Twenty-Eight 🧭

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Pov Félix

Hoje não acordei muito bem, a todo momento sentia uma sensação estranha no peito. Porém, eu não poderia simplesmente desmarcar com Jiyong então, levantei e fui tomar uma ducha. Não tomei café pois nada descia, eu tentava esquecer esse incômodo mais ele continuava, imaginei que fosse por estar ansioso para que tudo isso acabasse logo. Como eu estava enganado.

Minho já estava ciente da minha ausência no restaurante por um tempo, pedi que contratasse um novo chefe de cozinha para ajudá-lo com a demanda. Para os funcionários foi dito apenas que eu estava afastado por conta de problemas familiares, o que não era exatamente uma mentira.

Peguei o carro e dirigi até a Infinity Destilling Co. era lá que eu pegaria o senhor Kwon e o levaria para nossa maior produtora de destilados. Ao chegar lá, fui informado que ele e Doyun me aguardavam para uma reunião antes de nos deslocarmos para nosso destino final.

- Com licença senhores, o senhor Lee Félix acabou de chegar.

- Peça para que ele entre por favor, Hyuna.

- Claro senhor Lee.

Entrei na sala me curvando em sinal de respeito e me sentei, não sabia qual era objetivo da reunião já que eu tinha acertado todos os pontos do contrato com Kwon, a visita a sede seria apenas para selar o mesmo.

- Bom, agora que estamos todos aqui podemos começar.

- Começar? Tenho certeza que falamos a respeito de todos os pontos na reunião passada. - Falei observando ambos.

- Claro senhor Lee, apenas gostaria que acompanhasse todos os trâmites dessa transação comigo no lugar de Doyun.

- Não vejo problemas nisso, não é Félix? - Doyun me olhava de forma fria.

- Não foi esse o acordo que fizemos, não é pai? - Eu estava irritado e não era pouco. - Tenho uma rede de restaurantes para administrar, infelizmente terei de recusar.

- Acho que podemos ligar na clínica e dizer ao diretor Kang que você tem tido algumas recaídas. O que acha? - Ele sabia que eu não tinha escolha a não ser aceitar, esse desgraçado.

- Sabe que isso não é verdade.

- Seus vizinhos diriam o contrário, todos ouviram como acabou minha visita a sua casa afinal. - Falou passando a mão direita no queixo.

- Não precisamos chegar a esse extremo, não concorda Félix? - Perguntou Jiyong. - Eu e seu pai somos sócios a tempo suficiente para que eu possa falar a favor dele.

- Bom, então podem ir os dois para o inferno. Não farei negócio algum com você. - Já ia me levantar quando ouvi Kwon colocando o celular no viva voz.

- Daniel, como tem passado? - Perguntou sinicamente.

- Jiyong, por aqui tudo bem. Obrigada pela doação, agora podemos fazer a instalação do ar condicionado nos quartos que estavam faltando.

- Não deveria me agradecer, não tão cedo pelo menos. Como vai a senhora Lee? Tem evoluído no tratamento? - Aquele filho da puta.

- Claro, claro. Você sabe, as vezes precisamos forçá-la a tomar as medicações...

- Estou com o Doyun, me parece que o filho tem..

Encerrei a ligação na mesma hora. Esses desgraçados estavam obrigando minha mãe a se medicar, preciso agir o quanto antes. Então resolvi mudar a tática.

- Tudo bem, farei o que pediram. Mas assim que acabar a visita quero acesso livre a clínica. Sem visitas controladas, vou poder vê-la sempre que eu quiser.

- Feito. - Kwon estendeu a mão para que eu a apertasse, comecei a ter impressão de que Doyun apenas seguia suas ordens, estranho.

- Vamos antes que fique tarde para a visita, o processo lá é muito corrido. - Falei saindo da sala.

Eles estavam tramando algo, só não imaginavam que eu não era tão ingênuo assim...

- Doyun vai conosco não é? - Perguntei, sabia que ele não queria ir mas, eu daria um jeito para que fosse.

- Não, tenho outros assuntos para resolver.

- Eu também tinha e aqui estou eu não é. O que foi, não quer ver como vou me sair papai? - Falei colocando as mãos nos bolsos, era uma mania que eu tinha adquirido de Minho para quando quisesse bater em alguém.

- Se é isso que quer, vamos Doyun. - Falou Kwon por ele novamente, ali tive a resposta que precisava.

Lee Doyun era apenas a marionete.

Dirigi até a maior produtora de destilados que tínhamos, eu sabia que o interesse de Jiyong não era esse já que eles eram sócios a muito tempo. Não faria sentido algum.

Assim que desci do carro vários funcionários começaram a fazer fila para nos reverenciar, eu me sentia desconfortável com isso. Todos deveriam saber que são tão importantes quanto eu aqui, os únicos que não pensavam igual a mim pelo visto eram os dois sádicos que vinham atrás.

- Bom, vamos começar a tour então.

Guiei ambos pelo local mostrando cada ala, sem exceção. Se era um show que eles queriam então, era o que eu daria a eles.

Pov Hayoon

Aqui estava eu, de frente com uma fábrica que produzia todo tipo de bebida destilada. Não me era nem um pouco familiar, observei atentamente para que pudesse fazer algum sentido alguém me pedir para vir até aqui. Verifiquei todo o perímetro antes de ficar alguns minutos parada a uma boa distância, quando estava pegando a moto de Changbin novamente para ir embora eu finalmente vi.

Em primeiro momento tentei assimilar se eu estava realmente vendo Félix sair daquela fábrica com aquele cretino. Assim como Changbin havia me dito no dia anterior, eu não poderia deixar que meus sentimentos atrapalhassem meu trabalho. Peguei o celular e tirei algumas fotos de longe, eu teria que reportar isso.

O que está acontecendo? Será que esse tempo todo Félix e Minho estavam trabalhando para ele? Seria o restaurante apenas uma fachada?

Estava afastada o suficiente para que conseguisse sair sem que alguém me visse. Minhas mãos suavam dentro das luvas entregando meu nervosismo, eu queria acreditar que aquilo não era verdade mas, até que se provasse o contrário eu não poderia confiar nele. Não mais.

SCARS (FELIX)Onde histórias criam vida. Descubra agora