SCARS (FELIX)

Eight 🧭

Cheguei a conclusão de que odeio andar de táxi, alguns motoristas não entendem que simplesmente não quero conversar durante a viagem.  Quando finalmente cheguei a agência, quase chorei de alívio por descer do carro.

-Preciso da minha garota de volta logo... - Falei sozinha.

Subi até o andar da minha unidade e nem precisei perguntar se Changbin estava pois, assim que desci do elevador vi que haviam várias agentes transitando perto da academia e isso só podia significar que o chefe estava lá.

- Vamos lá meninas o show acabou, voltem ao trabalho! - Falei para que dispersassem, o corredor estava impossível de conseguir passar.

- Estávamos apenas fazendo uma pausa Hayoon, nada demais. - Respondeu Yuna.

- Se não estivessem obstruindo o caminho, eu não precisaria chamar a atenção de vocês. Sabem que isso atrapalha quem precisa passar nesse corredor com os relatórios não é Yuna? - Disse apontando os relatórios que a mesma segurava.

Yuna saiu do corredor soltando um suspiro exasperado.

- Já te disse que deveria malhar na academia do térreo. - Disse entrando na academia.

- Boa tarde agente Min, vejo que não foi nada grave mesmo como Han me disse. - Ele foi até a geladeira e pegou uma garrafa de água.

- Estou bem , apenas sem moto e percebi que odeio táxi. - Falei me sentindo derrotada.

- Sabe que pode pegar uma das minhas Hayoon, além de ser seu chefe somos praticamente família.

Eu realmente não esperava por isso, fiquei olhando para ele e pensando o quanto devo ter sorte.

- O que aconteceu para estar na academia no horário do almoço? Você só faz isso quando esta frustrado.

- Recebi um email hoje. Nossa correspondente dos E.U.A disse que Jiyong marcou uma viagem para Coreia após saber que o irmão foi detido.

- Aquele filho da puta... Sabe o que isso significa não é? - Disse passando as mãos pelo cabelo preocupada.

- Vai começar a agir. Enquanto ele estiver na Coreia não quero que fiquem sozinhos entendeu? Nem você e muito menos Wooyoung.  Solar vai estar chegando aqui na mesma data que ele.

- Esse é o trabalho de sua vida toda Changbin, finalmente vamos pegar esse desgraçado.

- O que me preocupa é, porque ele decidiu agir tão cedo? Precisamos interrogar T.O.P o quanto antes. Estou apenas aguardando a liberação do nosso superior.

- Enquanto isso, porque não almoçamos? Não posso trabalhar hoje de qualquer forma.

- Folga forçada agente Min, como esse médico conseguiu esse milagre?

- Não enche. - Falei revirando os olhos.

Descemos até o estacionamento, Changbin havia pego um capacete reserva em seu armário e me entregou. Fomos até o restaurante Soigné, era o nosso favorito e depois de uma notícia dessas só uma boa alimentação para melhorar o humor de Seo Changbin.

- Quando sua moto fica pronta? - Perguntou Changbin enquanto olhava o cardápio.

- Eu não sei, não lembrei de pedir o telefone de Félix. Estou pensando em como entrar em contato com ele.

- Qual o sobrenome dele? - Perguntou Changbin segurando o riso.

- Lee. Lee Félix. 

- Talvez o Han possa te ajudar nessa. - Foi tudo que ele me disse.

Pov Félix

Seriam pelo menos três dias até que a moto de Hayoon ficasse pronta, a única coisa que eu achava estranho era ela não ter entrado em contato para saber ainda. Era horário de almoço e eu estava na cozinha do Sunshine tentando uma receita nova, Minho tinha tirado a manhã de folga para sair com Han e depois do desgaste entre nós ontem achei que seria uma boa. Claro que não toquei no assunto com Minho e esperava que Han também não o fizesse.

Droga, não consigo me concentrar na receita.

Eu queria ligar para Han mas, com Minho junto não sei se vai ser uma boa ideia. Talvez eu deva esperar eles chegarem... como se pudessem ler meus pensamentos a porta foi aberta e ambos entraram.

- Félix, chegamos. 

- Aqui na cozinha.

- Heey, e a nova receita? Deu certo? - Perguntou Minho.

- Não consigo acertar o ponto desse molho, talvez eu precise adicionar algo. - Disse vendo ambos entrarem na cozinha.

-Félix.. - Foi tudo que Han disse colocando algumas sacolas sobre o balcão.

- Me deixe ver. - Peguei uma colher e coloquei um pouco para que Minho pudesse provar. - Um pouco de aipo talvez?

- Vamos ver se a combinação funciona.

Um complementava a receita do outro, era assim que eu e ele trabalhávamos. O celular de Han estava na bancada enquanto ele guardava algumas coisas no estoque, o mesmo começou a tocar e não dei atenção até ouvir o nome de quem era.

- Hayoon? Sim, ele esta me ajudando no trabalho. Só um minuto que vou levar o celular até ele. 

E assim Minho saiu da cozinha em direção ao estoque. Meu coração acelerou um pouco só de ouvir o nome dela, deve ser apenas a preocupação de resolver tudo isso logo ou pelo menos eu tentava me convencer disso.

Quando o Lee mais velho voltou a cozinha, terminamos o molho e provamos novamente.

- Vamos ver agora... - Coloquei a colher na boca e soltei um gemido baixo de satisfação.

- Droga Félix, eu não quero ouvir seus gemidos. - Disse o outro Lee me dando um tapa.

- Não tenho culpa se somos gênios da gastronomia. Prove e veja se estou exagerando. - O desafiei. 

Enquanto o encarava olhando sua reação, meu celular começou a tocar. Um número desconhecido aparecia na tela, pedi licença ao meu sócio e fui até o salão atender.

- Alô?

- Félix ? - Ouvi a voz da garota do outro lado da linha.

- Sim. E você seria? - Falei dando uma de desentendido.

- Hayoon, a garota da moto.

- A sim, claro. Como vai senhorita?

- Melhor, eu liguei para saber da moto. Sabe quando ela fica pronta?

- Falei com o dono da oficina hoje, ele disse que em três dias aproximadamente. - Respondi a ela e ouvi uma voz no fundo da ligação.

- E então?

- Três dias...

- Vamos até em casa e você pega uma das minhas...

Era uma voz masculina, o namorado talvez? Por algum motivo me sentia incomodado com esse pensamento.

- Bem, ok. Podemos ir mantendo contato até que eu possa retirar a moto? - Sai dos meus devaneios quando a ouvi falar.

- Claro, sem problemas. Preciso voltar ao trabalho agora, até mais senhorita. - Falei desligando em seguida.

Ótimo, agora eu estava de mal humor.