, deixei o notebook de lado e fui buscar a outra. Félix não ligou e nem mandou mensagem, eu esperava muito que ele estivesse bem.

Pov Félix

Tinha vidro espalhado por toda parte, não sou uma pessoa que tem problema em controlar a raiva mas, Doyun conseguia extrair o pior de mim. Flashes do que aconteceu a menos de uma hora voltavam a minha mente.

- Vai me dizer que não sabe porque ela aguentou isso por tanto tempo querido filho. Eu tirei vocês da pobreza, levei para a Austrália e paguei por seus estudos. Você deve tudo a mim, então trate de fechar essa parceria com Kwon Jiyong. A não ser que queira que sua mãe pague por isso também, sabe que se eu der a ordem você não vai conseguir visitá-la naquela clínica, então acho melhor não me testar.

- Seu filho da puta! Cretino! Você tem tesão em fazer isso não é?! - Gritei pegando o mesmo pelo colarinho e o levantando de uma só vez.

- Se vai me bater faça isso de uma vez. Vai ser mais uma prova de que não está apto a cuidar de sua mãe, assim como provei a anos atrás enquanto quase se matava de tanto beber por aquele garoto patético... Como era mesmo o nome dele? Claro, Hwang Hyunjin não é?

- Saia da minha casa agora. - Fui até a porta abrindo a mesma.

- Tudo bem, você tem 24 horas para me dar uma resposta. Está avisado.

Assim que ele cruzou a porta, bati a mesma. Peguei o copo de whishy pela metade que aquele imbecil deixou na mesa de centro e o arremessei na parede, os cacos voaram para todos os lados tamanha força usada por mim, em seguida foi o meu próprio copo e a garrafa de The Macallan 18 anos.

Agora aqui estava eu, sentado no chão bebendo minha garrafa de Archie Rose Malte diretamente do gargalo. Eu me odiava por deixar que minha mãe passasse por tudo isso, jamais imaginaria que esse crápula fosse interditá-la e internar em uma clínica psiquiátrica.

Ouvi alguém bater na porta, não tinha a menor vontade de me levantar então simplesmente fingi não ouvir.

- Se você não abrir essa porta logo vou arrombá-la. - Minho disse do outro lado.

Ele estava falando sério e eu sabia disso, descobri da pior forma. Me levantei quase caindo e abri a mesma, ele me olhou de cima abaixo e arrancou a garrafa da minha mão, quando olhou em volta já poderia imaginar o que aconteceu.

- Então foi por isso que o imbecil me ligou. - Minho fechou o punho sentindo o ódio aumentar. - Ao menos para isso ele serviu. Vamos, vá tomar um banho.

- Não enche Lee. - Falei me jogando no sofá.

- Não me diz que não avisei antes.

Ele me pegou igual a um saco de batatas me colocando no ombro e só me soltou dentro do box, ligando a água gelada em seguida.

- Porra! Me larga Minho. - Ele estava com a mão espalmada em meu peito me mantendo no lugar.

- Quando você resolver ficar sóbrio conversamos.

- Por que não vai cuidar do seu marido porra. Me deixa em paz.

- Bem que eu queria mesmo estar transando com ele nesse exato momento mas, tem um babaca me dando trabalho. Agora cale a boca e fique sóbrio logo.

Minho consegue me lembrar todos os dias do porque é meu melhor amigo.

SCARS (FELIX)Onde histórias criam vida. Descubra agora