Thirty-Seven 🧭

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⚠️ Esse capítulo pode conter e/ou causar gatilho⚠️

Pov Minho

Sentado do lado de fora encostado na porta do que um dia foi o nosso quarto, percebi que Han havia retirado todas as nossas fotos. Quanto mais eu percebia a dimensão da dor que causei nele, maior era a vontade de protegê-lo da gangue de Jiyong. Levar um tiro por ele seria o mínimo, depois de tudo.

As horas passavam e eu podia ouvir ele chorando baixinho do lado de dentro, meu coração se dilacerava mas, eu merecia ouvir toda a mágoa que trouxe a ele. Fui até a cozinha com os sentidos em alerta o tempo todo, Han precisava se alimentar e eu faria a comida que sabia ser a favorita dele.

Assim que abri a porta da geladeira, vi que nada havia sido tocado desde a última vez em que estive aqui. Fiquei ainda mais preocupado, preparei tudo em meia hora.

- Vou deixar a comida aqui na porta, por favor se alimente. Estarei na cozinha se precisar de algo. - Disse após bater na porta.

Me sentei próximo a bancada, retirei a aliança dele e fiquei girando a mesma no balcão. Deixei meus pensamentos correndo por alguns segundos, pensando em tudo que já passamos juntos em nossos anos de casamento. Hoje eu me sentia apenas a casca do homem que já fui, coloquei a aliança dele em meu dedo novamente quando ouvi o barulho da porta se abrir.

- Quero que saiba que não o perdoei, apenas estou te dando a chance de ser sincero ao menos uma vez em toda sua vida. - Han se sentou na minha frente com a bandeja de comida.

Seus olhos estavam vermelhos e inchados, em seu rosto uma expressão determinada. Esse é meu garoto, ou era.

- O que quer saber Han? - Perguntei logo.

- Primeiro, quem é você afinal de contas? - Ele mexia a comida de um lado para o outro.

- Se eu te responder, quero que termine ao menos essa refeição. Temos um acordo?

- Ok, pode começar a falar. - Disse se encostando na cadeira.

- Bom, meu nome é Lee Minho realmente. Eu amo cozinhar, antes de te conhecer na faculdade eu era segurança particular dos Lee. Lee Doyun padrasto de Félix, me pediu que ficasse de olho nele. Estava perdido, Hyunjin tinha acabado de terminar com ele... eram festas e mais festas, até que Doyun conseguiu uma ordem de interdição para senhora Lina. Félix não pode recorrer pois, haviam provas de que ele não seria capaz de cuidar dela. - Era como se um peso enorme saísse das minhas costas.

- Antes de ser segurança dos Lee... O que você fazia? Você tem licença para porte de arma? - As mãos de Han já tremiam a essa altura.

- Não precisa ter medo de mim. Sabe que eu jamais faria algo contra você. - Falei sentindo um nó na garganta.

- Achei que sabia mas, parece que não sei de muita coisa.

- Eu era Tenente do exército, tenho licença para o porte de arma de fogo. Me deram baixa três meses antes que eu fosse contratado pelo Lee mais velho.

- Porque te deram a baixa?

- Lesão grave em uma das minhas missões, estilhaço de bomba para ser mais preciso. Meu comandante me mandou correr e para que os inimigos não conseguissem informações do nosso país ele acionou o detonador, eu não queria deixá-lo fazer isso... Fui arrastado por outros soldados, então um estilhaço quase atravessou minha barriga. Toda vez que vejo essa cicatriz, eu me lembro desse dia. Fiquei em coma por três semanas, quando acordei e me deram a notícia que eu me negava a acreditar tive algumas crises, acessos de raiva e o que mais me destrói até hoje é não poder ao menos fazer parte do funeral dele.. - Eu rodava nossas alianças em meu dedo ao falar, não conseguiria olhar para ele enquanto contava sobre isso.

- Minho eu...

Nesse momento, a janela foi quebrada. Eles vieram atrás dele.

- Para o escritório Han.

- Tudo bem.

Ele correu até o escritório, ao se virar viu que não sai do lugar.

- O que você está fazendo? Não temos tempo. - Seus olhos se encheram de lágrimas.

- Ao lado da estante de livros, a direita. Aperte o botão e entre lá, não saia.

- Não!

- Agora! - Eu nunca havia gritado com ele em toda minha vida.

Han correu e trancou a porta, permaneci sentado como se nada estivesse acontecendo. Eram dois homens, ambos armados.

- Coloque as mãos onde eu possa ver. - Disse um deles.

Sorri com essa fala, me levantei e ergui as mãos. Encarei ambos que me olhavam sem entender.

- O que está achando tão engraçado? Será que vai achar graça dos furos de bala que vou deixar em você? - O outro se aproximou mais de mim.

Dei os dois passos faltantes para que sua arma encostasse em minha cabeça.

- Talvez, pena que não vai ter tempo o suficiente.

Antes mesmo de terminar a frase eu já tinha desarmado o imbecil.

- A não ser que queira ver o cérebro do seu amigo espalhado pelo chão, abaixe a arma e chute para cá.

- Taeyang, sabe que se fizer isso G-Dragon vai atrás de nós até no inferno! - Gritou o desconhecido a minha frente.

- Eu não posso deixar que atirem em você...

- Que tal eu decidir pelos dois então.

Dei três tiros no tal Taeyang e uma coronhada no outro desconhecido. Claro que não foram tiros letais, precisaria interrogá-los.

- Tenente Lee para central, tenho um C11¹ e um D01². Preciso que enviem uma ambulância e uma viatura no meu endereço, criminosos sob custódia.

- Copiado Tenente aguarde no local, ambulância e viatura a caminho.

- Positivo.

C11¹ - Disparo de arma de fogo;

D01² - Violação de domicílio;

SCARS (FELIX)Onde histórias criam vida. Descubra agora